Talmidei HaMashiach – Discípulos do Messias

תלמידי המשיח

Talmidei HaMashiach

Discípulos do Messias

 

 

Todos os discípulos são servos do Messias, portanto, resgatados, comprados por bom preço. Yeshua/Jesus é nosso Senhor, ou seja, nosso dono e proprietário, pertencemos a quem nos conquistou.

Ser “Servos do Messias” é muito mais do que um título bonito, pois em última análise diz respeito a paixão – morte. Morremos para nós mesmos para vivermos para o nosso Goel/Redentor (Gl.2:20).

 

Discipulado

Discipulado é o processo de compartilhamento de tudo o que temos recebido do Messias com outros irmãos, que desejam copiosamente um estado de maturidade, de comunhão íntima com Deus e de serviço eficiente na sua comunidade; é ainda, uma caminhada de discípulos maduros junto aos discípulos neófitos, com o sublime propósitos de levá-los ao crescimento do conhecimento e da prática da fé (Cl.1:28-29).

David Stern coloca nos seguintes termos a relação do discípulo e de seu mestre: “o relacionamento entre o talmid (discípulo, aluno) e o rabino (discipulador, mestre) era muito próximo; o talmid não aprendia com o rabino apenas fatos, processos de raciocínio e como realizar práticas religiosas; deveria considerá-lo exemplo a ser imitado na conduta e no caráter (v. Mt.10:14,15; Lc.6:40; Jo.13:13-15; 1Co.11:1). O rabino, por sua vez, era considerado responsável pelos talmidim-discípulos (Mt.12:2; Lc.19:39; Jo.17:12; Mt.5) (STERN, 2010, p.1588).

 

Contexto Bíblico Judaico do Discípulo

O apóstolo João estava inserido em um contexto bíblico judaico do discipulado. Para tanto, faz-se necessário compreendermos os dois vocábulos hebraicos para o termo “discípulo” usado no Tanakh (AT):

 

  1. Limud (aquele que é ensinado) derivado do verbo Lamad – aprender; ensinar. Esse vocábulo traz a ideia de treinar, bem como de educar. Isaías usou o termo “discípulos” para se referir àqueles que eram ensinados ou instruídos. Isaías 8:16 “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”.

 

  1. Talmid (estudante, discípulo). Só uma passagem do AT emprega esta palavra. 1 Crônicas 25:8 “E deitaram sortes acerca da guarda igualmente, assim o pequeno como o grande, o mestre juntamente com o discípulo”. Na época do apóstolo João, o mestre da Lei era chamado rabino talmid, e seus alunos eram conhecidos como talmidim, isto é, aprendizes. Entretanto, num outro sentido, todo o Israel era constituído de talmidim, aprendizes da Torá (lei, instrução) de Deus. O nome do Talmud Judaico provém desta raiz (HARRIS, ARCHER, WALTKE, 1998, p.790-791). Encontramos assim o contexto de discipulado de João, o apóstolo do Messias.

 

Rabbi e Talmid

 

Rabbi, em hebraico significa literalmente “meu grande”, comumente traduzido por meu mestre, ou simplesmente mestre. Do grego ‘epistatês “supervisor, superintendente, inspetor, líder, chefe”, ou como em Lucas 5:5 “Mestre”; didaskalos, “professor”. O Rabbi é um mestre dos valores e costumes dos judeus; e como tal, tinha autoridade para julgar ou arbitrar e decidir pontos da lei e ética na vida das pessoas (Lucas 12:13-14; Êxodo 2:14). A essência do relacionamento (discipulador-discípulo) era a confiança em cada área da vida, e seu objetivo era fazer o talmid como seu mestre em conhecimento, sabedoria e comportamento ético (STERN, 2008, p.48). O resultado era  uma relação pessoal e íntima entre mestre e discípulo para uma sólida e profunda transmissão do conhecimento, de forma teórica e prática. O rabbi deveria ter a disciplina do professor, o amor do pai e o exemplo do mestre. Enquanto do talmid era esperado dedicação total ao aprendizado,  além é claro de seguir o seu mestre.

 

A Escolha do Discípulo

Na época do Senhor Jesus e seus apóstolos havia várias escolas rabínicas de formação de discípulos, como temos vários seminários teológicos hoje e as Yeshivot (“Seminários Judaicos” de estudos da Torá e do Talmud), porém duas se destacavam entre todas, as escolas dos Rabinos Hillel e Shammai.

A escola do Rabino Hillel se destacava por sua interpretação mais dinâmica e contextualizada da Torá. Uma linha mais popular e liberal de interpretação da Lei. Já a escola do Rabino Shammai era mais rigorosa na observância da Lei de Deus para Israel, mais literalista por assim dizer.

 

A Escola de Yeshua/Jesus

Geralmente há nos meios acadêmicos judaicos messiânicos e cristãos gentios uma discussão sobre qual escola o Senhor Yeshua/Jesus teria frequentado, a de Hillel, como Paulo o apóstolo (segundo alguns), ou a de Shammai.

Acredito que o Senhor Yeshua/Jesus não frequentou nem uma nem outra, embora haja algumas similaridades de seu ensino em algum aspecto com ambas as escolas existentes.

Jesus não frequentou a escola de Hillel ou a de Shammai pelo forte argumento de que ele seguiu a linha, ou “escola” dos profetas de Israel, tendo assim, total isenção da especulação humana agindo diretamente na revelação divina, como era o caso dos profetas do Senhor.

Nisto se dá a diferença da escolha dos discípulos. Na época do Senhor Yeshua/Jesus os discípulos é quem escolhiam seus mestres e suas escolas rabínicas.  No caso dos discípulos de Yeshua/Jesus, eles foram escolhidos um a um pelo próprio Mestre, após uma vigília de oração, provavelmente para esse fim (Mateus 4).

Como exemplo disso no Tanakh (AT) vemos o caso do profeta Elias com Eliseu (1 Reis 19:16,19-21).

 

Ser Discípulo

Discípulo era a palavra favorita do Messias para àqueles cuja vida estava intimamente ligada à dele. É encontrada 261 vezes nos Evangelhos e em Atos, e significa: pessoa “ensinada” ou “treinada”. O discípulo é: “um aluno, aprendiz ou seguidor”.

 

            Há uma definição para discípulo do Messias baseada no evangelho de João:

 

  1. Discípulo é alguém que está envolvido com a palavra de Deus de maneira contínua, João 8:31 “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos”.

 

 

  1. Discípulo é o que ama os outros, João 13:34-35 “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. (13:35) Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

 

  1. Discípulo é alguém que permanece diariamente em união frutífera com seu Mestre, João 15:5-8 “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”.

 

À semelhança de um recém-nascido, o novo discípulo é chamado por João de “filhinhos” com suas necessidades básicas (1Jo.2:1,12,18,28; 3:7,18; 4:4; 5:21). Vejamos quatro delas: amor, alimentação, proteção e ensino.

O apóstolo João exemplificou essas necessidades em sua vida e seus escritos dirigidos pelo Espírito Santo aos seus filhinhos na fé.

Ser discípulo do Messias implica em:

 

Amar

Há na primeira epístola de João três porções sobre o amor:

  1. a) amor versus ódio (1Jo.2:7-11);
  2. b) amor fraternal (1Jo.3:10-18) e,
  3. c) amor divino (1Jo.4:7-21).

 

Cabe destacar o imperativo de mutualidade sobre amar em 1 João:

  1. 1 João 3:11 -) “que nos amemos uns aos outros”.
  2. 1 João 4:7 -) “amemo-nos uns aos outros”.
  3. 1 João 4:11 -) “devemos amar uns aos outros”.

 

Alimentar

Alimentar através da Palavra de Deus (1 João 2:3-7) e o guardar seus mandamentos (v.5). O contato diário com a Palavra de Deus vai levar o discípulo do Messias a andar em seus passos (v.6). Por isso, o abecedário do discípulo começa com “o-be-de-cer”.

 

Proteger

  1. Proteção contra os apóstatas (1 João 2:18-19).
  2. Proteção contra os falsos profetas (1 João 4:1-6).

 

Pregar e EnsinarKerigma e Didakê

Pode-se dizer que no tempo dos apóstolos, havia duas formas de proclamação do Evangelho conhecidos pelos seguintes vocábulos gregos: kerigma e didakê. O kerigma era a pregação evangelística da mensagem de salvação, visando os de fora da comunidade do Messias (Mc.12:41; 1Co.2:4;15:14). O didakê era o ensino e a instrução para os neófitos (Mc.4:2; 12:38; Jo.7:16-17), visando a maturidade doutrinária dos discípulos.

A pregação e o discipulado além de estar unicamente baseada nas Sagradas Escrituras, devem andar de mãos dadas para que sejamos verdadeiros discípulos do Messias.

Segue de forma prática o propósito do discípulo do Messias, por meio da fala do pastor John MacArthur Jr. em seu livro: Nossa Suficiência em Cristo (Cap.7 Hedonismo Religioso), sobre o testemunho de um judeu que ouviu a pregação da Palavra de Deus em uma igreja evangélica. O qual relato aqui, com minhas palavras: “o pastor conta que um homem o procurou em seu escritório dizendo que precisava de ajuda. Havia frequentado um culto em que o pastor MacArthur pregou sobre ser “Entregue a Satanás” e que se existia alguém entregue a Satanás esse alguém era ele. Compartilhou com o pastor que tinha abandonado a esposa e que estava com uma amante, mas que não gostava dela e sim da sua esposa, que era médico e que em sua clínica praticava abortos, que se sentia culpado e precisava de ajuda, mas, para piorar ele era judeu, e portanto, não acreditava em Jesus. O pastor John MacArthur pegou a Bíblia Sagrada e deu ao médico judeu e disse que ali havia um livro chamado evangelho de João e que depois que ele lesse e descobrisse quem era Jesus era para ele voltar. O médico saiu com a Bíblia e uma semana depois voltou a se encontrar com o pastor e disse que havia descoberto quem era Jesus – o Filho de Deus. Como ele havia descoberto isso, perguntou o pastor. O médico respondeu que ninguém pode falar ou fazer o que ele fez se não for Deus (essa é a conclusão do livro de João 20:30-31), e falou ainda que  continuou lendo, e que descobriu que era um pecador através do livro de Romanos. O homem reconheceu Yeshua/Jesus como o Messias prometido a Israel e seu Goel/Redentor pessoal, fechou a clínica de aborto, deixou a amante e voltou para sua esposa.

Que sejamos discípulos do Messias Yeshua/Jesus!


Por Alexandre B. Dutra
Pastor, Bacharel em Teologia, Mestre em Letras - Estudos Judaicos (USP),
Diretor dos Amigos de Sião e Professor [convidado] do Instituto Tsadik BaEmunah
03/03/2021

 

Quem é Jesus? Conheça o judeu mais famoso que já viveu.

Quem é Jesus? Conheça o judeu mais famoso que já viveu.

 

 

by Susan Perlman | 6 de abril de 2018.

 

Jesus era judeu?

 

Você ficaria surpreso em ouvir que um importante líder judeu fez a seguinte declaração?

“A maioria dos retratadores da vida de Jesus negligenciam apontar que Jesus é em todas as características um personagem genuinamente judeu, que um homem como ele só poderia ter crescido no solo do judaísmo, apenas ali e em nenhum outro lugar. Jesus é uma personalidade judaica genuína, todas as suas lutas e obras, suas posturas e sentimentos, sua falas e silêncio, trazem a marca de um estilo judaico, a marca do idealismo judaico, do melhor que foi e está no judaísmo, mas que então existia apenas no judaísmo. Ele era um judeu entre os judeus; de nenhum outro povo poderia um homem como ele surgir, e em nenhum outro povo poderia um homem como ele trabalhar; em nenhum outro povo ele poderia ter encontrado os apóstolos que acreditavam nele.”¹

O Rabino Leo Böck, o principal filósofo-teólogo e historiador da religião, embora rejeitasse fortemente o cristianismo, viu a necessidade de declarar o Judaísmo de Jesus na passagem acima. Ele enfatizou que Jesus (Yeshua) era um judeu, nascido entre o povo judeu e reconhecido por outros judeus de sua época.

 

Nasceu em Belém da Judéia

 

Não é preciso ser teólogo, entretanto, para ver o caráter judaico de Jesus. Isso é evidente no relato de seu nascimento em Belém da Judéia. A narrativa (conforme registrada no Novo Testamento) fala de sábios que vieram de longe a Jerusalém, perguntando ao rei Herodes: “Onde está aquele que nasceu rei dos judeus? Vimos sua estrela no leste e viemos para adorá-lo. “²

Herodes era, ao que tudo indicava, menos do que justo. Além disso, ele não era o legítimo rei da Judéia. Portanto, não é surpresa que ele tenha ficado perturbado com a notícia dos sábios. Herodes perguntou aos líderes religiosos que tinham mais conhecimento onde o messias deveria nascer e soube que o lugar havia sido predito pelo profeta Miquéias, centenas de anos antes:

“E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel.”³

Herodes não ficou nada satisfeito com essa informação. Ele, em uma conspiração diabólica muito parecida com a de Faraó, massacrou bebês judeus na tentativa de manter sua própria realeza. Ele queria pôr fim à vida daquele que se tornaria o governante de Israel.

No entanto, ele não foi capaz de extinguir aquele bebê que nasceu em Belém de uma jovem judia chamada Miriam (Maria). E desde o momento de seu nascimento, à circuncisão, à cerimônia de Pidyon Haben, ao Bar Mitzvah, aos d’Roshes nas sinagogas e até mesmo ao epitáfio final, um sinal sobre sua cabeça no instrumento de sua execução, “Jesus De Nazaré, o Rei dos Judeus “, este chamado Yeshua foi identificado com o povo judeu.

 

Jesus afirmou ser o messias judeu?

 

Alguns disseram que Jesus era de fato um bom judeu, um judeu praticante, talvez até um profeta de nosso povo, mas ele nunca afirmou ser o Messias. Alguns dizem que a noção de que ele era um salvador, um mediador entre o povo e Deus, foi apresentada por seus seguidores.

No entanto, o que Jesus disse sobre si mesmo?

Uma vez, quando ele estava viajando com seus discípulos, ele perguntou-lhes:

“Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”

E eles responderam “Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros,        Jeremias ou algum dos profetas.”

“Mas vós”, continuou ele, “quem dizeis que eu sou?”

Respondendo Simão Pedro, disse “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Então, Jesus lhe afirmou “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.”4

 

A verdadeira identidade de Jesus

        

Jesus não apenas aceitou o título de “Messias, o Filho do Deus vivo”, mas declarou a Simão Pedro que o próprio Deus havia revelado que essa era sua verdadeira identidade.

Uma vez, quando ele estava viajando sozinho, ele encontrou uma mulher samaritana em Sichar. Nesse encontro com Jesus, ela disse-lhe:

“Eu sei”, respondeu a mulher, “que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas.” Disse-lhe Jesus: “Eu o sou, eu que falo contigo.”5

A mulher saiu correndo para contar aos homens da vila sobre seu encontro com Jesus. Depois de uma longa conversa com ele, eles declararam sua própria crença em seu messiado.

Um comentarista, John Stott, disse: “a característica mais notável do ensino de Jesus é que ele falava com frequência de si mesmo.”6

 

Jesus comparado a outros líderes religiosos

 

Ele explicou ainda que isso diferenciava Jesus de outras grandes figuras religiosas que eram modestos enquanto Yeshua avançava por conta própria. Outros direcionariam as pessoas para longe de si mesmas e para “a verdade”. Eles expressaram seus ensinamentos em frases como: “Pelo que entendi, essa é a coisa certa a fazer”. Em contraste, Jesus disse: “Eu sou a verdade, siga-me.”

Se Jesus (Yeshua) não era o messias como afirmava, ele certamente era o rabino mais arrogante e blasfemo de toda a história. Se ele não era “o Messias, o Filho do Deus vivo”, como afirmava ser, ele merecia coisa pior do que a crucificação. Então, como é que tantas pessoas acreditaram em suas afirmações e o seguiram? O que impressionou os ouvintes de Jesus?

 

Jesus falava com autoridade!

 

Sábios judeus ensinavam citando opiniões de outros rabinos. Um poderia dizer: “Rabino Shammai diz isso e aquilo, mas Rabino Hillel disse o contrário.” Então o rabino, que estaria postulando, indicaria qual autoridade, em sua opinião, deveria receber mais peso.

Yeshua não apresentou os “muitos lados diferentes” da questão. Ele falou sobre cada questão diretamente e com autoridade. Ele não precisava apresentar muitas opiniões para serem pesadas e consideradas. Ele delineou o que era verdade em declarações simples e diretas.

Em um ensino específico, comumente chamado de “o sermão da montanha”, Jesus reiterou vários pontos da lei e deu seu próprio ensino como resposta de autoridade. Por exemplo, ele disse:

“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra”7

O ditado “olho por olho” fazia parte da Torá dada por Moisés. Jesus ensinou algo que o substituiu, reivindicando assim uma autoridade além de Moisés. Considerando que Deus deu a lei a Moisés, como Jesus poderia ousar afirmar uma opinião que ia além do ensino de Moisés? Isso não era apenas arrogante, era herético – se ele não tivesse autoridade de Deus para apoiá-lo. No entanto, em seu ensino, Yeshua não mostrou hesitação, nenhum “talvez” ou “pode ser que” ou “parece-me”. Ele falou sobre o passado antigo como se tivesse sido uma testemunha ocular dele. Quando questionado pelos líderes religiosos de sua época:

“És maior do que Abraão, o nosso pai, que morreu? Também os profetas morreram. Quem, pois, te fazes ser?”

Respondeu Jesus: “Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se.”

Perguntaram-lhe, pois, os judeus: “Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?”

Respondeu-lhes Jesus: “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu Sou.”8

 

Jesus anunciou sua divindade

 

Nessa declaração surpreendente, Jesus não apenas estabeleceu que sua existência precedeu o nascimento de Abraão, mas pela construção da linguagem, ele anunciou sua divindade.9

Ele não apenas conhecia o passado e o presente10, mas falava do futuro como se o estivesse vendo no presente11. Ele continuamente apontava para sua divindade, bem como sua messianidade, pela maneira como falava com autoridade em todas as fases do tempo.

Uma vez, quando Yeshua estava na sinagoga, ele recebeu o livro do profeta Isaías. Desenrolando-o, ele leu a parte: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar a liberdade para os prisioneiros e a recuperação da visão para os cegos, para libertar os oprimidos, para proclamar o ano da graça do Senhor. ” Yeshua então enrolou o pergaminho, devolvendo-o ao gabbai (assistente) e se assentou.

O relato do evangelho de Lucas diz que: “Os olhos de todos na sinagoga estavam fixos nele, e ele começou dizendo-lhes:” Hoje esta escritura se cumpre aos vossos ouvidos. “11

Quando Jesus falou, as pessoas tiveram que ouvir. Eles podem não ter gostado do que ele disse, mas não podiam levar sua atenção para outro lugar. Ele era impossível de ignorar.

 

Jesus tinha poder para operar milagres

 

Operadores de milagres não eram incomuns na Judéia do primeiro século. Havia feiticeiros, adivinhos e curandeiros. Alguns usavam truques. Outros se associavam com ‘espíritos familiares’, usando encantamentos, amuletos e poções para realizar seus feitos mágicos. Ao contrário de Jesus, eles não curavam por conta própria.

Às vezes, Yeshua usava o que poderia ser considerado um tipo de tratamento médico, como um cataplasma nos olhos de um cego. No entanto, mesmo que a mistura de lama e saliva tivesse valor medicinal, a cura superava em muito qualquer efeito que a técnica pudesse ter. Foi muito além do que uma cura comum poderia alcançar. Um homem, cego de nascença, de repente conseguia enxergar.

Outras vezes, ele simplesmente fazia a seguinte pergunta: “Você quer ser curado?” ou “Você acredita?”

 

Os milagres de Jesus e os olhos do público

 

No início de seu ministério, Jesus disse às pessoas que não contassem aos outros como haviam sido curados. Isso parece indicar que seus milagres eram de uma classe superior do que quaisquer outros de sua época. Jesus sabia que seria uma figura pública assim que o povo visse seu poder. Ele parecia ter um calendário que o mantinha temporariamente fora dos olhos do público. No entanto, uma vez que se soube que ele poderia curar até as enfermidades mais desesperançosas e que poderia alimentar milhares de pessoas multiplicando alguns pães e alguns peixes, ele teve uma multidão de pessoas o seguindo.

Durante o curso de seu ministério público, um homem foi baixado em um estrado através do telhado porque a sala estava lotada demais para que ele trouxesse da maneira padrão. Yeshua comentou sobre a fé dos amigos que fizeram tanto esforço para apresentar a ele seu amigo paralítico. Então ele disse ao paralítico que pegasse sua maca e andasse, e ele o fez!

E qual foi o comentário de Jesus sobre a cura? “Para que saibais que o filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados.” Ao contrário dos profetas antes dele, ele não era apenas o agente usado por Deus; ele reivindicou o poder de Deus para si mesmo.

 

O poder milagroso de Jesus, mesmo de longe

 

O poder de Jesus era tal que ele nem mesmo precisava estar fisicamente presente com as pessoas para curá-las. Foi o que aconteceu com o escravo do centurião romano (soldado). Aquele centurião não deixava de ter autoridade por seu direito, mas ele entendeu que a essência do poder de Yeshua era uma autoridade que excedia em muito a sua própria. “Apenas diga a palavra”, insistiu o soldado, “e ele será curado.”

Talvez o mais surpreendente de todos os milagres de Yeshua tenha sido sua habilidade de ressuscitar uma pessoa dos mortos. De acordo com as Escrituras Hebraicas, o profeta Eliseu trouxe de volta um menino dos mortos.12 Porém, no caso de Lázaro, o homem não apenas havia morrido, mas estava em uma tumba por quatro dias. O processo de decomposição já havia começado. Mesmo assim, Jesus garantiu à irmã de luto do morto, Marta, que seu irmão ressuscitaria.

“Eu sei”, replicou Marta, “que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia.” Disse-lhe Jesus “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?”

(Era uma crença comum que quando o messias viesse, ele ressuscitaria todos os mortos.)

“Sim, Senhor”, respondeu ela, “eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo.”13

Quando Jesus chamou Lázaro para fora da tumba em decomposição, foi um ato de Deus sem precedentes.

Os milagres de Jesus estavam anos-luz além dos de qualquer curador de sua época, do ponto de vista da magnitude e da autoridade que demonstraram. E durante todo o seu ministério público, Jesus realizou esses milagres para apoiar suas reivindicações.

 

Jesus (Yeshua) era misterioso

 

Existem pessoas cujo comportamento misterioso leva outras a considerá-las excêntricas. O mistério em torno de Yeshua, no entanto, não era um comportamento estranho ou excêntrico. Em vez disso, seu “mistério” estava nas parábolas que ele contou e nas afirmações que ele fez que pareciam estar além da compreensão.

Por exemplo, Yeshua se encontrou com o líder judeu, Nicodemos, e disse-lhe que ele precisava nascer de novo. Nicodemos ficou intrigado. Ele apontou a impossibilidade óbvia; como ele poderia voltar para o útero de sua mãe? Yeshua levantou um pouco do mistério ao dizer que uma pessoa nasce da água e do Espírito e que o que Nicodemos precisava era de um renascimento espiritual. No entanto, a ideia de um renascimento espiritual não era muito mais fácil de entender ou aceitar do que a reentrada fisicamente impossível no útero. Jesus usou imagens para levar as pessoas do familiar ao desconhecido, e muito do que ele disse era um mistério para seus ouvintes.

 

Águas vivas

 

No dia final da Festa de Sucote, ele disse aos adoradores no Templo que quem tivesse sede precisava beber do keren Yeshua, as águas vivas, a fonte da salvação. Novamente, ele passou do que era facilmente compreendido para algo invisível, misterioso.

Yeshua poderia ter falado muito claramente, mas ele escolheu revelar a verdade em um nível mais profundo que levou as pessoas a ponderar. Por meio de hipérboles, metáforas, eufemismo e ironia, ele deu respostas que não eram facilmente compreendidas. Uma pessoa não poderia encontrar Yeshua e apenas ter uma conversa agradável. Ele expressou as coisas de uma maneira que fez as pessoas buscarem soluções para os mistérios que ele levantou em seus corações e mentes. Ele mudou a vida de todos que o conheceram.

 

Jesus era “de outro mundo”

 

Yeshua nasceu em Belém, foi criado em Nazaré e foi, em muitos aspectos, uma pessoa de seu tempo e lugar. No entanto, ele não estava apenas cercado por uma sensação de mistério, mas também separado por uma sensação de alienação. Não é que ele fosse hostil ou que procurasse excluir os outros. A alienação ocorreu porque ele conhecia e amava o que era perfeito e estava comprometido com essa perfeição. Outros tiveram dificuldade em compreender a beleza e maravilha da perfeição que Jesus experimentou, e que o separava de outras pessoas.

Mesmo quando era um menino de doze anos, o sobrenatural de Yeshua era evidente. Quando ele foi separado de sua mãe, Miriam, e de seu pai adotivo, Yosef (José), eles pensaram que ele havia se desviado, que estava perdido. Ao encontrá-lo no Templo, eles o repreenderam como os pais naturalmente fariam. “Estou a tratar dos negócios do meu pai”, disse-lhes ele, e não se referia a José, mas sim a uma linhagem que ia além desta terra.

Da mesma forma, quando Yeshua disse a Nicodemos que uma pessoa não pode ver o reino de Deus sem nascer de novo, ele estava revelando seu outro mundo.

Jesus contou às pessoas detalhes sobre suas vidas que ele não teria como saber na terra.14 Quando Jesus disse a um homem que seus pecados estavam perdoados, ele sabia o que os líderes religiosos presentes estavam pensando e respondeu aos pensamentos não falados. Foi dito que ele sabia o que estava “no coração de todos”.15 Mas ele não sabia apenas o que estava em seus corações. Ele se preocupava com eles como pessoas.

 

Jesus amava as pessoas!

 

Yeshua, ao contrário de muitos outros líderes de sua época, mostrou um profundo amor pelas pessoas – todos os tipos de pessoas. As únicas pessoas que não foram tocadas por esse amor foram aquelas que não o quiseram. Yeshua estendeu perdão, aceitação, aprovação e apreço a todos, exceto aos que são autossuficientes e hipócritas. Exceto esses, Jesus queria estar com quem quisesse estar com ele.

Yeshua ensinava de uma forma que fazia as pessoas sorrirem, mas ele nunca falhava em confundir o orgulhoso e intrigar o arrogante. Ele era um homem com calosidades nas mãos, um magnífico senso de humor que se transformou em sagacidade. Ele era uma pessoa compassiva, atenciosa e amorosa com aqueles que eram vulneráveis, amedrontados, desesperados e oprimidos. Ele nunca deixou de fazer as pessoas se sentirem melhor de alguma forma do que quando as conheceu.

A companhia que ele mantinha

 

Ele passou um tempo com os cobradores de impostos, pescadores, mulheres de reputação duvidosa, pessoas cultas, fazendeiros com sujeira debaixo das unhas, judeus, samaritanos e até romanos. Ele gostava da companhia de crianças pequenas quando outros queriam mandá-las embora. Ele apreciava os dons das mulheres, enquanto outros rabinos não permitiam o contato com uma mulher por medo de contaminação.

Yeshua comia com todos os tipos de pessoas, ria com elas, chorava com elas e por elas e, por fim, morreu por elas.

 

Jesus estava disposto a ser julgado, condenado e crucificado.

 

Segundo todos os relatos, Yeshua não lutou por sua vida ou mesmo procurou se defender legalmente – embora tivesse motivos para fazê-lo. Quando a polícia eclesiástica veio buscá-lo, ele poderia ter lembrado que eles não tinham autoridade além do terreno do Templo.

Yeshua poderia ter lembrado a eles que, de acordo com a lei judaica, eles não tinham o direito de prendê-lo sem uma acusação. Se Judas fosse seu acusador, Yeshua poderia ter contestado a integridade de Judas como testemunha, mostrando que Judas era um ladrão que estava roubando do tesouro. Ele poderia ter respondido a falsas acusações com a verdade retumbante: “Eu não disse isso.”

 

“O Rei dos judeus”

 

Quando o governador perguntou a Jesus se ele era “o rei dos judeus”, ele respondeu: “Sim, é como você diz”. Certamente, se ele era um rei, ele era notável por sua normalidade. No entanto, essa pessoa extraordinariamente comum, Yeshua, ostentava uma ostentação que estava além da imaginação das pessoas mais insanas. Ele não apenas admitiu que estava destinado a ser rei, mas afirmou que poderia chamar doze legiões de anjos em sua defesa, se escolhesse.

No entanto, ele fez uma escolha diferente. Assim como uma ovelha que é levada para o matadouro não reclama, Yeshua não abriu a boca para proferir uma palavra de protesto. Ele sabia que estava destinado a reinar, mas também sabia que estava destinado a morrer primeiro. Ninguém nunca morreu como Yeshua morreu e ninguém jamais conquistou tanto com sua morte. Sua morte não foi o fim, mas o começo.

 

O mundo mudou com a vinda de Jesus.

 

A maioria de nós vive de acordo com um calendário que mede o tempo, o número de anos antes de Yeshua caminhar sobre a terra e o número de anos desde então. Isso por si só é uma evidência de seu profundo impacto em nosso mundo. Bibliotecas inteiras podem estar repletas de livros escritos sobre ele. Ele inspirou obras-primas musicais como o Messias de Handel, séculos depois de caminhar sobre a Terra. Grandes mestres, como Michelangelo e Botticelli, buscaram glorificar Yeshua em obras de arte que podem ser encontradas nos museus e galerias mais renomados nesse globo.

De Agostinho a Adler e Einstein, os maiores filósofos e cientistas igualmente tiveram que lutar com seus ensinamentos e ponderar sobre sua pessoa. E aqueles filósofos que viveram antes de sua vinda falaram da ética e da estética que a vida de Yeshua personificava.

 

Yeshua em todo o mundo

 

Por causa de Jesus, as pessoas nas selvas remotas, bem como nos mais altos salões de ensino, sabem algo sobre o povo judeu e nossos ensinamentos. Eles estão familiarizados com a geografia da pátria judaica. As pessoas estão mais familiarizadas com Belém do que com Bombaim e têm mais apego a Jerusalém do que a Roma. Pessoas de todas as raças são chamadas de Abraão, Davi, Jacó, Isaías e Raquel por causa de Yeshua. Eles se sentem relacionados ao povo judeu por meio de Jesus.

As religiões orientais ensinavam que as pessoas que sofreram, dor, doença e morte prematura estavam sendo punidas com justiça por comportamento desonroso em uma vida anterior. Enquanto as religiões orientais aceitavam o sofrimento como carma a ser repetido vida após vida, Yeshua ensinava compaixão pelo sofrimento. Graça e perdão fluíram dele e ainda assim sua justiça não foi comprometida. É por isso que as pessoas o amavam e ainda o amam.

 

Em nome de Jesus Cristo…

 

Nem todos os que disseram ser cristãos se comportaram de acordo com o exemplo de Yeshua. Ele ensinou amor, humildade e dignidade a todas as pessoas. Quando você encontra ódio, preconceito e intolerância no nome de Jesus, você encontra uma falha em seguir aquele cujo nome está sendo usado. Todos os cristãos que mostram falta de compaixão estão ignorando, até mesmo contra-ordenando, o exemplo de Cristo.

É muito fácil jogar a culpa em Jesus pela perseguição que ele nunca ensinou ou tolerou. Os seres humanos são perfeitamente capazes de perseguir uns aos outros, não por causa de Jesus, mas apesar dele. Pessoas que realmente são discípulos de Jesus mostram alguma disciplina ao seguir seus ensinamentos.

 

O lado bom

 

Os hospitais foram estabelecidos por compaixão cristã. Os missionários trouxeram escolas e literatura a lugares distantes por causa de Jesus. Profissionais médicos e agrícolas viajavam de longe para prestar seus serviços por causa do amor de Yeshua. Pessoas como Martin Neimöller, Raoul Wallenberg e Corrie Ten Boom enfrentaram Hitler e o ódio que ele vomitou por causa do amor que encontraram em Yeshua.

Se Jesus tivesse simplesmente vivido e morrido, o mundo não teria sido alterado para sempre com sua vinda. Mas sua ressurreição coloca Jesus em cena em todos os episódios da história. Sua vida observável após a crucificação tornou Jesus a pessoa mais poderosa e influente que já viveu, porque ele ainda vive. E o fato de ele ainda viver e desejar mudar a vida das pessoas é maravilhoso para aqueles que querem o que ele tem a oferecer, e uma ofensa para quem não quer.

 

O lado escuro

 

Detratores insistem em atos de cristãos “apenas em nome” ou nos atos de cristãos que se desviam, ao invés de lidar com a pessoa de Yeshua, mesmo quando confrontados com o fato de que os dois são separados. Afinal, o judaísmo não é invalidado pelos atos do povo judeu que violam qualquer um dos 613 preceitos da lei.

Da mesma forma, aquelas pessoas que levam Jesus a sério e procuram viver de acordo com seus ensinamentos são uma minoria. Por que a maioria das pessoas, judeus e gentios, não quer ouvir sobre Yeshua?

 

O preço de seguir Jesus

 

A ironia é que, como diz o ditado, “Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas.” Quando Jesus andou sobre a Terra, alguns dos rabinos e líderes de sua época o seguiram, mas foi preciso muita coragem para ir contra a maré. Algumas das pessoas mais ricas que tinham posição e poder foram capazes de ver além de suas riquezas para a pobreza espiritual que Jesus veio aliviar.

Mas aqueles que o evitavam ou desprezavam achavam que não precisavam de seu amor ou de sua compaixão, pois se viam como autossuficientes. Eles não entendiam por que Jesus fazia companhia a pessoas que estavam abaixo de seu contentamento. E eles pareciam raciocinar que, se Jesus fosse tão nobre como eles, ele se distanciaria da escória da sociedade.

Hoje, muitos ridicularizam os crentes em Jesus como fracos, perdedores sem causa, que procuram uma solução rápida para seus problemas. Alguns veem Jesus como uma muleta e se consideram espiritualmente aptos, não tendo necessidade dele. Para essas pessoas, é irrelevante se Jesus é ou não quem diz ser. Considerá-lo é concordar em se associar ao tipo de pessoa carente que ele atrai e que eles não desejam assim fazer.

 

A verdade sobre Jesus

 

Jesus é tão paciente e amoroso como sempre foi. Ele não restringe sua graça àqueles que são bem-educados e altamente empregáveis. Ele não reserva misericórdia para os politicamente corretos e bem relacionados. Ele está interessado em dar esperança aos oprimidos e aos opressores, aos que têm e aos que não têm.

Jesus também é tão misterioso como sempre foi. Aqueles que aceitaram seu amor e perdão e entregaram suas vidas a ele, não conseguem explicar a qualidade de sua vida espiritual para aqueles que ainda não experimentaram o novo nascimento. Mas pode-se ter vislumbres disso na vida de quem o conhece melhor. Eles continuam a ser motivados por sua pessoa e movidos por seu poder.

No entanto, ele ainda é invisível, desconhecido e não ouvido, exceto por aqueles que têm ouvidos para ouvir e coração para compreender.


 

Susan Perlman  é Diretora de Parceria de Jews For Jesus e trabalha com agências missionárias com ideias semelhantes, congregações messiânicas, igrejas, associações e instituições teológicas com o propósito de estabelecer parcerias estratégicas para que possam fazer mais para abençoar os judeus com as boas novas de Yeshua do que sozinhos. Ela também atua como primeira assistente do diretor executivo David Brickner. Uma das co-fundadoras do Judeus por Jesus, Susan também faz parte da Equipe de Liderança Executiva. Este artigo foi originalmente publicado aqui.

 

Artigo publicado pelo Instituto Tzadik BaEmunah com autorização da autora. Thanks Susan!

 

Traduzido por:

Mariana Reis, é brasileira, tem 24 anos, é tradutora voluntária do INSTITUTO TZADIK BAEMUNAH, reside atualmente em Annapolis, Maryland  – MD, USA. Thanks Mari!

 


 

Notas finais:

 

1 Leo Bµck, Harnack Vorlesungen über das Wesen des Christentums (Breslau: n.p., 1902)

2 Mateus 2:2

3 Mateus 2:6

4 Mateus 16:14-17

5 João 4:25,26

6 Basic Christianity, John R. W. Stott, p.22, London, InterVarsity Fellowship ? 1968

7 Mateus 5

8 João 8:53-58

9 O nome que o Todo-Poderoso deu a Moisés para fazer exigências ao Faraó foi ‘Eu Sou’. Diga ao Faraó que fui enviado a você. Êxodo.

10 Mateus 10:23, 12:40, 16:27

11 Lucas 4:21

12 2 Reis, capítulo 4

13 João 11:24-27

14 Veja João 1:48-50, 4:18

15 Atos 1:24

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O Messias na Criação

O Messias na Criação

 

 

“Desde o tempo da Criação, é feita menção constante na Bíblia Hebraica sobre o Messias e a esperança messiânica de Israel. ‘O Espírito de Deus moveu-se sobre as faces das águas’; o espírito de Deus significa o Messias” (Midrash – Gênesis Rabá, 23).

 

Um dos Treze Princípios de Fé estabelecido por Maimônides contempla a vinda do Messias, o anseio por sua chegada é parte fundamental do viver judaico, isto é um dogma básico do judaísmo. De fato, a Bíblia Hebraica coloca a pessoa do Messias em posição de destaque cujas profecias a seu respeito é a coluna dorsal que sustenta toda narrativa dos profetas ao longo do Tanach[1].

Como bem-dito pelos sábios neste Midrash[2], a presença do Messias remonta ao princípio. Na Brit Hadashá[3], Yochanan (discípulo de Yeshua) também apresenta o Messias como alguém presente no processo criacionista dos céus e da Terra, porém ele vai além e associa o Messias não apenas ao Espírito que se movia sobre a face das águas, mas ao próprio Deus Criador, ele diz:

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Brit Hadashá, Yochanan 1.1-3).  

Semelhantemente a Yohanan, Shaul (também discípulo de Yeshua) traz o mesmo ensinamento: “Contudo, para nós há um só Deus, o Pai, de quem procedem todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Yeshua, o Messias, por meio de quem foram criadas todas as coisas e de quem recebemos o ser”. (1 Coríntios 8.6; ver também Hebreus 1.2).

Não obstante Moshê registra na Torá que a criação teve origem à partir da Palavra do Eterno: Disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Bereshit[4] 1.3); “E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas” (Bereshit 1.6); “Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus…” (Bereshit 1.14); “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;” (Bereshit 1.26). De fato, foi por meio de sua Palavra que o Eterno se revelou ao povo de Israel e às comunidades gentílicas, é através de sua Palavra que ele revela seus mandamentos, é através de sua Palavra que ele executa sua vontade aqui na terra.

O Dr Michael Brown, judeu messiânico, traz uma informação que pode nos ser de grande valia na compreensão do termo “Palavra do Eterno”:

“Os rabinos levaram esse conceito ainda mais além. Uma vez que Deus era visto, de certa forma, como “intocável”, foi necessário que se providenciasse uma conexão entre o Eterno e sua criação terrena. Uma das conexões mais importantes na literatura Rabínica era “a Palavra”, conhecida em aramaico como Mimrá (da raiz hebraica “dizer” [אמר] – a raiz usada em todo relato da Criação, em Gênesis 1, quando disse e o mundo material veio à existência). Podemos encontrar esse conceito da Mimrá centenas de vezes nos targumím aramaicos, ou seja, nas traduções e paráfrases da Bíblia Hebraica que eram lidas nas sinagogas antes, durante e depois da época de Yeshua”.[5]

Vejamos alguns exemplos interessantes:

B’reshit 1.27 – Deus criou o homem.

Targum: A Palavra do Eterno criou o homem (Targum Pseudo-Yonatán).

B’reshit 15.6 – E Abrão acreditou no Eterno.

Targum: E Abrão acreditou na Palavra do Eterno.

Sh’mot[6] 25.22 – E no tempo marcado estarei ali.

Targum: E lá, enviarei minha Palavra a você.

 

Observem agora este verso da Torá e a versão do Targum:

B’reshit 28.20-21 – “Ya’akov fez um voto: ‘Se Deus for comigo e me guardar na estrada pela qual viajo, der-me pão para comer e roupas para vestir, para que eu volte para a casa de meu pai em paz, então ADONAI será meu Deus”.

Targum: Se a Palavra do Eterno for comigo […] então a Palavra do Eterno será meu Deus.

A Palavra do Eterno será o Deus de Jacó! Notem que a Mimrá (Palavra) do Eterno não representava uma simples “coisa”, antes, tratava-se de alguém.

Assim sendo, Yochanan movido pelo Espírito de Deus nos revela que a Mimrá do Eterno, ou seja, o Logos (grego), a Palavra que por meio dela tudo veio a existir é o próprio Messias, Yeshua, que mais tarde viria para habitar entre nós.

Como disse Menachem M. Brod: “ Sem Mashiach, criação e Torá não têm sentido”.[7]

 


Por Romualdo Santos
Pastor, docente, vice presidente do Instituto Tzadik Baemunah e diretor administrativo executivo da Editora Davar. 
Romualdo, é parte do time responsável pela gestão e desenvolvimento de parcerias estratégicas que dá suporte a Diretoria
do Instituto Tzadik BaEmunah e da Editora Davar.


[1] Acróstico que significa: Torá = Pentateuco; Neviim = Profetas; Ketuvim = Escritos, ou seja, o Antigo Testamento.
[2] Derivado do radical darash que significa pesquisar, investigar, Midrash é uma exposição dos versículos da Torá feitos pelos sábios judeus.
[3] Termo em hebraico que significa “Nova Aliança ou Pacto”. É o Novo Testamento.
[4] Gênesis
[5] Veja maiores explicações sobre o conceito da Mimrá nos targumim no livro “Respondendo Objeções Judaicas contra Jesus”; Editora Davar; Autor Michael L. Brown. 
[6] Êxodo
[7] BROD M. Menachem, “OS DIAS DE MASHIACH, p.25, ed. CHABAD.

 

 

Rabino Joseph Teichman

Rabino Joseph Teichman

Nascimento: —
Morte: junho de 1988.

Joseph Teichman nasceu e cresceu como o filho de um rabino ortodoxo na cidade de Nova York, nos EUA. Ele seguiu os passos do pai e também foi ordenado rabino ortodoxo. No entanto, diferentemente de seu pai, Joseph concluiu os estudos de doutorado em psicologia.

Quando percebeu que não conseguia mais crer na tradição rabínica, ele passou para a vertente judaica conservadora. Sua esposa, porém, recusou-se a deixar a comunidade ortodoxa. Enquanto Teichman mudou-se para a Califórnia e foi nomeado rabino da sinagoga de Fresno, ela permaneceu no Brooklin com os filhos.

Depois de um tempo, o rabino Teichman mudou-se para Reno, em Nevada, a fim de assumir o cargo de líder da sinagoga conservadora local. E uma vez que vivia no eterno país das possibilidades, ele acabou se tornando o melhor amigo do líder de uma congregação messiânica. Seu amigo, com a ajuda de outros messiânicos, mostrou-lhe que as profecias do Tanach acerca do Messias apontam para Yeshua, o que o impulsionou a investigar o assunto por si mesmo. Sua pesquisa levou-o à decisão de abraçar a fé em Yeshua como o Messias de Israel e seu Salvador pessoal.

Conforme estudava a Nova Aliança, ele crescia e se desenvolvia na fé. Às vezes, dirigia-se à congregação messiânica local, em segredo, para ouvir os estudos. Mas tirando isso, ele mantinha a fé em Yeshua para si mesmo, com muita cautela.

Certo dia, ele decidiu marcar uma reunião urgente com Moishe Rosen, fundador da organização Jews for Jesus (Judeus por Jesus), em São Francisco. A impressão era que Joseph estava sob muito estresse, pois como liderava a sinagoga em Reno, não conseguia compartilhar a sua fé em Yeshua com a congregação. Além disso, ele não tinha certeza do que deveria fazer: pedir demissão ou explicar à congregação sobre Yeshua.

O rabino confessou para Moishe Rosen que, por quase dois anos, ele vinha lutando com aquele mesmo problema, o qual começou a desgastá-lo. Na verdade, ele encontrou alívio — até certo ponto — ao confessar sua fé em Yeshua para outro judeu, tirando, assim, o peso dos ombros. Depois de alguns meses, nos quais Teichman visitou Moishe Rosen, ele começou a entender que tinha o dever de falar sobre a sua fé em Yeshua, como o Messias judeu, aos membros da sinagoga. E ele sabia qual seria o resultado: o término imediato de seu ofício e de sua carreira como rabino; algo que influenciaria não apenas o seu status pessoal, social e financeiro, mas também toda a sua família. Ciente das sanções que poderia sofrer, ele não conseguiu se abrir para os membros da sinagoga. Por causa do medo, manteve sua fé em segredo.

Questionado sobre o que fazia quando as pessoas da sinagoga o procuravam buscando conselhos espirituais, ele respondeu que era inundado por tristeza e angústia, pois sabia que o Messias era o único que poderia resolver seus problemas.

Muito embora tenha mantido sua fé em segredo, ele encontrou meios para falar de Yeshua, o Messias, às ovelhas do seu pastoreio. O rabino Joseph Teichman é um dos muitos exemplos de perseguição que os judeus messiânicos, em Israel e no mundo todo, sofrem às custas de ultra-ortodoxos fanáticos, apenas porque sua fé é diferente. Perseguições desse tipo também existem nos dias de hoje, e podem incluir violência (tanto verbal quanto física), humilhações públicas e até mesmo tentativas de homicídio — tudo isso em nome de D’us e com a aprovação de rabinos.1


Notas

1. O texto original hebraico pode ser encontrado em https://igod.co.il/יהודים-משיחיים/עדויות-רבנים/הרב-יוסף-טייכמן/.

Rabino Dr. Kaufmann Kohler

Rabino Dr. Kaufmann Kohler

Nascimento: Baviera, Alemanha, 1843.
Morte: Nova York, EUA, 1926.

A conferência religiosa que foi realizada em parceria com a Feira de Chicago, em 1893, trouxe consigo representantes de religiões e credos diferentes, de diferentes partes do mundo. Entre eles, havia um grande número de rabinos da Europa e da América.

Um dos palestrantes foi o Dr. Kaufmann Kohler, o expoente do Judaísmo Reformista mais conhecido da época. Em seu discurso, cujo tema era “A Sinagoga e a Igreja”, o rabino apresentou evidências de que o Judaísmo e o Cristianismo possuem muitas semelhanças entre si. Vejamos, a seguir, um trecho de seu discurso no que tange à personalidade de Yeshua:

“Os rabinos cometem um grave erro quando comparam Yeshua de Natséret1 a Rabí Hilel ou a Fílon, o proeminente filósofo judeu de Alexandria. Yeshua não pertencia a nenhuma vertente; ele era ‘um do povo’. Nele, o ideal dos rabinos essênios2 sobre amor e irmandade atingiram um novo patamar.

Assim como Yochanan, o Imersor3,  Yeshua sentia-se atraído, pelo poder do amor divino, aos menos afortunados dentre o seu povo. Uma vez que era cheio de verdadeira grandeza, ele se relacionava tanto com pastores de ovelha quanto com pecadores e cobradores de impostos — justamente aquelas pessoas que os rabinos essênios consideravam uma ameaça, cujo caminho as levaria para o Inferno, e com as quais, portanto, evitavam qualquer tipo de contato, com medo de serem contaminados por elas. Yeshua, por sua vez, comia e bebia com eles, dizendo:

‘Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel’; ‘Os sãos não precisam de médico, mas sim os doentes’; ‘Ai de vós, escribas e fariseus (isto é, os rabinos de então), hipócritas! Porquanto limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de roubo e lascívia’; ‘Bem profetizou Isaías, o profeta, acerca de vós, hipócritas, conforme está escrito: Este povo Me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim; seu temor para Comigo não passa de um mandamento ensinado por homens’ (cf. Isaías 29:13); ‘Porquanto abandonais os mandamentos de D’us para manter a tradição dos homens’.

Essas são as palavras de um profeta, de um reformador destemido.

Com essa mesma ousadia, fruto de um amor verdadeiro que trazia pecadores de volta a D’us, Yeshua também defendeu uma mulher que, aos olhos dos rabinos, era apenas um instrumento nas mãos de Satán para conduzir o homem ao pecado, rompendo, assim, as amarras que tornava a mulher tão solitária.

Com liberdade de espírito, ele despedaçou os grilhões das ‘leis do Shabat’4,  ao dizer: ‘O Shabat foi feito para o homem, e não o homem para o Shabat’.

Estamos diante do maior pensador de todos; uma personalidade grandiosa, um gênio religioso. Não há – para o nosso povo, de modo geral, e para os líderes judeus, de forma específica – nenhum motivo para odiar o mestre mais humilde e mais admirável de todo Israel.

Não podemos negar que o ideal de vida manifestado nos seguidores de Yeshua é único em termos de excelência e de grandiosidade. Por trás de todos eles, encontra-se uma cativante personalidade do amor e da bondade; uma personalidade mais amada e mais exaltada do que qualquer outra na humanidade: Yeshua. Toda a grandeza do ‘filósofo grego’ e do ‘judeu santo’ está amalgamada, harmoniosamente, naquele que morreu na cruz.

Nenhum padrão de moral, nenhum livro de estudo ou religião consegue causar uma impressão tão profunda como a pessoa de Yeshua, que se posta, como nenhum outro, entre a Terra e os portões do Paraíso, igualmente próximo aos homens e a D’us.

Se ele foi o representante ideal da irmandade essênia? Não! Ele foi a materialização da “irmandade” de toda a raça humana. Yeshua – o amparador dos necessitados, amigo dos pecadores, irmão de todos os que sofrem, consolador dos desafortunados, amante da humanidade, libertador da mulher – ganhou e conquistou o coração dos homens.

De que valeu o orgulho filosófico dos sábios e a corrupção religiosa dos rabinos e sacerdotes em um mundo que estava faminto por D’us e sedento pela redenção do pecado e da crueldade? Aquele era o tempo de Yeshua, maduro para uma revolução social – para a Era Messiânica -, quando o soberbo seria humilhado e o humilde, exaltado. Yeshua, o mais modesto de todos os homens, aquele que, como nenhum outro, é execrado pela nação judaica, foi exaltado e assentou-se sobre o ‘trono de glória’ do mundo, tornando-se o rei de toda a Terra”.

Essas foram as palavras de um respeitado doutor e rabino judeu, o qual, diferentemente da grande maioria dos rabinos ortodoxos, decidiu ler a Nova Aliança por si mesmo, apaixonando-se pela pessoa de Yeshua. Em seu discurso, ele desmantelou aquela noção ultrapassada que muitos rabinos tentam atribuir ao Messias judeu, Yeshua.5


Notas

1. viz. Nazaré (נצרת).
2. Confira o livro זיכרון ונשייה: סודן של מגילות מדבר יהודה, da Dra. Rachel Elior, professora da Universidade Hebraica de Jerusalém, bem como suas palestras em vídeo מי כתב את המגילות הגנוזות e מי דחק את מגילות מדבר יהודה לתהום הנשייה ומדוע, ambas publicadas no YouTube, onde ela refuta, de uma vez por todas, a atribuição da comunidade de Qumran — e, por conseguinte, dos Pergaminhos do Deserto da Judeia (viz. Manuscritos do Mar Morto) — aos essênios. Assista, também, à palestra em vídeo היו נשים בחורבת קומראן? על קברים ומגילות, do Dr. Eyal Regel, professor da Universidade Bar-Ilan.
3. viz. João, o Batista (יוחנן המטביל).
4. Note que Yeshua nunca foi contra o Shabat — longe disso! — , mas sim contra as tradições rabínicas, em forma de decretos normativos, que afastavam as pessoas do cerne desse belo mandamento.
5. O texto original hebraico pode ser encontrado em https://igod.co.il/יהודים-משיחיים/עדויות-רבנים/הרב-דר-קאופמן/.