JESUS E A LEI DE DEUS

JESUS E A LEI DE DEUS

Durante o breve período em que Jesus ministrou publicamente para os judeus da Galileia, Ele disse muitas coisas que não foram fáceis de ouvir. Seus ensinamentos éticos eram difíceis de aceitar. Sua visão do Reino dos Céus era revolucionária. Mas, através de tudo isso, Sua devoção à Torah (a Lei) permaneceu firme.

Para tranquilizar os Seus ouvintes a respeito disso, Ele proferiu um pensamento muito famoso e mal-entendido.

Devemos entender que Jesus era judeu e pregava para um público judeu.

Embora Ele fosse amado por muitos, alguns de Seus seguidores judeus estavam preocupados que Ele estivesse preconizando uma espécie de antinomismo (ser contra a Lei – o Antigo Testamento).

Mas, essa nunca foi a intenção dele.

No Sermão da Montanha, Jesus assegurou aos Seus discípulos que, apesar do conteúdo revolucionário de alguns de Seus ensinamentos, Ele não tinha nenhuma intenção de “abolir a lei ou os profetas”.

Jesus disse que “de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra” (Mateus 5:18).

O texto original em Grego do Evangelho de Mateus diz “nem um iota”. A letra grega iota é derivada da letra hebraica yod. Seu nome se originou na palavra hebraica yad (יד), que significa “mão”, porque tem a forma de um dedo mindinho. Yod é um tracinho quase invisível.

O público de Jesus falava também Hebraico e teria compreendido de imediato a Sua colocação: o não desaparecer da Lei o menor yod significa que nem mesmo o menor detalhe será eliminado da Torah.

A pergunta que naturalmente surge é: Se Jesus disse que a Lei permanecerá intacta, como Ele mesmo vai instituir uma NOVA ALIANÇA em que muitos preceitos da Lei, seus aspectos cerimoniais, por exemplo, serão abolidos?

A resposta está na própria declaração de Jesus, em Mateus 5:18 (“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido”).

Primeiramente Jesus afirma a total inerrância e absoluta autoridade do Antigo Testamento.

E até a Eternidade futura (quando haverá Novos Céus e Nova Terra), todo o Antigo Testamento permanecerá com seus ensinos, princípios e descrição do Plano de Deus, que são vitais para a correta compreensão da Nova Aliança.

Contudo, quando Jesus disse que “… até que tudo se cumpra”, Ele estabelece que estava cumprindo toda a Lei (Cerimonial e Moral); e, com Sua morte e ressurreição, Ele iria cumprir a Lei Judicial, quer dizer TUDO SERIA CUMPRIDO em Seu ministério (Gálatas 3:13).

Cumprindo toda a Lei, Jesus estabelece a Nova Aliança, que é, em sua natureza, o aperfeiçoamento da Antiga Aliança, tendo nela sua base moral e o cumprimento dos seus símbolos e cerimônias (Hebreus 9 e 10)!

Talvez uma ilustração de W. Wiersbe nos ajude a entender: O que você pode fazer com uma semente? Pode destruí-la por esmagar e neutralizá-la. Ou pode plantá-la, e dela nascerá uma planta nova (de sua natureza) que produzirá frutos e cumprirá o propósito para a qual Deus a criara.

 


Pr. José Nogueira

Pastor Sênior da Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida

Fortaleza – CE

 O TEMPO DE DEUS

 O TEMPO DE DEUS

Lembre-se sempre de que o SENHOR não opera somente com respostas imediatas.

Ele pode fazer as coisas acontecerem imediatamente! Sim, Ele tem poder e autoridade para atender imediatamente à nossa súplica – Ele tem o domínio de tudo e todo o poder em Suas mãos.

Porém, em algumas situações, Ele quer fazer mais do que um milagre circunstancial. Pois, Ele quer fortalecer a nossa fé, fazer amadurecer o nosso espírito, quer também nos fazer crescer em conhecê-lo com mais intimidade, num relacionamento tão sólido que pode enfrentar tempestades, vencer dores, encarar perseguições, e permanecer em paz!

Deus prometeu a Abraão um filho – e Abraão nessa época tinha 75 anos. Porém, o SENHOR somente cumpriu a Sua promessa 25 anos depois. Foram anos de crescimento, de maturidade e de conhecimento de Deus – tão necessários para aquele que depois seria chamado de Pai da Fé e Amigo de Deus!

Nesse período de árdua demora, Abraão estava na Sala de Espera de Deus, aprendendo com suas impaciências, com seus problemas, com os perigos pelos quais teve que passar, e com todas as suas lutas, erros e acertos!

Deus estava trabalhando na vida de Abraão, forjando seu caráter e dando solidez à sua fé. Foi por isso, que, depois de 25 anos de espera, ao nascer seu filho da promessa, ele não tinha dúvida de chamá-lo Isaque, ou seja, sorriso, riso, contentamento!

Você está perseverando no SENHOR? Suas respostas podem estar parecendo demoradas, e você pode se achar fraco e pequeno?

Contudo, concentre-se no que você tem aprendido de Deus, firme-se em sua fé, e acredite que o SENHOR Deus está trabalhando em sua esperança.

Nunca esqueça: O nosso SENHOR trabalha muito bem em silêncio!

YOM RISHON SHALOM!

A Paz de Deus no Primeiro Dia da Semana!


Pr. José Nogueira

Pastor Sênior da Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida

Fortaleza – CE

Não é possível contornar Jerusalém

Não é possível contornar Jerusalém

 

O SENHOR ama as portas de Sião mais do que todas as habitações de Jacó. Coisas
gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus. (Salmo 87. 2, 3)

 

Jerusalém não é populosa como São Paulo, nem rica como Tokyo. Também não é capital de nenhuma potência mundial, não está localizada em um lugar estratégico. Não é sede de grandes multinacionais e em boa parte de sua história tem permanecido sob o domínio de grandes impérios. Todavia, nenhuma outra no planeta e na História esteve tão presente. Nenhum lugar do mundo gerou tantas tensões. Nenhuma outra cidade domina tanto a imprensa ou mesmo a literatura.

Podemos dizer que ela é a cidade mais amada e mais disputada do mundo. Nela se encontra, sem sombra de dúvidas, o ponto nevrálgico da paz mundial. Em suas paredes se abrigam inúmeras esperanças, presentes e futuras, esperanças reais e irreais, justas e injustas. Ali se cruzam as estradas do espaço e do tempo.

As nações puderam, inúmeras vezes, pisar Jerusalém. Muitos têm até mesmo amaldiçoado essa cidade por não entender os mistérios que a rodeiam. Pode-se amá-la ou odiá-la, contudo, é impossível contornar Jerusalém. Ela se encontra no centro das nações e da história.

Não é verdade que todos os caminhos levam a Roma. Eles levam a Jerusalém. Foi lá que Abraão ofereceu Isaque e o Templo foi construído. Foi lá que o Messias morreu por toda a humanidade e foi lá que ele ressuscitou, vencendo a morte para sempre. Foi nessa cidade que o Espírito foi derramado de forma ampla e distinta no dia de Pentecoste. E foi dali que partiram os primeiros missionários para chegar até os confins da terra.

Será contra Jerusalém que as nações se ajuntarão no futuro. Será sobre um de seus montes que o Messias colocará seus pés. E será a partir dela que o Cristo reinará sobre todos os reinos. E então ela será reconhecida afinal, como a cidade do grande Rei.

Deus não escolheu as coisas fortes e nem as coisas sábias deste mundo. Escolheu as coisas loucas e as coisas fracas, para demonstrar ao mundo que só Dele provém a verdadeira força e a verdadeira glória. Jerusalém não desfruta de algum tipo de grandeza, por causa de si mesma. Sua grandeza provém Daquele que a escolheu.

Porém escolhi Jerusalém para que ali estivesse o meu nome… (2 Cr 6.6) Os homens podem ter suas opiniões e podem desenvolver suas teologias. As nações podem fazer seus planos e implementar suas políticas. A ONU pode pensar que tem o domínio do mundo em suas mãos, inclusive o domínio de Jerusalém. No entanto, Jerusalém sempre estará lá para lembrar a todos que Deus e somente Ele é o Senhor da história e que Ele a conduzirá conforme Seus próprios planos e nenhuma ação humana impedirá isso.

Há dois mil anos o próprio Jesus disse que Jerusalém seria pisada pelos povos da terra e por quase dois mil anos isso foi um fato histórico. Todavia, ele mesmo estabeleceu os limites temporais para isso. Ele disse: “..até que o tempo dos gentios se complete…”. O fim do domínio das nações sobre Jerusalém ocorreu há mais de 50 anos. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, os judeus conquistaram a parte oriental da cidade.

Entendemos perfeitamente que Jerusalém só será de fato e de direito a “cidade da paz” quando nela reinar o Príncipe da Paz. Antes disso, todos os acordos e contratos falharão. Todas as tentativas humanas, mesmo as melhores, não serão mais que ilusões. No entanto, após esses 50 anos da conquista de sua liberdade, reconhecemos que as promessas divinas deram mais um passo em direção à sua plenitude. E por isso, queremos abençoar Jerusalém, lembrando o Salmo 122:

“Prosperem os que te amam, ó Jerusalém! Haja paz dentro de tuas muralhas e segurança em teus palácios” Em favor de meus irmãos e amigos suplicarei: “A paz esteja contigo!”


Por Eguinaldo Hélio de Souza
Pastor, jornalista, professor de teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética, seitas,
escatologia, Israel e vida matrimonial.

A Eternidade no coração do Homem

A Eternidade no coração do Homem

 

 

Sempre há muitas perguntas sobre como será a eternidade. E se é difícil descrever de modo pleno e satisfatório nosso mundo hoje, como definir a eternidade? Como caracterizá-la? Em que consistirá esse tempo sem fim com Deus?

Não há como um salvo não questionar a eternidade. Aliás, não há como o ser humano não pensar na eternidade. Ela se apresenta diante de nós e não há como fugir dela, pois é para ela que nossa vida ruma em uma correnteza que não se pode deter.

Também [Deus] pôs a eternidade no coração dos homens; contudo, não podem descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim. (Eclesiastes 3.11)

A mente dos salvos quando sonda o futuro quer ir além do que é possível. Pergunta por coisas para as quais de fato não há resposta. E, no entanto, muitas vezes, deixa de atentar para as respostas dadas por Deus. Falar da eternidade é falar do infinito temporal e por isso não é fácil.

No entanto, lembre-se que qualquer escatologia bíblica jamais poderá ir além do que está escrito (1 Co 4.6). Onde a Bíblia se cala nós também devemos nos calar. E falar com confiança e certeza naquilo que ela revela. Não há qualquer problema em responder diante das questões da eternidade: “Não tenho a menor ideia”, pois ideias não são matéria prima da teologia e sim a revelação.

As Escrituras não nos deixam vislumbrar muita coisa. A verdade, porém, é que nossa mente limitada seria incapaz da absorver uma realidade muito além da nossa. A razão não pode tudo. Sua última ação, segundo Pascal, consiste em constatar seus limites.¹

Quando João descreve o que viu no Apocalipse, principalmente nos capítulos 4 e 5, ele usou frequentemente a expressão “semelhante” e “como”. Não havia como dizer exatamente o que viu, pois em nosso mundo não existe similar. Tudo será muito além do que as palavras que possuímos poderiam expressar, tudo será muito além do que a nossa realidade consegue manifestar. O estado eterno é uma condição infinitamente além do que qualquer condição que tenhamos conhecido. Muito além do que qualquer ficção poderia criar.

Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. (…) Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido. (1 Coríntios 13.10, 12)

Ainda assim temos que pensar a eternidade. Ainda assim, ansiamos por esse tempo além do tempo, essa vida além da vida. E temos que fazer isso conforme a Palavra. E nela, podemos vislumbrar com quem vislumbra o horizonte. Não sabemos tudo sobre a eternidade, sabemos na verdade bem pouco. Isso não significa que não sabemos nada. Sabemos coisas bem preciosas sobre ela.

Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. (1 Coríntios 15.24, 25, 26, 28)

O fim que virá, será o fim da presente era. Na verdade, será o fim que precederá um novo começo, o começo da eternidade, dessa condição de existência indizível. E por este texto, pelo menos algumas coisas sabemos sobre a eternidade.

  1. Será o fim da matéria corrompida

Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. (1 Coríntios 15.54, 55)

Vivemos no mundo pós-Queda e por isso não sabemos o que é viver no mundo original criado por Deus, o qual era “muito bom” (Gênesis 1.31). Toda a matéria ao nosso redor foi corrompida e até o universo, isto é, o cosmo, “envelhece como um vestido” (Salmo 102.26). Toda a natureza geme, pois por causa do pecado ficou entregue à efemeridade (Romanos 8.19-21). Essa condição, no entanto, terá fim para dar lugar a um novo começo.

  1. Será o fim dos opositores de Deus

quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força (1 Coríntios 15.24)

Tanto na terra, seus governantes, quanto no céu, os principados e potestades, se opõe a Deus. Vivemos em um mundo que se opõe à vontade do seu Criador e Senhor e embora ele ria de tal situação, ela existe e é dolorosa para nós que nos submetemos a Ele (Salmo 2.1-3). Na eternidade porém, nada se oporá a Ele e o alinhamento à vontade divina que um dia existiu no universo voltará a ser uma realidade. Sua vontade será feita plenamente, tanto na terra, quanto nos céus, tanto na esfera física quanto na esfera celestial. Principados e potestades, no céu e na terra, serão definitivamente vencidas.

Naquele dia o Senhor castigará, no alto, as potestades nos céus, e embaixo, os reis da terra (Isaías 24.21)

  1. O fim da morte

Então a morte e o além [o hades], foram lançados no lago de fogo (Apocalipse 20.14)

A morte é tão certa quanto é inaceitável. E o choro dos velórios é o testemunho humano disso. Não importa quanto tempo o morto tenha vivido entre nós e qual tenha sido seu sofrimento neste mundo. Ninguém aceita o fim. Fomos criados para eternidade e somente quando a morte não mais reinar, então será a eternidade, esse último inimigo a ser vencido.

Não sabemos o que é um mundo sem morte, um mundo onde ele não faz sentir diariamente o seu poder. E ainda que não saibamos, será nesse mundo que iremos viver. E podemos dizer como John Donne, poeta e pregador inglês do século XVII:

Morte, não te orgulhes, ainda que alguns a tenham chamado

Poderosa e terrível, pois tu não o és…

…Um pequeno sono apenas e acordamos eternamente,

e não haverá mais morte, pois tu, ó morte, morrerás.

E então, a grande característica da eternidade terá lugar: Deus será tudo em todos. Não como um falso panteísmo, onde um deus é tudo e é todos. Mas em uma plena soberania bíblica onde nada no universo estará fora da harmonia com Ele. Não haverá então espaço algum para o mal, pois o mal é a ausência do bem, é a ausência do Sumo Bem. E o Sumo Bem estará eterna e totalmente presente, preenchendo todas as coisas.

 


Por Eguinaldo Hélio de Souza
Pastor, jornalista, professor de teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética, seitas,
escatologia, Israel e vida matrimonial.

 

1 A.D. SERTILLANGE. A vida intelectual. São Paulo: É realizações, 2010 p. 18.

Israel no plano de Deus – Um esboço

Israel no plano de Deus – Um esboço

 

 

 

Embora subtemas possam ser extraídos dos capítulos 9 a 11 da epístola do apóstolo Paulo aos Romanos, o tema central é Israel como nação, como etnia. Isso é bem claro desde os primeiros versículos: a dor no seu coração é pelos seus irmãos, que são seus parentes segundo a carne (v.3).

Abordar esse tema era inevitável, uma vez que o plano de salvação de Deus através da morte e ressurreição de Cristo, o surgimento da Igreja como Corpo de Cristo formado por judeus e gentios, com a tarefa de evangelização mundial, não havia sido bem compreendida pelos apóstolos até a última hora (Atos 1.6-8). Era preciso explicar a situação de Israel diante desses novos fatos.

ISRAEL EM TRÊS TEMPOS

Falando de Israel como etnia eleita para os propósitos eternos, podemos extrair desses capítulos uma linha temporal que abrange o propósito passado, o presente e o futuro.

I – Passado: a glória de Israel

A descendência física de Abraão através de Isaque recebeu alguns privilégios históricos que são aqui expostos na epístola aos Romanos:

são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém! (9.4, 5)

  1. a) Adoção de filhos
  2. b) A presença gloriosa de Deus entre eles
  3. c) As alianças
  4. d) A Lei (o decálogo e as demais leis derivadas)
  5. e) Culto aceitável
  6. f) Promessas inúmeras
  7. g) O Messias

Esses privilégios não foram frutos de merecimento, mas tão somente da vontade de Deus em escolhê-los para diversos propósitos (9.9-18).

II – Presente: endurecimento, salvação dos gentios e remanescente

No curso natural do plano de salvação, Israel, isto é, os judeus como um todo, como nação e etnia, deveria ter abraçado Jesus como o seu Messias, pois era o único povo da terra com esperança messiânica. Só eles tinham conhecimento desse fato. Todavia, não foi isso que aconteceu. Ainda que milhares de judeus tenham abraçado a mensagem do Evangelho (Atos 21.20), o restante da nação o rejeitou. Esse fato é descrito pelo apóstolo Paulo como o “endurecimento” (9.30-33; 10.18-11; 11.7-10)

Esse endurecimento, todavia, foi o caminho usado por Deus para que a salvação chegasse aos gentios, isto é, aos não judeus. Assim como o fato de José ter sido rejeitado por seus irmãos redundou em redenção para os egípcios, o fato dos judeus terem rejeitado Jesus como seu Messias, fez com que o Evangelho chegasse até nós (11.11, 12, 15)

Entretanto, esse endurecimento foi apenas parcial (11.25). Na verdade, aqui nessa porção Paulo expõe a doutrina do remanescente, isto é, judeus que são crentes verdadeiros. Mesmo nas épocas de grande apostasia, sempre houve um remanescente fiel (11.1-5) e esse remanescente fiel são os judeus salvos durante esse período da Igreja, do Pentecostes até os dias de hoje.

III – O futuro: reconciliação, plenitude e exaltação

Paulo fala abundantemente da restauração de Israel: chama essa restauração de plenitude (11.12); chama de admissão e diz que ela trará vida dentre os mortos (11.15); na parábola da oliveira ele anuncia que voltarão a ser enxertados (11.24)

E em 11.25-29 temos uma ampla revelação da futura salvação de Israel como nação, baseado na eleição divina e na aliança de Deus com os patriarcas. Esta passagem está em harmonia plena com Zacarias 12.10 e com o fato de José, ao final, ter se reconciliado com seus irmãos. (Gênesis 45)

Essa plenitude, essa readmissão de Israel se harmoniza com as promessas divinas de um Israel exaltado no Milênio futuro (Zacarias 8.23; Isaías 60.10-14)

Não entendemos tudo. Muita coisa permanece mistério (11.33-36). O que não é mistério e se torna bem claro aqui é que os dons e vocação de Deus são irrevogáveis e que Israel permanece “amado por causa dos patriarcas” (11.28,29).

 


Por Eguinaldo Hélio de Souza
Pastor, jornalista, professor de teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética, seitas,
escatologia, Israel e vida matrimonial.

Se eu acredito em Deus?

 Se eu acredito em Deus?

 

 

Recentemente fui indagado por alguns jovens que se diziam ateus sobre a minha crença em Deus, incontinente apresentei as minhas razões, pois vi em seus olhares curiosos, uma busca, ainda que inconsciente, pela verdade e um anseio por respostas às questões da alma, origem do Universo e especialmente o futuro.

Não demorou muito e a conversa enveredou pelo sofrimento humano e o porquê do Deus que seria amoroso permitir as doenças, (estamos no meio de uma pandemia) a fome e as desgraças e os infortúnios desta vida.

Carinhosamente, comecei a explicar que a pergunta não procedia, pois não caberia indagar sobre algo ou um ente “que não existe” e que permite ou não sofrimentos ou desgraças, ainda mais se este “ser inexistente” pressupõe bondade e amor, pois se o sofrimento existe, logo este ser teria que de alguma forma impedi-lo e se o faz ou deixa de fazer, logo existe, e se existe, a questão passa a ser se é justo ou bom.

A conversa foi se embrenhando por um misto de expressões de dúvidas, curiosidades e não demorou muito para que tentassem “colocar-me contra parede” e pedirem provas de sua existência, afinal de contas, para eles, a fé não poderia ser explicada e era intrínseca às experiências individuais.

Argumentei sobre a fé bíblica, descrita e definida em Hebreus 11.1 como “a certeza das coisas que se esperam e convicção de fatos que se não veem”, ressaltando que as palavras certeza e convicção remetem-nos a expressões do intelecto, da compreensão e não das sensações.

Deus não nos deixou aqui soltos com a única certeza desta vida, exatamente o seu fim, a saber, a morte, pelo contrário, veio se contrapor a esta morte, sendo Ele mesmo a vida eterna entre nós, Emanuel, Deus Conosco, nosso Salvador e rico para com todos os que em todo lugar invocarem o seu nome, atendendo a todo pecador arrependido, oferecendo-lhe vida em abundância.

Mas Ele existe? Existiu? As evidências históricas, geográficas, geológicas, filosóficas, científicas, arqueológicas, documentais, testemunhais, linguísticas, naturais e até lógicas estão à disposição da investigação sincera de qualquer mortal que existe sobre esta terra.

Como se não aceitassem tudo o que disse, perguntei àqueles jovens:

Peçam a mim, apenas uma única e última razão para eu acreditar em Deus.

Ao som de alguns risos, perguntaram:

OK, uma única e derradeira razão para você acreditar em Deus!

Entre eles, havia um rapaz judeu e sem titubear apontei para ele e disparei:

Ele! Ele é a razão porque eu creio em Deus!

Não dei tempo para mais perguntas, e antes que partissem porque pareciam querer encerrar a conversa, contei sobre Gênesis 15, Jeremias 31.31-37, fixando meu olhar naquele rapaz, disse a eles que as promessas de Deus para com Israel descritas na Bíblia são imutáveis e que O Deus Eterno prometeu que Israel é e sempre será uma nação eterna diante de si, ou seja, enquanto este Deus existir, Israel existirá, enquanto houver o sol, a lua e as estrelas e os movimentos das ondas e das marés, Deus existirá, enquanto o homem não conseguir viajar ao centro da Terra ou descobrir todo o Universo, Israel existirá.

Não houve Egito, Babilônia, Assíria, Pérsia, Grécia, Roma, Bizâncio, Inquisição, Nazismo, Stalinismo ou qualquer outro império ou sistema que tenha conseguido destruir Israel, se “Am Israel Chai” é porque o seu Deus ainda existe e sustenta a este povo nas palmas de suas mãos.

Em meio aos sorrisos daqueles jovens tão educados e palavras de despedidas, pensei comigo mesmo: “Deus existe? Sim, o povo de Israel Vive”

Shalom!

 


Por Yon M. F. da Costa
Pastor, professor, associado do Instituto Tzadik Baemunah e membro do Conselho Editorial da Editora Davar.