O Verdadeiro Kipur

O Verdadeiro Kipur

 

Todo israelita é instruído, desde criança, a respeito de um dia especial do ano chamado “Yom Kipur”, ou seja, “Dia da Expiação”, ou ainda, “Dia do Perdão”, sabendo muito bem o que ele significa.

É o dia do ano em que se espera que o Eterno Deus de Israel perdoe os pecados do seu povo e, para tanto, são feitos jejuns, rezas e muitos passam quase o dia inteiro na sinagoga, esperando que o Eterno leve isso em consideração para perdão dos pecados.

Mas, apesar de tudo isso ser feito e até mais, no íntimo de muitos permanece esta dúvida: “Será que estou realmente perdoado pelo Eterno?” Pois sabemos que todos os homens são pecadores aos olhos do Kadosh (O Santo de Israel), e, portanto, estão debaixo da sentença de morte decretada por Ele: “A alma que pecar, essa morrerá” (Profeta Ezequiel 18:4 e 20). E mais, sabemos que todo homem um dia terá de enfrentar face a face o Juiz – o Deus Criador dos Céus e da Terra!

Outra pergunta surge no íntimo de alguns: Qual o critério do Eterno para perdoar pecados? Haverá um modo seguro, infalível, de se obter o Kipur de pecados para sempre, para toda a eternidade?

Se quisermos a resposta verdadeira, infalível, resposta de Deus, teremos de voltar nossa atenção para o Tanach (Antigo Testamento), pois só o Tanach é a Palavra do Deus Vivo!

 

Em Tehilim (Salmos) lemos uma afirmação impressionante:

 

“Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Eterno não atribui iniquidade, e em cujo espírito não há dolo.” (Tehilim [Salmos] 32.1 e 2).

 

Como pode ser isso? Como pode o Kadosh não atribuir pecado a alguém, ou qual o critério para que Ele perdoe o pecado de alguém? Pois lemos em Tehilim [Salmos]14.3 que:

 

“não há quem faça o bem, não há nem um sequer.”

 

E ainda:

 

“Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque.” (Kohelet [Eclesiastes] 7.20).

 

Novamente se quisermos resposta do Eterno teremos que buscá-la no Tanach, no caso, na Torah o Eterno estabelece o princípio infalível, imutável, para termos expiação (Kipur) para os nossos pecados:

 

“Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar para fazer expiação (Kipur) pelas vossas almas, porque é o sangue que fará expiação em virtude da vida.” (Vayicrá [Levítico] 17.11).

 

Temos aí alguma luz para a nossa questão! Deus diz que é o Sangue que faz Kipur pela vida. Por isso, a ordem do Eterno para que se oferecessem sacrifícios de animais no Beith Hamikdash (o Templo Sagrado de Jerusalém), e que o sangue fosse derramado sobre o altar para que houvesse Kipur, cobertura de pecados. E aí o homem, mesmo sendo pecador, podia ser reconciliado com o Kadosh (Santo) e ter Shalom (Paz) com o Eterno.

 

“Pois as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós para que vos não ouça.” (Yesha’yahu [Isaías] 59.2).

 

Vemos isso de maneira mais detalhada no próprio livro de Vayicrá [Levítico], principalmente do capítulo 4 ao 6. Vejamos alguns exemplos:

 

“Quando um príncipe pecar, e por ignorância fizer alguma de todas as coisas que o Eterno seu Deus ordenou se não fizessem, e se tornar culpado; ou se o pecado, em que ele caiu, lhe for notificado, trará por sua oferta um bode sem defeito. E porá a mão sobre a cabeça do bode, e o imolará no lugar onde se imola o holocausto, perante o Eterno: é oferta pelo pecado. Então o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta pelo pecado e o porá sobre os chifres do altar do holocausto: e todo o restante do sangue derramará à base do altar do holocausto. Toda gordura da oferta, queimá-la-á sobre o altar, como a gordura do sacrifício pacífico; assim o sacerdote fará expiação por ele no tocante ao seu pecado, e este lhe será perdoado.” (Vayicrá [Levítico] 4.22 a 26).

 

E ainda:

 

“Se qualquer pessoa do povo da terra pecar por ignorância, por fazer alguma das coisas que o Eterno ordenou se não fizessem, e se tornar culpado; ou se o pecado, em que ela caiu, lhe for notificado, trará por sua oferta uma cabra sem defeito, pelo pecado que cometeu. E porá a mão sobre a cabeça da oferta pelo pecado, e a imolará no lugar do holocausto. Então o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta, e porá sobre os chifres do altar do holocausto: e todo o restante do sangue derramará à base do altar. Tirará toda gordura, como se tira a gordura do sacrifício pacífico; o sacerdote a queimará sobre o altar como aroma agradável ao Eterno; e o sacerdote fará expiação pela pessoa e lhe será perdoado.” (Vayicrá [Levítico] 4.27 a 31).

 

Portanto, para o Eterno perdoar pecados, era necessário que a Sua Justiça fosse satisfeita com Juízo sobre o infrator da lei, ou seja, o pecador. Mas Ele na Sua Misericórdia proporcionava um substituto para receber sobre si o castigo que o pecador merecia, ou seja, a morte.

O animal inocente (cordeiro, novilho, cabra ou carneiro) morria no lugar do homem pecador e o seu sangue derramado sobre o altar, perante o Eterno, cobria o pecado daquele que havia transgredido os mandamentos. E assim o Eterno lhe perdoava os pecados.

É importante lembrar que esses sacrifícios só poderiam ser feitos em um lugar: a princípio no Tabernáculo e posteriormente no Templo em Jerusalém, o lugar escolhido pelo Eterno para ali pôr o Seu Nome.

 

Vemos isso registrado em Devarim [Deuteronômio] capítulo 12.5 e 6:

 

“Buscareis o lugar que o Eterno vosso Deus escolher de todas as vossas tribos, para ali pôr o Seu Nome, e Sua habitação; e para lá ireis. A esse lugar fareis chegar os vossos holocaustos, os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, a oferta das vossas mãos, e as ofertas votivas, e as ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas.”

 

E mais, em Vayicrá [Levítico] 17.3 a 9, o Eterno declara que qualquer sacrifício ou holocausto que os filhos de Israel fizessem e não trouxessem à porta da tenda da congregação diante do Eterno no Seu tabernáculo, seria sacrifício a demônios e não a DEUS.

 

Tal pessoa seria culpada e eliminada do seu povo (Vayicrá [Levítico] 17.3 a 9):

 

“Qualquer homem da casa de Israel que imolar boi, ou cordeiro, ou cabra, no arraial ou fora dele, e os não trouxer à porta da tenda da congregação, como oferta ao Eterno diante do Seu tabernáculo, a tal homem será imputada a culpa do sangue: derramou sangue; pelo que esse homem será eliminado do seu povo (…) Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios com os quais se prostituem: isso lhes será por Estatuto Perpétuo nas suas gerações.” (Versos 3, 4 e 7).

 

Mas sabemos que hoje não há mais templo, não há mais sacrifícios, não há mais altar para os filhos de Israel levarem o sangue das suas ofertas pelo pecado e todas as outras ofertas…

Desde o ano 70 da era comum[1] o Beit Hamikdash foi destruído por Tito, General Romano, e de lá para cá não foi reconstruído. O Deus de Israel teria deixado seu povo sem Kipur? Sem possibilidade de expiação para os pecados? Ou teria mudado Seu critério com relação ao Kipur?

Antes de tratarmos dessa questão, há um outro ponto que é necessário ser esclarecido – um princípio de justiça, da santidade do Eterno, do Kadosh, revelado na Torá:

 

“…olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe…” (Shemot [Êxodo] 21.24 e 25).

 

Ou seja, o princípio do “igual por igual” ou, ainda, “vida por vida”, ou “alma por alma” (Shemot [Êxodo] 21.23 e Vayicrá [Levítico] 24.18).

 

Quando um homem pecasse deveria oferecer um animal como seu substituto, para morrer no seu lugar, pelo seu pecado. Vemos que não está perfeitamente satisfeito o princípio da justiça do Eterno que exige “igual por igual”, nem a Sua ordem que estabelece “vida por vida”! Um animal não é igual a um homem! Não se pode equiparar o valor da vida de um animal à vida de um homem aos olhos do Eterno!

Por isso, era necessário que aqueles sacrifícios fossem repetidos continuamente, ano após ano, porque eles nunca, jamais, poderiam tornar perfeitos os ofertantes, nem o sangue de novilhos e bodes podia remover definitivamente os pecados! (Apenas cobriam provisoriamente os pecados, até que viesse o Sacrifício Perfeito).

Para morrer pelo pecado do homem era necessário outro homem! Só assim estaria perfeitamente satisfeito o princípio de justiça do Eterno que exige vida por vida, igual por igual!

Mas onde achar um homem que não fosse pecador para morrer pelos pecadores? Onde achar um justo para dar sua vida em lugar dos injustos?

 

Os animais sacrificados ao Eterno deveriam ser sem defeito:

 

“Não sacrificarás ao Eterno teu Deus boi ou gado miúdo em que haja defeito ou alguma coisa má, pois é abominação ao Eterno teu Deus” (Devarim [Deuteronômio] 17.1). E ainda: “…porém todo que tiver defeito a esse não oferecereis, porque não será aceito a vosso favor” (Vayicrá [Levítico] 22.20). E mais: “…o cordeiro será sem defeito…” (Shemot [Êxodo] 12.5).

 

Assim sendo, só um homem sem pecado, tipificado pelo cordeiro sem defeito, poderia dar a sua vida como oferta pelo pecado. Mas onde achar esse homem, uma vez que o Eterno nos declara que:

 

“Não há quem faça o bem, não há nem um sequer”? (Tehilim [Salmos] 14.3).

 

Não havia na raça humana um que fosse justo, fizesse o bem e não pecasse! Assim sendo, o Eterno anunciou no Tanach que Ele enviaria o Seu Messias, O Ungido, para expiar de forma definitiva o pecado!

 

Ele, o Messias, é chamado Deus em Tehilim [Salmos] 45.6 e 7:

 

“O teu trono ó Deus é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso Deus o teu Deus te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.”

 

Ele, o Messias, é chamado Filho do Eterno em Tehilim [Salmos] 2:

 

“Os reis da terra conspiram contra o Eterno e contra o Seu Messias (Ungido)… Eu porém constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do Eterno: Ele me disse: Tu és meu Filho eu hoje te gerei.” E ainda: “…Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho…” (versos 2, 6, 7 e 12).

 

Também em Mishlei Shlomo [Provérbios de Salomão] 30.4 podemos ler:

 

“Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas na sua roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o Seu Nome e qual é o Nome do Seu Filho, se é que o sabes?”.

 

O Messias, sendo Deus, se faria homem, e, como homem, viria habitar no meio do Seu povo!

 

É o que podemos ler em Yesha’yahu [Isaías] 9.6:

 

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, o governo estará sobre os Seus ombros, e o Seu nome será: Maravilhoso Conselheiro Deus Forte Pai da Eternidade Príncipe da Paz.”

 

Como homem nasceria de modo maravilhoso, sobrenatural:

 

“Portanto o Eterno mesmo vos dará sinal: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel” (Yesha’yahu [Isaías] 7.14).

 

Em hebraico “Imanuel”, que significa “Deus conosco”!

 

No livro do Profeta Miquéias podemos ver a cidade onde ELE, como homem, nasceria:

 

“E tu Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, cujas origens são desde os dias antigos, desde os dias da eternidade.” (Mikhah [Miquéias] 5.2).

 

Como homem, Ele nasceria em Belém, mas, como Deus, suas origens são desde a eternidade…

E finalmente, no livro de Daniel lemos o seguinte acerca dele:

 

“Depois das sessenta e duas semanas será morto o Messias (Ungido) e já não estará…” (Dani’el [Daniel] 9.26).

 

Se o Messias é Deus, como pode ser morto?! Ou, para que seria Ele morto?

O Messias reinará, de Jerusalém, sobre toda a terra, pois é o legítimo Rei de Israel, o descendente de Davi conforme as profecias. Mas as Escrituras registram que primeiro Ele teria que vir para resolver o problema principal do homem: O Pecado! É o pecado que separa o homem de D’us. É o pecado que faz com que o homem morra e, morto, permaneça eternamente separado do Eterno que é Vida e que é Santidade.

Portanto, era necessário que alguém fizesse Kipur por nós, ou que fosse nosso Kipur, de modo perfeito e definitivo. O Messias, sendo Deus, se fez homem, para como homem, santo, perfeito, sem pecado, dar a Sua vida, a Sua alma, como oferta pelo pecado, derramando o Seu próprio sangue para fazer Kipur!

 

Podemos ler isso no capítulo 53 do Profeta Yesha’yahu [Isaías]:

 

“Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Eterno? Porque foi subindo como um renovo perante Ele, e como raiz duma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.

Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado e dele não fizemos caso. Certamente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si; e nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.

Mas Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Eterno fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.

Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a Sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a Sua boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de Sua linhagem quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi ferido.

Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na Sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em Sua boca. Todavia ao Eterno agradou moê-lo, fazendo-o enfermar, quando der ele sua alma como oferta pelo pecado verá a sua posteridade e prolongará os seus dias, e a vontade do Eterno prosperará nas Suas mãos.

Ele verá o fruto do penoso trabalho da sua alma e ficará satisfeito, o meu servo, o justo, com o seu conhecimento justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso eu lhe darei muitos como Sua parte e com os poderosos repartirá o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte, foi contado com os transgressores, contudo levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu”.

 

Portanto, o Messias teria de vir para ser moído por causa dos nossos pecados! E porque Ele assumiu levar sobre Si a maldição do pecado, Ele teve de morrer, pois: “A alma que pecar, essa morrerá.” (Yechezke’el [Ezequiel] 8.4 e 20). E mais, teve de ser pendurado num madeiro, pois na lei está escrito:

 

“Porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus.” (Devarim [Deuteronômio] 21.22 e 23).

 

Mas era a nossa maldição que Ele estava levando sobre Si! Ele, o cordeiro sem defeito, deu Sua vida em favor dos pecadores, derramando Seu sangue, para que estes pudessem ser justificados, ou seja, declarados justos pelo Eterno.

 

Como está escrito:

 

“Bem-aventurado o homem a quem o Eterno jamais imputará pecado” (Tehilim [Salmos] 32.2).

 

Pois o Messias morreu, uma única vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus!

Se Ele fosse apenas um homem, seu sacrifício seria válido apenas para outro homem (alma por alma). Mas sendo o Messias Deus, Ele deu Sua vida em favor de todos os homens, porém apenas no lugar daqueles que, pela fé, o aceitarem como a sua oferta pelo pecado. Como está escrito: “…contudo levou sobre Si o pecado de muitos…” e ainda: “…eu lhe darei muitos como a Sua parte…”

Há necessidade de uma aceitação pessoal do Messias e do Seu sacrifício para ter Kipur de pecados.

 

Como está escrito: “Beijai o Filho (do Eterno)[2] para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele (no Messias)[3] se refugiam” (Tehilim [Salmos] 2.12).

 

Porém o Messias não poderia permanecer morto. Ele ressuscitou, cumprindo as Escrituras (Yesha’yahu [Isaías] 53.10 e 11). Pois Ele mesmo não tinha pecado, não podendo, portanto, ser retido pela morte.

 

A seu respeito está escrito: “Pois não deixarás a minha alma na morte [Sh’ol], nem permitirás que o teu santo veja corrupção.” (Tehilim [Salmos] 16.10).

 

E porque os nossos pecados nos separam do Eterno que é vida, só o Messias pode dar Vida Eterna, a todos os que aceitam o Seu sacrifício como único modo de ter Kipur, e o invocam como sua salvação (Yeshua – em hebraico).

Finalizando, retomemos a questão de não haver mais templo nem sacrifícios atualmente. O livro de Dani’el [Daniel] no capítulo 9 nos dá uma informação precisa de quando viria o Messias. Viria no período compreendido entre a reconstrução de Jerusalém e do templo na época de ‘Ezrah [Esdras] e Nechemyah [Neemias], e sua posterior destruição no ano 70 da era comum (Dani’el [Daniel] 9.25). No verso 26 lemos uma declaração surpreendente:

 

“…depois de sessenta e duas semanas será morto (cortado) o Messias e já não estará e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário…”

 

Ou seja, o Messias viria, morreria, ou antes, daria Sua alma como oferta pelo pecado (Yesha’yahu [Isaías] -53.10), ressuscitaria e já não estaria mais aqui na terra entre os homens, mas no céu, à direita do Todo-Poderoso, como está escrito: “Disse o Eterno ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.” (Tehilim [Salmos] – 110.1). Depois disso o Eterno permitiria que o Beit Hamikdash fosse destruído, pois já não haveria mais necessidade de sacrifícios, uma vez que o verdadeiro e definitivo sacrifício pelos pecados já teria sido feito, o único que garante Kipur para sempre!

Os sacrifícios de animais que se ofereciam no templo segundo a lei eram apenas sombra do real. O Messias com um único sacrifício, uma vez por todas, e com o seu próprio sangue garante Kipur e Vida Eterna a todo que nele crer!

O Messias é Yeshua [Salvação], Ele é o Goel [Redentor], Ele é o Verdadeiro Kipur preparado pelo Eterno!

 

“Eis que Deus é o meu Yeshua [Salvação]; confiarei e não temerei, porque o Eterno Deus é a minha força e o meu cântico; Ele se tornou o meu Yeshua [Salvação].” (Yesha’yahu [Isaías] 12:2).

 

Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande Salvação?

[1] Medida de tempo judaica alterativo a d.C. (depois de Cristo).

[2] Acréscimo do autor

[3] Acréscimo do autor

Por que Israel?

Por que Israel?

 

Cinco argumentações Bíblicas pelas quais você deve se importar com o povo e com a terra

 

Introdução

Israel é uma nação peculiar, uma nação milenar, um povo que remonta ao período bíblico, amado por muitos e odiado por tantos outros, um povo que depois de ter se desestruturado como nação, ressurgiu em um dia, 14 de Maio de 1948 cumprindo as palavras do próprio Deus em Is 66.8 que diz: Pode uma nação nascer num só dia?

Israel é no mínimo intrigante!

Talvez você não saiba, mas os processadores intel dos notebook’s que você usa é invenção dos judeus, o pen drive que guarda e compartilha informações, o firewall que protegem nossas máquinas foram inventados por eles. A mais famosa plataforma de busca na internet, o Google, uma das mais destacadas redes sociais, o Facebook, o Waze que te leva pra qualquer lugar, é criação dos judeus. No campo da medicina foram os judeus que desenvolveram, por exemplo, a pílula PillCam que possui câmera e ao ser ingerida filma o aparelho digestivo a fim de diagnosticar possíveis doenças, a vacina contra paralisia infantil, a anestesia local… O processo de irrigação por gotejamento, tecnologia agrícola que foi exportada para diversos países, a dessalinização da água do mar, o controle remoto que nós utilizamos em nossas casas, o jeans que vestimos e até mesmo os games com os quais nos divertimos foram invenções do povo judeu.

Quem é este povo no mínimo intrigante?

Poderíamos ficar aqui por horas enumerando uma série de contribuições que os judeus trouxeram ao mundo, mas eu gostaria de na aula de hoje verificar 5 razões bíblicas pelas quais você deve se importar com a terra e o povo de Israel.

 

Israel é uma nação criada por DEUS

A existência de Israel é um milagre! Não foram poucas vezes que povos inimigos intentaram contra sua existência. Em diversos relatos que temos tanto na Bíblia quanto na história contemporânea, a sobrevivência dos judeus em meio aos seus inimigos deu-se por conta da intervenção Divina.

David Ben Gurion, Ex-Primeiro Ministro de Israel, entendeu bem esta questão ao falar, em outubro de 1956, sobre o cotidiano dos judeus, ele disse: “Em Israel, para ser realista, você precisa acreditar em milagres”.

Não apenas a preservação de sua existência é um milagre, mas também a sua criação. Em Isaías 43.7 lemos que Israel é obra das mãos de Deus:

“a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei (bará) para minha glória, e que formei (yatsar) e fiz (asah) ”; os mesmos três verbos usados em Gênesis para a criação ex-nihilo, a partir do nada. Assim como o universo, Israel também é obra sobrenatural do Deus Todo Poderoso. Basta voltarmos para os relatos bíblicos e verificaremos que as matriarcas de Israel – Sara, Raquel e Rebeca – eram estéreis e jamais poderiam conceber se não fosse a intervenção miraculosa de Deus para a criação deste povo.

Como diz o versículo de Isaías 43, Israel foi criado para a glória de Deus!

Sendo assim, a criação, a preservação e o futuro de Israel está nas mãos do Senhor.

Deus ama Israel eternamente

O texto de João 3.16 nos diz que Deus deu seu Filho Unigênito porque ele amou o mundo e, aqui, logicamente estão inclusos todos os israelitas.

Mas, há um texto nas Escrituras Sagradas, ainda mais específico, em que Deus revela seu amor diretamente pra Israel. Ele diz: “…com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” Jr 31.3b.

Tal declaração não foi feita baseada na fidelidade de Israel para com Deus, pelo contrário, Israel é, de fato, um povo de dura cerviz (2 Reis 17.13-14), mas por uma escolha deliberada de Deus em amá-los de maneira perene.

Deus ama o povo de Israel e eis aqui uma boa razão para nós amá-los também, ou ousaríamos odiar o que Deus ama?

Há quem diga que o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença.

Se isto for verdade, o simples fato de ignorarmos o povo judeu seria uma atitude totalmente contrária a Deus.

Somos indiferentes quando nossa agenda de oração não inclui os israelitas, quando nossos esforços missionais não contemplam os judeus, quando não aderimos à causa da nação de Israel.

Portanto, amemos a Deus e o que Deus ama!

Israel é um povo indestrutível

Como já retratamos anteriormente, em diferentes momentos da história Israel foi alvo de tentativas frustradas de extermínio. Faraó tentou acabar com os hebreus no Egito (Ex 1.16, 22); Hamã decretou a destruição dos judeus na Pérsia (Et 3.13); a diáspora judaica nos anos 70 d.C. foi causada pelo General Tito e seu exército romano, destruindo a cidade de Jerusalém e o Templo. Na história contemporânea, em 1903, os judeus foram vítimas dos Pogroms na Rússia; na Segunda Guerra Mundial, no Holocausto, mais de 6 milhões de judeus foram mortos sob o comando de Hitler e de seu exército nazista. Há muito tempo Israel vem travando guerras com países vizinhos como Síria, Líbano, Irã e com organizações como o Hezbollah e o Hamas, que abertamente se declaram inimigas mortais de Israel e cujo lema é a destruição total desta nação.

Mas, no Livro do profeta Jeremias temos uma afirmação surpreendente de Deus a favor de Israel, o texto diz: “Assim diz o SENHOR, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite (…); SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre”. (Jeremias 31:35-36); e diz mais: “(…)Se puderem ser medidos os céus lá em cima e sondados os fundamentos da terra cá embaixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o SENHOR” (v. 37).

De acordo com a Bíblia, o fim da existência de Israel e a rejeição de Deus por eles, estão firmadas sob condições humanamente impossíveis de acontecer. Mais uma vez, não é por causa do povo de Israel, mas por causa da Nova Aliança que Deus firmará com Israel, descrita em Jeremias 31:31-34, aliança incondicional já selada com o sangue do Messias (Lucas 22:20), mas cujos benefícios serão usufruídos no futuro.

Hoje há cerca de 14 milhões de judeus no mundo, um pequeno povo que apesar de sofrer duras investidas contra sua existência tem permanecido em pé até hoje, e somente por causa das Promessas do Deus que não pode mentir (Tito 1:2), os judeus podem encher seus pulmões e gritar: “Am Israel Chai!” (O povo de Israel vive!).

 

Os judeus têm primazia na evangelização

 

Embora tenha crescido o número de judeus messiânicos (crentes em Jesus), as estatísticas apontam que os judeus étnicos ainda são considerados como um grupo não alcançado pelo evangelho.

Esta realidade incorre por duas principais razões igualmente equivocadas: pela suposição de que, por serem o povo escolhido já estão salvos; ou pela crença de que Deus os rejeitou definitivamente e por isso já estão condenados. Esta última tem sido responsável pelo antissemitismo dentro das igrejas.

Poucos esforços têm sido investidos para o alcance dos judeus, porém, o método bíblico de evangelização não apenas contempla Israel como o coloca em prioridade.

Jesus concentrou seu ministério às ovelhas perdidas de Israel (Mateus 15:24). Aos apóstolos, Jesus designou e advertiu fortemente que se dirigissem aos israelitas (Mateus 10:6) e o próprio Senhor dirigiu o apóstolo Paulo nos ensinamentos à sua igreja, a colocar os judeus no escopo da evangelização: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Romanos 1:16).

O apóstolo Paulo entendeu este conceito e colocou em prática em seus trabalhos missionários, pois, mesmo tendo um ministério voltado para os gentios, em todas as cidades em que chegava procurava uma sinagoga para apresentar o Messias aos judeus e então seguia rumo aos gentios.

 

Orar por Jerusalém é um privilégio

 

“Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam”. Salmo 122:6

Diversos acordos de paz já foram tratados entre líderes árabes e israelenses, porém, todos frustrados. Diante do mundo apertam as mãos, mas bastam virar as costas que os armamentos pesados se voltam contra Jerusalém. Hoje, há uma expectativa iminente por parte do ministério de defesa de Israel de que os atuais governos do Oriente Médio selem tal acordo, autoridades israelenses dizem: “estamos mais perto do que nunca de fechar o acordo”.

Recentemente, o presidente americano Donald Trump entrou para uma longa lista de líderes mundiais que buscaram termos para resolver o conflito entre israelenses e árabes. Em discurso ao lado do premiê israelense Binyamin Netanyahu, o presidente americano revelou seu plano de paz para o Oriente Médio, que chamou de “acordo do século”. O presidente Trump disse: “Hoje Israel dá um grande passo em direção à paz”.

Porém, a Bíblia nos afirma que a paz que os judeus tanto esperam alcançar não será fruto de acordos seculares, mas virá do próprio SENHOR Deus e por isso ele mesmo ordena que “oremos pela paz de Jerusalém”!

Jesus O Messias disse aos seus discípulos judeus que a paz que ele dá não é desse mundo, mas dele próprio (João 14:27); Ele é o Príncipe da Paz (Isaías 9:6).

Diante do cenário mundial, orar pela paz de Israel é um tema mais que atual.

O termo Shalom não faz parte apenas do cumprimento sabático que os judeus semanalmente pronunciam ao dizer: Shabat Shalom (paz do sábado), mas é um anseio na alma. Os judeus precisam voltar-se para o Messias, o Senhor Jesus, que conforme Is 9.6 é o Sar Shalom, ou seja, o Príncipe da Paz!

Portanto, ser um intercessor de Israel é tanto uma ordem como também um privilégio, pois confere bênçãos aos que obedecem tal mandamento, pois o verso termina dizendo: “sejam prósperos os que te amam”.

 

 Conclusão

 

Cinco razões bíblicas que nos levam a nos importarmos com Israel. Amar Israel, interceder pelo povo e se comprometer em fazer parte do avanço missionário entre os judeus levando a eles as boas novas de Jesus, O Messias, é algo que alegra o coração de Deus. Quando, como Igreja, consideramos Israel de maneira positiva, estamos alinhados com a vontade de Deus que disse a Abrão que abençoaria todos aqueles que abençoassem a nação que estava para se iniciar por meio dele.

Que Deus os abençoe.


Por Romualdo Santos
Pastor, docente, vice presidente do Instituto Tzadik Baemunah e diretor administrativo executivo da Editora Davar. 
Romualdo, é parte do time responsável pela gestão e desenvolvimento de parcerias estratégicas que dá suporte à Diretoria
do Instituto Tzadik BaEmunah e da Editora Davar.

Rabino Yitschak Lichtenstein

Rabino Yitschak Lichtenstein

 

 

Nascimento: Hungria, 1824.
Morte: Budapeste, Hungria, 16 de outubro de 1909.
S’michá (Ordenação Rabínica): 20 anos, rabino distrital
de Tapiószele, Hungria.

 

Biografia por Henry Einspruch, com notas
autobiográficas.

 
Ele ainda não tinha completado vinte anos quando se tornou rabino, e depois de oficiar por muito tempo em diferentes comunidades ao norte da Hungria, Yitschak Lichtenstein finalmente se estabeleceu como rabino distrital de Tapiószele. Ele permaneceu ali por quase quarenta anos, trabalhando incessante e altruisticamente em prol de seu povo.

No início de seu ministério, um professor judeu da escola pública de seu distrito mostrou-lhe, casualmente, uma Bíblia alemã. Ao folhear o livro, seus olhos depararam-se com o nome “Jesu Christi”. Ele ficou tão furioso que repreendeu o professor, veementemente, por ter algo desse tipo em sua posse. Depois, arremessou o livro para o outro lado da sala, o qual caiu em uma prateleira onde, empoeirado e esquecido, permaneceu por mais de trinta anos.

Por volta daquele período, uma onda implacável de antissemitismo atingiu a Hungria, culminando no, agora histórico, “Caso Tiszaeszlar”. Naquela pequena e pitoresca cidade húngara, situada no Tisza, doze judeus e uma judia foram lançados na prisão, acusados de terem matado uma garota cristã com o intuito de usar o seu sangue para fins rituais — sendo que a parte mais trágica do caso foi o fato de um menino judeu, que fora tirado de seus pais pelo comissário de polícia, ter sido forçado, mediante ameaças e crueldades, a apresentar-se como testemunha principal contra o próprio pai (assistente da sinagoga) e a contar uma história inventada, circunstancial, sobre a garota supostamente assassinada.

Como em todos os outros casos em que essa denúncia diabólica era feita contra os judeus de Tiszaeszlar, a acusação de sangue, em última análise, provava-se falsa e infundada. Vale a pena lembrar que, naquela ocasião, muitos cristãos verdadeiros, dentre os quais se destaca o Dr. Franz Delitzsch, da Universidade de Leipzig, levantaram-se não apenas para defender os judeus, mas também para desmascarar todos os que, através de seus atos, escandalizavam Yeshua aos olhos da comunidade judaica.

O estado mental do rabino Lichtenstein, durante esse período, é melhor revelado em seu Judenspiegel (Espelho Judaico):

“‘Muito me afligiram desde minha juventude — podes declará-lo, ó Yisrael!’ (Salmos 129:1). Não é preciso uma longa explicação para mostrar que, nessas poucas palavras, o salmista resume as amargas experiências e aflições que nós, ao menos a geração mais velha, temos sofrido desde a juventude até agora pelas populações cristãs ao nosso redor.

Zombaria, escárnio, violência e toda sorte de humilhação têm sido a nossa porção até mesmo pelas mãos de crianças cristãs. Eu ainda me lembro das pedras que eram atiradas contra nós enquanto saíamos da sinagoga, e como, durante os banhos no rio, éramos obrigados a assistir, impotentes, as nossas roupas serem lançadas na água ao som de risos e deboche.

Certa vez, com choro e grande pesar, vi meu ser derrubado ao chão, sem a menor hesitação, por um assim chamado “nobre”, apenas porque ele não lhe cedeu espaço, rápido o bastante, em um caminho estreito. Mas sabemos muito bem que essas tristes experiências não são facilmente esquecidas; quisera Deus que tamanha perseguição contra os judeus, por parte dos cristãos, não passasse de uma vírgula insignificante em um longínquo passado!

Conforme as impressões da tenra idade se aprofundam — e mesmo durante o ápice de minha vida, eu não tinha motivos para mudar essas percepções —, não é de admirar que eu cheguei a considerar o próprio Yeshua como a praga e a maldição dos judeus; a origem e o promotor de nossas angústias e perseguições.

Os anos se passaram, e tornei-me adulto, abraçando e nutrindo tal convicção até à velhice. Eu não fazia ideia sobre a diferença entre a verdadeira fé Messiânica e o Cristianismo meramente nominal; eu não sabia nada a respeito de Yeshua, o Messias. Por mais estranho que pareça, foi a terrível acusação de sangue, em Tiszaeszlar, que me levou a estudar a Nova Aliança pela primeira vez. Aquele julgamento trouxe à luz, diretamente de seus esconderijos, todos os nossos inimigos, e mais uma vez, o clamor ecoou como nos tempos de outrora: ‘Morte ao judeu!’ O frenesi foi excessivo, e entre os principais líderes, encontravam-se muitos que usavam o nome de Jesus e sua doutrina como um subterfúgio para encobrir os seus próprios feitos abomináveis.

Essas práticas ímpias de homens que vestiam o nome de Jesus apenas para promover seus intentos malignos despertaram a indignação de alguns cristãos verdadeiros, os quais, com canetas de fogo e vozes de advertência, denunciaram a cólera falaciosa dos antissemitas. Nos artigos escritos por tais homens, em defesa dos judeus, deparei-me muitas vezes com passagens em que o Messias era descrito como aquele que traz alegria aos homens — o Príncipe da Paz, o Redentor —, cujas boas novas são enaltecidas como uma mensagem de vida e amor para todas as pessoas. Fiquei surpreso e mal pude acreditar em meus olhos quando avistei, em um canto escondido, a Nova Aliança que, trinta e poucos anos antes, eu havia tirado, com grande indignação, de um professor judeu. Como posso expressar a sensação que tive ao virar aquelas páginas e ler o seu conteúdo?

Não haviam me contado nem mesmo a metade sobre a grandeza, poder e glória desse Livro; um livro anteriormente proibido para mim. Tudo parecia tão novo, e no entanto, tão familiar; como a visão de um velho amigo que tirou suas roupas empoeiradas e desgastadas para usar trajes festivos, como um noivo em vestes nupciais ou uma noiva adornada com joias”.

Por dois ou três anos, o rabino Lichtenstein manteve suas convicções trancadas em seu coração. O que ele fez, porém, foi ensinar à sinagoga algumas doutrinas novas e estranhas que despertaram tanto o interesse quanto o espanto de seus ouvintes. Por fim, ele não conseguiu mais se conter. Em determinado Shabat, durante o sermão, ele discorreu sobre a parábola dos sepulcros caiados, dizendo, abertamente, ter extraído o assunto da Nova Aliança. Em seguida, apresentou Yeshua como o verdadeiro Messias e Redentor de Yisrael. Com o passar do tempo, ele incorporou suas ideias em três materiais publicados consecutivamente, os quais tiveram grande repercussão entre os judeus não apenas da Hungria, mas de todo o continente europeu — o que não é de admirar, já que se tratava de um rabino maduro e respeitado, ainda no ofício, conclamando seu povo, com palavras calorosas, a abraçar a bandeira do há muito desprezado Yeshua de Natséret1, recebendo-o como seu verdadeiro Messias e Rei.

Inevitavelmente, tão logo a liderança da comunidade judaica compreendeu as implicações da posição e dos escritos de Lichtenstein, rios de perseguição irromperam contra ele. Desde os púlpitos sinagogais até a imprensa judaica, a acusação de apostasia era-lhe constantemente imputada, e aquele que, poucas semanas antes, era contado entre os líderes e mestres mais nobres, agora, era apresentado como uma desgraça e uma vergonha à nação; tudo porque ousou pronunciar o odiado nome de Yeshua.

Foi espalhado um boato difamatório de que ele se vendera aos missionários. Alguns até mesmo alegaram que ele nunca chegou a escrever os panfletos, mas que, na verdade, foi subornado a assiná-los com o próprio nome. Ele teve de comparecer, mediante intimação, à assembleia do rabinato em Budapeste. Ao adentrar o salão, ele foi saudado com as palavras: “Retrate-se! Retrate-se!”. “Senhores,” — disse o rabino — “eu certamente me retratarei se vocês me convencerem de que estou errado”.

O grão-rabino Kohn propôs um acordo. Lichtenstein poderia acreditar no que quisesse, em seu coração, desde que parasse de ensinar sobre Yeshua. Quanto àqueles panfletos horríveis que ele já escrevera, os danos poderiam ser reparados de forma bastante simples. O Sínodo dos rabinos elaboraria um documento para explicar que Lichtenstein agira em um breve momento de insanidade. Tudo o que ele precisaria fazer seria assinar a declaração. O rabino Lichtenstein respondeu, calmamente — embora indignado —, que a proposta era muito estranha, uma vez que ele gozava de suas plenas faculdades mentais. Sendo assim, os rabinos exigiram que ele renunciasse ao seu cargo e se convertesse ao Cristianismo, formalmente, por meio do batismo. Mas ele replicou, dizendo que não tinha o menor interesse em se juntar a uma igreja, pois encontrara o verdadeiro Judaísmo na Nova Aliança, e queria permanecer com a sua congregação, como antes, ensinando-a na sinagoga.

E ele o fez, apesar das muitas perseguições e difamações que sofreu. Em sua posição oficial como rabino distrital, ele continuou ensinando a Nova Aliança. Essa era uma prova comovente de seu grande apego à comunidade local, que era a única detentora de plenos poderes para solicitar a sua exoneração. Aliás, muita pressão foi feita contra eles, de modo que alguns membros da congregação e os parentes de sua esposa foram completamente arruinados por boicotes comerciais, e ainda assim, permaneceram fiéis a ele.

A essa altura, o rabino Lichtenstein e seus escritos haviam-se tornado amplamente conhecidos, e muitas organizações cristãs procuravam os seus serviços. O Papado, por sua vez, logo percebeu a importância do homem, de modo que um emissário especial, enviado pelo Papa, foi a Tapiószele com ofertas tentadoras para que, se possível, ele se entregasse ao serviço de Roma. Sua resposta era a mesma para todos:

“Permanecerei entre o meu próprio povo. Amo o Messias e creio na Nova Aliança, mas não tenho a menor vontade de me juntar à Cristandade. Assim como o profeta Yirmeyá, após a destruição de Yerushaláyim — a despeito das generosas ofertas de Nevuchadnetsár2 e do capitão de sua hoste —, escolheu permanecer e lamentar entre as ruínas da Cidade Santa, junto com o remanescente de seus irmãos, assim também permanecerei entre os meus próprios irmãos, como um sentinela do lado de dentro, implorando-lhes que contemplem Yeshua, a verdadeira glória de Yisrael”.

Por fim, depois de perder tudo na tentativa de socorrer alguns dos membros de sua congregação, e com a saúde muito debilitada em decorrência das inúmeras angústias e provações (como resultado de sua ousada defesa pela verdade), ele renunciou, voluntariamente, ao seu cargo de rabino distrital.

Ele estabeleceu-se em Budapeste, onde achou amplo escopo para os seus talentos. A oposição, entretanto, foi implacável: Ele era seguido e até mesmo fisicamente agredido na rua. Seu barbeiro foi subornado por cinquenta Kronen (coroas austro-húngaras) para desfigurar a sua linda barba. Seu senhorio vigiava meticulosamente todos os que o visitavam, reportando para as autoridades rabínicas.

Por outro lado, ele era constantemente entrevistado e abordado por judeus de todo tipo. “A sabedoria eleva em plena rua a sua voz, e grita suas palavras pelas praças (Provérbios 1:20)”, escreveu certa vez a David Baron, seu amigo.

“Médicos, professores e oficiais, bem como mulheres instruídas, vêm à minha casa. Muitas famílias influentes também nos visitam, as quais repudiam a conduta severa do rabinato local em relação a mim. Muitos estrangeiros também me visitam. Frequentemente, tenho discussões sérias e profundas com talmudistas e rabinos vindos de longe, os quais desejam restaurar-me ao meu bom senso. Mas vale a pena mencionar que muitos deles, desprovidos de qualquer conhecimento sobre a Nova Aliança, logo depois de me encararem, inexpressiva e incredulamente, enquanto eu cito seus sublimes ensinamentos, imploram que eu lhes forneça uma cópia”.

Por mais de vinte anos, o rabino Lichtenstein testemunhou, em diversas partes do continente, a verdade acerca de Yeshua, o Messias. Em determinado momento, as tempestades de controvérsia, desentendimento e antagonismo começaram a pesar sobre ele. Seu espírito, contudo, permaneceu inabalável. Por volta daquela época, ele escreveu:

“Queridos irmãos judeus, eu fui jovem, e agora sou velho. Atingi a idade de oitenta anos, da qual o salmista fala como sendo o ápice da vida humana sobre a Terra. Enquanto outros da minha idade estão colhendo os frutos de seu trabalho, eu estou sozinho, quase abandonado, porquanto ergui a voz em advertência: ‘Retorna, ó Yisrael, ao Eterno, teu Deus, porque tua iniquidade provocou todos esses tropeços! Busca [estas] palavras sinceras e com elas retorna ao Eterno’ (Oseias 14:2-3a). ‘[Beijai o Filho,] para que Ele não liberte Sua ira e vosso caminho conduza ao abismo’ (Salmos 2:12).

Eu, um honrado rabino por quarenta anos, sou tratado agora, na minha velhice, por meus amigos, como alguém possuído por um espírito maligno, e por meus inimigos, como um desertor. Tornei-me um alvo de zombadores que apontam o dedo para mim. Mas enquanto eu viver, ‘Escalarei meu posto de vigília’ (Habacuque 2:1) — ainda que eu permaneça ali completamente sozinho. Ouvirei as palavras de Deus, e esperarei pelo dia em que Ele retornará a Sião, com misericórdia, e Yisrael encherá o mundo com seu jubiloso clamor: ‘Hoshá-Na ao Filho de David. Bendito é o que vem em nome do Eterno! Hoshá-Na nas alturas!’ (Mateus 21:9)”.

De forma bem repentina, ele adoeceu e não resistiu por muito tempo. Ao perceber que o seu fim estava próximo, dirigiu-se à sua esposa e à enfermeira:

“Deem os meus sinceros agradecimentos e saudações aos meus irmãos e amigos. Boa noite, meus filhos. Boa noite, meus inimigos; vocês já não podem mais me ferir. Há um só Deus e Pai de todos os que são chamados filhos no céu e na terra, e um só Messias, que deu a sua vida na árvore maldita para a salvação dos homens. Em Tuas mãos, confio o meu espírito!”.

O dia foi sombrio: eram oito horas da manhã de uma sexta-feira, dia 16 de outubro de 1909, quando o venerável rabino partiu para a presença do Eterno.


Excertos de Cartas Pessoais (Do Rabino Lichtenstein para o seu filho Dr. Emmanuel Lichtenstein)

“Por Sua divina providência, chegou às minhas mãos, acidentalmente, uma Nova Aliança que, por muitos anos, eu deixara intocada no canto de uma estante. Em cada linha, em cada palavra, o espírito judaico fluía: luz, vida, poder, perseverança, fé, esperança, amor, santidade; fé ilimitada e indestrutível em Deus; da bondade à prodigalidade; da moderação à renúncia própria; do contentamento à exclusão de qualquer senso de necessidade; compaixão, gentileza, consideração pelo próximo e amor incondicional: tudo isso permeava o livro.

Cada princípio nobre, cada ensinamento de pureza e moral; todas as virtudes patriarcais com as quais Yisrael foi adornado em seu auge — e ainda o é, até certo ponto, como herdeiro da comunidade de Yaakov —, eu encontrei neste livro dos livros, refinados e simplificados, contendo bálsamo para cada aflição da alma, conforto para cada angústia, cura para cada dano moral; renovação de fé e ressurreição para uma nova vida que agrada a Deus.

Eu pensava que a Nova Aliança era de todo impura; uma fonte de arrogância, de egoísmo, de ódio e do pior tipo de violência. Mas assim que comecei a leitura, fui tomado por um sentimento peculiar de familiaridade e de admiração. Uma glória repentina… uma luz resplandeceu minha alma. Estava procurando por espinhos, mas encontrei rosas; descobri pérolas em vez de cascalhos; no lugar de ódio, amor; no lugar de vingança, perdão; em vez de opressão, libertação; em vez de arrogância, humildade; conciliação, não inimizade. Em vez de morte, vida, salvação, ressurreição e tesouros celestiais.

O povo judeu está doente há dois mil anos; em vão, busca a cura e a ajuda de médicos; em vão, gasta todos os seus recursos. Apenas mediante a fé em Yeshua, através do poder que emana do Messias, ele pode encontrar a cura. Que ele contemple Yeshua em sua glória celestial, em sua divindade, exaltado e grande como a eternidade; o Redentor, o Messias, o Príncipe da Paz.

Eu disse: ‘Os dias ensinam a falar e a multiplicação dos anos devem ensinar a sabedoria. Mas há um espírito em cada ser humano, e é o alento do Todo-Poderoso que lhe proporciona o entendimento’ (Jó 32:7-8).

Quando o Sanhedrin3 e os sacerdotes, em Yerushaláyim, quiseram silenciar Shimon Kefa e os Emissários, um fariseu chamado Gamli’el, muito estimado por todo o povo, levantou-se e disse: ‘Deixem esses homens e soltem-nos. Se essa ideia ou movimento tiver origem humana, fracassará. Mas, caso proceda de Deus, não serão capazes de impedi-los; vocês se acharão lutando contra Deus!’ (Atos 5:38-39). Aquela obra provinha do Eterno, pois não pereceu com o passar do tempo. O fogo santo não foi suprimido nem tampouco extinguido pelas muitas tempestades que sobrevieram contra ele; antes, intensificou-se ainda mais, e passados dezoito séculos, ele continua brilhando, mais forte e mais límpido, cheio dos mais enobrecedores pensamentos, estendendo, continuamente, o seu domínio através dos tempos.

As Boas Novas do Messias ultrapassaram Alexandre, que parou às margens do Indo; ultrapassaram Crasso, que parou às margens do Eufrates; ultrapassaram Varo, que parou às margens do Reno; ultrapassaram todos os conquistadores, e só pararão quando alcançarem todo o Yisrael.

‘Nasce o Sol, depois se põe, e se apressa a voltar ao lugar onde de novo virá a nascer. Segue para o sul e chega em círculo até o norte; o vento (por sua vez) gira em círculos e retorna ao lugar de onde partiu’ (Eclesiastes 1:5-6)”.


Trecho de uma Entrevista Pessoal Publicada

“Eu nunca conheci o Eterno até conhecer o Messias. Deus, para mim, era apenas um juiz severo. Agora, no Messias, eu O conheço como um Pai inexprimivelmente misericordioso e infinitamente amável. Através do Messias, eu lanço fora toda preocupação, como um pássaro que, depois de um mergulho no rio, sacode a água de suas asas. Meus inimigos, com escárnio, chamam-me de ‘missionário’. Mas eu lhes respondo: Sim, eu sou um ‘missionário’ no mesmo sentido que Avraham também o foi; no sentido de ter como missão guiar e auxiliar as pessoas no caminho certo. Se eu luto para conduzir pessoas à Verdade revelada em Yeshua, então, eu sou um ‘missionário’. Recentemente, um rabino escreveu-me: ‘Você nos mostrou a escada que conduz ao céu!’. Essa é a minha missão. É certo que temos dez mil promessas no firmamento da Escritura, claras como as estrelas no pináculo da noite, a fim de acender e sustentar a esperança de que os judeus virão, em grande número, ao Senhor Yeshua, o Messias, o grande e bom Médico, e de que eles tocarão a orla do seu manto, recebendo, assim, toda a cura, toda a força e toda a alegria de que necessitam para o seu magnificente propósito na terra e ministério no céu”.4


Notas

1. viz. Nazaré (נצרת).
2. viz. Nabucodonosor (נבוכדנצר).

3. viz. Sinédrio (סנהדרין).
4. O texto original inglês pode ser encontrado em http://realmessiah.org/index.php/en/testimonies.

Rabino Joseph Teichman

Rabino Joseph Teichman

Nascimento: —
Morte: junho de 1988.

Joseph Teichman nasceu e cresceu como o filho de um rabino ortodoxo na cidade de Nova York, nos EUA. Ele seguiu os passos do pai e também foi ordenado rabino ortodoxo. No entanto, diferentemente de seu pai, Joseph concluiu os estudos de doutorado em psicologia.

Quando percebeu que não conseguia mais crer na tradição rabínica, ele passou para a vertente judaica conservadora. Sua esposa, porém, recusou-se a deixar a comunidade ortodoxa. Enquanto Teichman mudou-se para a Califórnia e foi nomeado rabino da sinagoga de Fresno, ela permaneceu no Brooklin com os filhos.

Depois de um tempo, o rabino Teichman mudou-se para Reno, em Nevada, a fim de assumir o cargo de líder da sinagoga conservadora local. E uma vez que vivia no eterno país das possibilidades, ele acabou se tornando o melhor amigo do líder de uma congregação messiânica. Seu amigo, com a ajuda de outros messiânicos, mostrou-lhe que as profecias do Tanach acerca do Messias apontam para Yeshua, o que o impulsionou a investigar o assunto por si mesmo. Sua pesquisa levou-o à decisão de abraçar a fé em Yeshua como o Messias de Israel e seu Salvador pessoal.

Conforme estudava a Nova Aliança, ele crescia e se desenvolvia na fé. Às vezes, dirigia-se à congregação messiânica local, em segredo, para ouvir os estudos. Mas tirando isso, ele mantinha a fé em Yeshua para si mesmo, com muita cautela.

Certo dia, ele decidiu marcar uma reunião urgente com Moishe Rosen, fundador da organização Jews for Jesus (Judeus por Jesus), em São Francisco. A impressão era que Joseph estava sob muito estresse, pois como liderava a sinagoga em Reno, não conseguia compartilhar a sua fé em Yeshua com a congregação. Além disso, ele não tinha certeza do que deveria fazer: pedir demissão ou explicar à congregação sobre Yeshua.

O rabino confessou para Moishe Rosen que, por quase dois anos, ele vinha lutando com aquele mesmo problema, o qual começou a desgastá-lo. Na verdade, ele encontrou alívio — até certo ponto — ao confessar sua fé em Yeshua para outro judeu, tirando, assim, o peso dos ombros. Depois de alguns meses, nos quais Teichman visitou Moishe Rosen, ele começou a entender que tinha o dever de falar sobre a sua fé em Yeshua, como o Messias judeu, aos membros da sinagoga. E ele sabia qual seria o resultado: o término imediato de seu ofício e de sua carreira como rabino; algo que influenciaria não apenas o seu status pessoal, social e financeiro, mas também toda a sua família. Ciente das sanções que poderia sofrer, ele não conseguiu se abrir para os membros da sinagoga. Por causa do medo, manteve sua fé em segredo.

Questionado sobre o que fazia quando as pessoas da sinagoga o procuravam buscando conselhos espirituais, ele respondeu que era inundado por tristeza e angústia, pois sabia que o Messias era o único que poderia resolver seus problemas.

Muito embora tenha mantido sua fé em segredo, ele encontrou meios para falar de Yeshua, o Messias, às ovelhas do seu pastoreio. O rabino Joseph Teichman é um dos muitos exemplos de perseguição que os judeus messiânicos, em Israel e no mundo todo, sofrem às custas de ultra-ortodoxos fanáticos, apenas porque sua fé é diferente. Perseguições desse tipo também existem nos dias de hoje, e podem incluir violência (tanto verbal quanto física), humilhações públicas e até mesmo tentativas de homicídio — tudo isso em nome de D’us e com a aprovação de rabinos.1


Notas

1. O texto original hebraico pode ser encontrado em https://igod.co.il/יהודים-משיחיים/עדויות-רבנים/הרב-יוסף-טייכמן/.

Rabino Dr. Kaufmann Kohler

Rabino Dr. Kaufmann Kohler

Nascimento: Baviera, Alemanha, 1843.
Morte: Nova York, EUA, 1926.

A conferência religiosa que foi realizada em parceria com a Feira de Chicago, em 1893, trouxe consigo representantes de religiões e credos diferentes, de diferentes partes do mundo. Entre eles, havia um grande número de rabinos da Europa e da América.

Um dos palestrantes foi o Dr. Kaufmann Kohler, o expoente do Judaísmo Reformista mais conhecido da época. Em seu discurso, cujo tema era “A Sinagoga e a Igreja”, o rabino apresentou evidências de que o Judaísmo e o Cristianismo possuem muitas semelhanças entre si. Vejamos, a seguir, um trecho de seu discurso no que tange à personalidade de Yeshua:

“Os rabinos cometem um grave erro quando comparam Yeshua de Natséret1 a Rabí Hilel ou a Fílon, o proeminente filósofo judeu de Alexandria. Yeshua não pertencia a nenhuma vertente; ele era ‘um do povo’. Nele, o ideal dos rabinos essênios2 sobre amor e irmandade atingiram um novo patamar.

Assim como Yochanan, o Imersor3,  Yeshua sentia-se atraído, pelo poder do amor divino, aos menos afortunados dentre o seu povo. Uma vez que era cheio de verdadeira grandeza, ele se relacionava tanto com pastores de ovelha quanto com pecadores e cobradores de impostos — justamente aquelas pessoas que os rabinos essênios consideravam uma ameaça, cujo caminho as levaria para o Inferno, e com as quais, portanto, evitavam qualquer tipo de contato, com medo de serem contaminados por elas. Yeshua, por sua vez, comia e bebia com eles, dizendo:

‘Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel’; ‘Os sãos não precisam de médico, mas sim os doentes’; ‘Ai de vós, escribas e fariseus (isto é, os rabinos de então), hipócritas! Porquanto limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de roubo e lascívia’; ‘Bem profetizou Isaías, o profeta, acerca de vós, hipócritas, conforme está escrito: Este povo Me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim; seu temor para Comigo não passa de um mandamento ensinado por homens’ (cf. Isaías 29:13); ‘Porquanto abandonais os mandamentos de D’us para manter a tradição dos homens’.

Essas são as palavras de um profeta, de um reformador destemido.

Com essa mesma ousadia, fruto de um amor verdadeiro que trazia pecadores de volta a D’us, Yeshua também defendeu uma mulher que, aos olhos dos rabinos, era apenas um instrumento nas mãos de Satán para conduzir o homem ao pecado, rompendo, assim, as amarras que tornava a mulher tão solitária.

Com liberdade de espírito, ele despedaçou os grilhões das ‘leis do Shabat’4,  ao dizer: ‘O Shabat foi feito para o homem, e não o homem para o Shabat’.

Estamos diante do maior pensador de todos; uma personalidade grandiosa, um gênio religioso. Não há – para o nosso povo, de modo geral, e para os líderes judeus, de forma específica – nenhum motivo para odiar o mestre mais humilde e mais admirável de todo Israel.

Não podemos negar que o ideal de vida manifestado nos seguidores de Yeshua é único em termos de excelência e de grandiosidade. Por trás de todos eles, encontra-se uma cativante personalidade do amor e da bondade; uma personalidade mais amada e mais exaltada do que qualquer outra na humanidade: Yeshua. Toda a grandeza do ‘filósofo grego’ e do ‘judeu santo’ está amalgamada, harmoniosamente, naquele que morreu na cruz.

Nenhum padrão de moral, nenhum livro de estudo ou religião consegue causar uma impressão tão profunda como a pessoa de Yeshua, que se posta, como nenhum outro, entre a Terra e os portões do Paraíso, igualmente próximo aos homens e a D’us.

Se ele foi o representante ideal da irmandade essênia? Não! Ele foi a materialização da “irmandade” de toda a raça humana. Yeshua – o amparador dos necessitados, amigo dos pecadores, irmão de todos os que sofrem, consolador dos desafortunados, amante da humanidade, libertador da mulher – ganhou e conquistou o coração dos homens.

De que valeu o orgulho filosófico dos sábios e a corrupção religiosa dos rabinos e sacerdotes em um mundo que estava faminto por D’us e sedento pela redenção do pecado e da crueldade? Aquele era o tempo de Yeshua, maduro para uma revolução social – para a Era Messiânica -, quando o soberbo seria humilhado e o humilde, exaltado. Yeshua, o mais modesto de todos os homens, aquele que, como nenhum outro, é execrado pela nação judaica, foi exaltado e assentou-se sobre o ‘trono de glória’ do mundo, tornando-se o rei de toda a Terra”.

Essas foram as palavras de um respeitado doutor e rabino judeu, o qual, diferentemente da grande maioria dos rabinos ortodoxos, decidiu ler a Nova Aliança por si mesmo, apaixonando-se pela pessoa de Yeshua. Em seu discurso, ele desmantelou aquela noção ultrapassada que muitos rabinos tentam atribuir ao Messias judeu, Yeshua.5


Notas

1. viz. Nazaré (נצרת).
2. Confira o livro זיכרון ונשייה: סודן של מגילות מדבר יהודה, da Dra. Rachel Elior, professora da Universidade Hebraica de Jerusalém, bem como suas palestras em vídeo מי כתב את המגילות הגנוזות e מי דחק את מגילות מדבר יהודה לתהום הנשייה ומדוע, ambas publicadas no YouTube, onde ela refuta, de uma vez por todas, a atribuição da comunidade de Qumran — e, por conseguinte, dos Pergaminhos do Deserto da Judeia (viz. Manuscritos do Mar Morto) — aos essênios. Assista, também, à palestra em vídeo היו נשים בחורבת קומראן? על קברים ומגילות, do Dr. Eyal Regel, professor da Universidade Bar-Ilan.
3. viz. João, o Batista (יוחנן המטביל).
4. Note que Yeshua nunca foi contra o Shabat — longe disso! — , mas sim contra as tradições rabínicas, em forma de decretos normativos, que afastavam as pessoas do cerne desse belo mandamento.
5. O texto original hebraico pode ser encontrado em https://igod.co.il/יהודים-משיחיים/עדויות-רבנים/הרב-דר-קאופמן/.

Rabino Daniel Tsion

 Rabino Daniel Tsion

Nascimento: Tessalônica, 1883.
Morte: Haifa, Israel, 1979.
Viveu e oficiou em Sófia, Bulgária,
durante a Segunda Guerra Mundial.

Biografia por Joseph Shulam, seguida por notas autobiográficas.

Após a Guerra dos Balcãs, em 1912, muitos milhares de judeus imigraram para a Bulgária. Conforme a comunidade crescia, também crescia a necessidade por mais rabinos. Em 1918, uma mensagem foi enviada de Sófia para Tessalônica, o centro cultural judaico, solicitando que rabinos fossem enviados. Por isso, o chefe da yeshivá em Tessalônica enviou seu jovem filho, Daniel Shelomo Tsion, para servir a comunidade em Sófia, onde, mais tarde, seria eleito o grão rabino da Bulgária. A maior realização do rabino Daniel Tsion foi sua atividade durante os anos da guerra.

No início da década de 1930, o rabino Tsion foi convidado para visitar Dunnov, professor de um tipo místico de Cristianismo. Pode-se dizer que ele aprendeu quatro coisas com Dunnov: comer apenas alimentos vegetarianos, acordar bem cedo, começar o dia com orações contemplando o nascer do sol e fazer exercícios físicos diários. Dunnov também lhe apresentou Yeshua como sendo o Messias e o Salvador de Israel, ressaltando sempre o estilo de vida simples de seus primeiros discípulos.

De acordo com o rabino Tsion, a maior mudança em sua vida aconteceu quando Yeshua apareceu para ele, em uma visão, enquanto fazia suas orações e contemplava o nascer do sol.  Mas como ele não sabia o que a visão significava, perguntou a outros rabinos o que deveria fazer a respeito. Depois de ter tido a mesma visão pela terceira vez, ele virou-se para a figura e falou com ela. A figura cintilava diretamente do sol, e a impressão que Daniel Tsion teve era de que ela lhe respondera de volta, identificando-se como Yeshua.

O rabino sabia que precisava encontrar uma fonte de informação que o ajudasse a lidar com a visão e a compreender o seu significado. A essa altura, Daniel Tsion dirigiu-se ao patriarcado da Igreja Ortodoxa Grega, em Sófia, e fez amizade com o arquimandrita Stephen. Eles desenvolveram uma grande amizade e uma franca troca de ideias sobre diversos assuntos espirituais, incluindo Yeshua e a “igreja primitiva”. O patriarca, que era bem versado no relacionamento delicado entre judeus e cristãos, apenas encorajou o rabino a deixar de lado o Cristianismo e a concentrar-se no próprio Yeshua.

O rabino Tsion nunca se converteu ao “Cristianismo”. Ele tão somente passou a crer em Yeshua, permanecendo fiel ao estilo de vida observante da Torá. Seu sentimento para com Yeshua, o Messias, pode ser melhor exprimido em uma canção que Daniel Tsion escreveu acerca de sua fé:

Não, não eu; não, não eu; apenas tu és Yeshua em mim!

Apenas tu me trazes perante o Deus dos meus antepassados,

Apenas tu podes curar-me de toda enfermidade maligna,

Não, não eu; não, não eu; apenas tu és Yeshua em mim!

Apenas tu me ensinas a amar toda a criação,

Apenas tu me ensinas a amar até mesmo o inimigo,

Não, não eu; não, não eu; apenas tu és Yeshua em mim!

Dessarte, permanecerei em teu amor,

Para sempre estarei dentro da tua vontade,

Não, não eu; não, não eu; apenas tu és Yeshua em mim!

O rabino Tsion começou a reunir um grupo pequeno e bem seleto de judeus para estudar a Nova Aliança, em sua casa, todo Shabat à tarde. Dentre esses judeus, estavam alguns dos membros mais proeminentes da comunidade judaica em Sófia.

A fé de Daniel Tsion em Yeshua, o Messias, tornou-se um segredo amplamente difundido entre a comunidade judaica da Bulgária. No entanto, sua posição era tão honrosa e seus serviços, tão altamente estimados, que nenhum dos oficiais judeus em Sófia ousavam criticar o rabino abertamente. Ele continuou bem inserido na estrutura da comunidade judaica da Bulgária, e não parou de viver como um judeu ortodoxo em todo o rigor da observância da Torá, de modo que não havia embasamento para seus oponentes acusarem-no de heresia. Nos bastidores, porém, a liderança da comunidade judaica começou a isolá-lo lentamente.

Quando a Alemanha nazista ocupou a Bulgária, o rabino Tsion era o líder espiritual da comunidade judaica, o que acabou por torná-lo objeto de perseguição e zombaria. Tomaram-no à força e açoitaram-no, publicamente, em frente à Grande Sinagoga de Sófia. Durante aquele período, Daniel Tsion andava ereto perante os fascistas; sua única reação era clamar a Deus.

Em 1943, o governo local tomou a decisão, sob pressão dos alemães, de expulsar os judeus da Bulgária. No dia 23 de maio, o rabino Tsion reuniu todos os judeus na sinagoga central de Sófia, que é a segunda maior sinagoga de toda a Europa. Cada judeu na cidade veio à sinagoga e orou para que a decisão maligna fosse revertida. Daniel Tsion disse publicamente a toda a comunidade: “É melhor morrermos aqui do que na Polônia”.

Quando os judeus saíram da sinagoga, a polícia atacou a multidão com cassetetes, prendendo cerca de duzentos e cinquenta homens. O povo continuou marchando em direção ao Santo Sínodo e exigiu uma reunião com o metropolita Stephen, que era respeitado pela comunidade judaica devido à sua atitude amigável para com eles. Stephen prometeu aos judeus que ele se encontraria com o rei e com os ministros, na tentativa de influenciá-los a mudar sua atitude e cessar a perseguição contra a comunidade judaica.

Apesar de seus esforços, em 25 de maio de 1943, a expulsão dos judeus de Sófia começou. A Comissão Geral de Assuntos Judaicos [Commissariat General aux Questions Juives] levou de Sófia 10.153 judeus e 3.500 homens, colocando-os em campos de trabalho forçado em cidades provinciais. Restaram apenas 2.300 judeus em Sófia. A Igreja Ortodoxa Búlgara continuou intercedendo pela comunidade judaica junto ao rei e aos ministros. A Igreja foi uma das maiores pedras de tropeço na empreitada do governo búlgaro de enviar os judeus para Auschwitz.

Levanta-se, então, a pergunta: Por que a Igreja Ortodoxa da Bulgária era tão amigável com os judeus? O verdadeiro motivo jaz no relacionamento especial que o metropolita Stephen e o rabino Daniel Tsion nutriam um para com o outro.

Quando se falou em deportar a comunidade judaica para a Alemanha, o rabino Tsion e seu secretário, A. A. Anski, escreveram uma carta ao rei da Bulgária. Nela, Daniel Tsion implorou, em nome de Yeshua, que o rei não permitisse que os judeus fossem expulsos do país. Ele também contou que vira Yeshua, em uma visão, dizendo-lhe para advertir o rei quanto a entregar os judeus para os nazistas. Depois de uma longa provação, esperando horas à porta do palácio real, em Sófia, o rabino e seu secretário conseguiram entregar a carta ao secretário do rei. No dia seguinte, o rei iria à Alemanha para uma reunião com o governo nazista e com o próprio Hitler. O rei Boris manteve-se firme e não se rendeu à pressão nazista para entregar os judeus da Bulgária à morte certa nos campos de concentração da Polônia e da Alemanha.

No dia 9 de setembro de 1944, o governo fascista da Bulgária caiu, bem como o comunista, sob o padronado da Rússia. Daniel Tsion continuou sendo o líder e o grão-rabino da Bulgária até 1949, quando, acompanhado de grande parte da comunidade judaica búlgara, imigrou para Israel.

Na Terra Santa, ele foi imediatamente aceito como o rabino dos judeus búlgaros. Em 1954, quando o rabino Shemuel Toledano se tornou grão-rabino de Israel, ele convidou Daniel Tsion para ser juiz na corte rabínica de Jerusalém. Quando rumores de que o rabino Tsion era um crente em Yeshua começaram a circular, Toledano convidou-o a seu escritório para perguntar-lhe, pessoalmente, sobre esses boatos. Daniel Tsion explicou a sua posição, dizendo que reconhecia Yeshua como o Messias judeu, mas que não aceitava o Cristianismo como a verdadeira expressão do ensino e da pessoa de Yeshua. Ora, o rabino Toledano disse que ele poderia viver com essa posição — desde que a guardasse para si. Quando Daniel Tsion argumentou que uma mensagem tão importante assim não poderia ser mantida em segredo, Toledano viu-se forçado a levar o rabino Tsion perante a corte rabínica, deixando a cargo dos outros rabinos o que deveria ser feito.

Na corte, evidências da fé de Daniel Tsion em Yeshua, o Messias, foram apresentadas na forma de quatro livros que ele escrevera, em búlgaro, sobre Yeshua. O direito de resposta foi-lhe dado. Eis as palavras que o rabino Tsion proferiu em sua própria defesa:

“Sou pobre e debilitado, perseguido e vulnerável; Yeshua conquistou-me e honrou-me com um Novo Homem. Com seu grande amor, libertou-me do meu eu afligido com pobreza; ele me estima”.

“Todos os dias, o mal sagaz deseja roubar a minha fé; eu me apego ao meu encorajador e expulso Satán. Apresento-me aqui sozinho em minha fé; o mundo todo está contra mim. Estou disposto a abrir mão de toda honra e toda glória que os homens possam oferecer-me, por amor ao Messias, meu companheiro”.

Muito embora a corte tenha removido o título rabínico de Daniel Tsion, os judeus búlgaros continuaram a honrá-lo como seu rabino. Um judeu russo, crente em Yeshua — que foi um dos primeiros colonos sionistas em Rishon LeZion —, deu ao rabino Tsion um prédio na Rua Yeffet, no coração de Jafa, para que se tornasse uma sinagoga. Ali, Daniel Tsion oficiou até o dia 6 de outubro de 1973. Naquela sinagoga, o rabino Tsion não falava abertamente sobre Yeshua com muita frequência, mas contava, em diversas ocasiões, histórias e parábolas extraídas da Nova Aliança. Todavia, em cada Shabat, após o serviço sinagogal, ele trazia para casa um grupo de membros da sinagoga a fim de ensiná-los sobre Yeshua e a Nova Aliança, durante a tarde inteira, até que chegasse a hora de voltar à sinagoga para as orações da noite.

O rabino Tsion escreveu centenas de canções sobre Yeshua, o Shabat e a boa vida. Ele também escreveu livros sobre vegetarianismo, alimentação saudável e estilo de vida natural. Yeshua era seu salvador e amigo, e até o fim de sua vida, Daniel Tsion viveu à altura do poema que escreveu baseado no acróstico de seu nome (דניאל ציון), chamado “Servo de Deus”:

A Palavra (דברdevar) de Deus é meu caminho,

A Lâmpada (נרner) de Deus é minha guia,

O Temor (יראתyir’at) de Deus é o princípio da Sabedoria,

O Amor (אהבת’ahavat) de Deus é minha Vida,

Fazer (לעשותla‘assot) a vontade de Deus é minha aspiração,

Justiça (צדקtsedek) e Retidão são meus objetivos,

Seus Sofrimentos (ייסוריםyisurim) são minha expiação,

Ora, Ele protejerá (ויגןveyaguen) todos os teus caminhos;

O Eterno (נצחnetsach) de Israel é meu conforto.

Em 1979, aos 96 anos, o rabino Tsion partiu para o Mundo Vindouro. A comunidade judaica búlgara de Israel concedeu-lhe pleno status e honra militares. Seu esquife ficou no centro de Jafa sob guarda militar, e ao meio-dia, foi carregado por homens, a pé, até o cemitério de Holon. Ele foi enterrado como o grão-rabino dos judeus búlgaros que os salvou do Holocausto Nazista. Ele era 100% judeu e 100% discípulo de Yeshua, o Messias.

DISCURSOS E ESCRITOS PESSOAIS


TESTEMUNHO NA RÁDIO ISRAELENSE “KOL YISRAEL” (14 de setembro de 1952)

O rabino Tsion teve a oportunidade de contar sua experiência no “Kol Yisrael” (Voz de Israel), a estação de rádio oficial na Terra Santa. Algo assim nunca fora permitido antes. A seguir, encontra-se parte da transcrição de seu discurso:

“Há mais de vinte anos, tive a oportunidade de ler a Nova Aliança pela primeira vez. Ela me influenciou grandemente. Comecei a falar sobre ela em um pequeno grupo na Bulgária. Eu sempre lamentei o fato de que Yeshua, o Messias, foi alienado da comunidade de Israel. Ele não fez nada além do bem para o povo judeu: chamou-os ao arrependimento, proclamou o Reino de Deus e o Amor Divino, um amor para com todos os homens, até mesmo para com os inimigos. Para a nossa grande lástima, tivemos que pagar um alto preço pelo pecado de rejeitar o verdadeiro Messias. Mas eu preciso confessar: minha posição de rabino não permitiu que eu saísse ao mundo, aberta e prontamente, para declarar essa verdade — até que Deus, em Sua grande misericórdia, libertou-me de todo medo. Ele trouxe-me a essa Terra de Israel, onde, a princípio, revoguei minhas atribuições como um rabino de Jafa”.

“Depois que abri mão da minha posição (como grão-rabino de Jafa), fui a Jerusalém, onde, por um mês inteiro, dediquei-me a jejuns, orações e súplicas. Foi então que eu pedi a Deus que me mostrasse o caminho certo; e o Todo Poderoso ouviu minha oração. No primeiro dia de Shevat, 5710 (janeiro/fevereiro de 1950), o Espírito Santo revelou-me que Yeshua de fato é o Messias, o qual sofreu por nós e sacrificou-se pelos nossos pecados. Um fogo ardente em meu coração não me deu descanso até que eu confessei, publicamente, a minha fé no sangue expiatório do Senhor Yeshua, o único e verdadeiro Messias de Israel”.

“Apesar de todas as dificuldades, perseguições e sofrimentos pelos quais passei, incessantemente, nada poderia dissuadir-me de minha fé. Muito pelo contrário! Deus, a quem eu dera meu coração e para quem eu recorro em todas as minhas necessidades, tem-me dado a força e o poder para continuar o meu testemunho. Ele falou comigo através de um verso do Tanach (Isaías 41:10): “Não temas, porque Eu estou contigo; não te amedrontes, pois sou teu Deus. Hei de fortalecer-te, te ajudar e te sustentar com Minha destra vitoriosa”. “Por isso, entendo que uma grande e importante tarefa me foi confiada pelo Deus Eterno, a qual preciso cumprir a qualquer custo. Não pensem que eu deixei o Judaísmo. Longe de mim! Sempre serei judeu, e a verdade é que tenho me tornado cada vez mais judeu, pois o próprio Yeshua permaneceu judeu”.

UMA MENSAGEM PARA OS RABINOS

A seguir, encontra-se um trecho de uma mensagem que o rabino Tsion deu aos seus colegas, os rabinos de Israel, perante quem ele foi julgado:

“Eu sei que, de acordo com o seu conhecimento e ideias, passei a seguir um caminho errado quando aceitei Yeshua como Messias e Redentor. Diante do banco de testemunhas do Céu, eu disse-lhes que orei ao Eterno, com lágrimas e jejuns, por muitos anos, para que Ele me guiasse no caminho da retidão, a fim de que eu realizasse apenas a Sua vontade, e não a minha. Contei-lhes sobre a forma maravilhosa como Yeshua revelou-se a mim — não uma, mas muitas vezes. Vocês contestaram, alegando que era tudo imaginação e ilusão. Perdoem-me, por favor, quando eu digo que são os senhores que estão imaginando, e que as coisas reais e verdadeiras parecem-lhes ilusões”.

“Eu sei que a educação limitada e os altos cargos dos rabinos são um véu, ocultando-lhes a verdade. Vocês não conseguem mais julgar de maneira objetiva. Eu também sofri com isso, mas Deus, em Sua graça, pelo Espírito Santo, mostrou-me a reta vereda, apesar dos meus pecados. Tenho sido guiado por Ele há anos, e Ele conduz-me pelo caminho da retidão. Portanto, digo-lhes: mesmo se eu fosse o único a crer em Yeshua como o Messias, eu não consideraria isso como imaginação. Ora, vejo que milhões de homens o reconhecem, dentre os quais milhares de judeus altamente instruídos. Até mesmo alguns rabinos creem em Yeshua como o Messias. Será que eles também são vítimas do engano e da imaginação?”.

“Se vocês, rabinos, orassem a Deus com todo o coração, e lessem atentamente a Nova Aliança, dando a esse livro e ao Messias Yeshua o devido respeito, estou certo de que o Eterno lhes abriria os olhos. Yeshua não fez nada além do bem; ele conclamou Israel ao arrependimento e ao Reino de Deus. Fez muitos sinais e maravilhas, como nenhum profeta antes dele. Quis unir as pessoas, a fim de que amássemos uns aos outros, bem como nossos inimigos. Ele desejou criar uma ponte entre Israel e as nações, pois deve haver paz entre eles, e as profecias de Isaías e de todos os profetas precisam se cumprir, para que o Eterno seja Rei sobre toda a terra”.

“A verdade precisa ser dita: nossos antepassados cometeram um grave pecado quando condenaram à morte aquele que não tinha pecado. Nossos antepassados pecaram e pereceram. Nós sofremos por seu crime. Por acaso queremos continuar sofrendo? Precisamos fazer restituição pelo erro. Precisamos receber Yeshua como um judeu e como o Messias do Eterno. Ele viveu entre os judeus e sacrificou-se pelos judeus, a fim de expiar, com o próprio sangue, os seus pecados. Ele ressuscitou e voltará para redimir-nos com perfeita redenção”.

“Como mensageiro de Deus, eu precisava adverti-los. Primeiro, vem a advertência; depois, o castigo segue. Assim, vocês saberão que o Eterno me enviou, e que não falo por mim mesmo. Os dias de visitação chegaram — os dias da retribuição! Se vocês receberem Yeshua como o verdadeiro Messias, seremos redimidos, pela segunda vez, com perfeita redenção. Se não, muito sofrimento virá sobre o povo de Israel. E a vocês, rabinos, seja dito: ‘Menê, Menê, Tekêl Ufarsin!’” (Daniel 5:25).1


Notas

1. O texto original inglês pode ser encontrado em http://realmessiah.org/index.php/en/testimonies.