O Líder e o Libertador: As Semelhanças entre Moisés e o Messias

O Líder e o Libertador: As Semelhanças entre Moisés e o Messias

 

Moisés, o primeiro redentor, montou em um jumento, deu aos israelitas maná e comida, e trouxe água. Assim também deve o Messias ser visto montado em um jumento, deve trazer maná do alto, e trazer aos rios de Yehudá fluência de água” (Midrash Eclesiastes, 1) 

Este Midrash me lembra uma importante profecia a respeito do Maschiach encontrada na Torá:  

ADONAI levantará, dentre seus parentes, um profeta semelhante a mim. Prestem atenção a ele” (Devarim/Deuteronômio 18.15).  

Não é necessário investirmos tempo em detalhar a importância de Moisés para o povo de Israel, basta apenas ressaltarmos sua proeminência ao ser escolhido por ADONAI para ser o libertador de Israel do Egito, para ser o grande líder que conduziria o povo no deserto rumo a Terra Prometida, e para receber no monte Sinai a Torá do próprio D’us e transmiti-la ao povo, sendo assim chamado, com a reverente afeição de discípulos em relação ao mestre, Moshe Rabenu – “Moisés, nosso Mestre”. 

Da boca do próprio Moisés recebemos a revelação de que um outro profeta seria levantado também por ADONAI dentre o povo de Israel e que assim como Moisés este profeta deveria ser ouvido. Mas por que ele deveria ser ouvido? Porque assim como Moisés era poderoso em palavras e obras (conforme texto da Brit Hadashá – Atos 7.22) o novo profeta também seria, pois traria ensinamentos não de si mesmo, mas do Eterno, como Moisés também recebera no Sinai: 

 “Levantarei para eles um profeta semelhante a você dentre os parentes dele. Porei minhas palavras em sua boca, e ele dirá tudo o que lhe ordenar” (Deuteronômio 18.18). 

O Midrash em questão curiosamente nos traz um paralelo interessante entre Moisés, o primeiro redentor, e o Messias, o último redentor, ou seja, certas obras do segundo seriam semelhantes às do primeiro “assim também deve o Messias…”. Seria este novo profeta prometido por ADONAI o Messias de Israel? Sim, Yeshua! É importante observarmos que ADONAI deixa uma pista importante sobre este novo profeta para que quando ele chegasse pudesse ser identificado pelo povo, Ele diz no texto da Torá que ele seria “semelhante a Moisés”. 

As similaridades encontradas na vida de Moisés e na vida de Yeshua HaMashiach são impressionantes!  

Vejamos algumas:  

  • Tanto Moisés quanto Yeshua, quando meninos, foram preservados da morte decretada pelos governantes (Êxodo 1.15 – 2.10 / Mateus 2.13-15); 
  • foram rejeitados pelos seus (Êxodo 2. 11-14 / Jo 1.11);  
  • eram mansos em suas personalidades (Números 12.3/ Mateus 11.29);  
  • foram poderosos em palavras e obras (Atos 7.22 / Lucas 24.19);  
  • eram fiéis: 

“Portanto, irmãos separados por Deus, que partilham o chamado celestial, pensem com cuidado sobre Yeshua, a quem reconhecemos publicamente por emissário de Deus e Cohen gadol. Ele foi fiel a Deus, que o havia constituído, como Moshe foi fiel em toda a casa de Deus” (Hebreus 3.1-2 fazendo referência a Números 12.7).  

Entretanto, a principal semelhança entre eles destacada no texto da Torá era que ambos falariam as palavras que o Eterno lhes designasse. 

Yeshua nunca transmitiu nada ao povo de Israel que não fosse ordenado por ADONAI. Em certa ocasião ele disse: 

 “Porque não falei por iniciativa própria, mas o Pai me enviou e me deu uma ordem, isto é, o que dizer e o que falar. Sei que o seu mandamento é vida eterna. Portanto, digo simplesmente o que o Pai me mandou dizer” (João 12.49-50).  

Yeshua estava comprometido em transmitir somente as palavras e ensinamentos do Eterno e este seu testemunho está completamente em acordo com as palavras pronunciadas pelo Eterno a Moisés: 

 “Levantarei para eles um profeta semelhante a você dentre os parentes deles. Porei minhas palavras em sua boca, e ele dirá tudo o que lhe ordenar” (Deuteronômio 18.18). 

Estas palavras tinham que necessariamente ser ouvidas “...a ele ouvirás…” e, caso alguém do povo de Israel não desse crédito a este profeta, tal pessoa teria sérios problemas com o Eterno:  

“Quem não ouvir minhas palavras, que ele falará em meu nome, prestará contas de si mesmo a mim” (Deuteronômio 18.19). 

As palavras ditas por Yeshua, se ouvidas, são capazes de vivificar o coração morto; de levantar aqueles que se encontram prostrados e desfalecidos assim como fora a ação do Ruach Hakodesh (Espírito Santo) na visão de Ezequiel no vale de ossos secos (Ezequiel 37). Yeshua disse:  

“É o Espírito que dá vida; a carne em nada ajuda. As palavras que lhes disse são Espírito e vida; contudo, alguns de vocês não confiam” (João 6.63) 

Estes que “não confiam”, ou seja, não ouvem, são os que a Torá diz que prestarão contas de si mesmo ao Eterno. 

É bem verdade que Rashi (1040-1105) minimiza o peso messiânico destes versos da Torá ao afirmar que a passagem não se refere a apenas um único profeta que virá, mas de toda cadeia de profetas ao longo do Tanach dos quais Malaquias é o último.1 Contudo, uma leitura simples, porém atenta, nos mostra que o Eterno se refere a uma única e exclusiva pessoa: “Levantarei para eles um profeta…”; “…Porei minhas palavras em sua boca…; “e ele dirá tudo o que lhe ordenar”.  

Kefa (Pedro), talmid (discípulo) de Yeshua, faz menção a esta passagem da Torá ao falar para uma multidão de judeus habitantes de Jerusalém. O contexto de seu discurso aponta para Yeshua HaMashiach como o profeta semelhante a Moisés prometido pelo Eterno (At 3.22-23).  

Prestemos atenção em mais um escrito rabínico acerca do Messias e Moisés:  

“Eis que o meu servo terá êxito [Is 53:12] – este é o rei Messias. Exaltado, elevado e muito alto – mais exaltado que Abrahão […] mais elevado que Moisés […] e mais alto que os anjos ministradores […] porquanto o Messias é maior que os Patriarcas” (Yalkúlt Shimoní – Isaías 52, Rémez 476).  

É maravilhoso ler estas palavras de exaltação ao Rei Messias! Notem que ele é colocado em primazia, numa posição hierárquica acima de grandes homens da Torá e até mesmo de Moisés. Sim, o profeta semelhante, Yeshua Hamashiach, é mais elevado que Moisés! Na carta endereçada aos Judeus Messiânicos (Hebreus 3.3) encontramos esta mesma verdade espiritual:  

“Yeshua, porém, merece mais honra que Mosheh, da mesma forma que o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa”.  

O Midrash Eclesiastes segue com as identificações do Messias dizendo que ele deve ser visto montado em um jumento em alusão a profecia messiânica de Zacarias 9.9 

 “Alegre-se com todo o seu coração, filha de Tziyon! Grite, filha de Yerushalayim! Veja: seu rei vem até vocês. Ele é justo e vitorioso. Contudo, é humilde – ele está montado em um jumento, sim, em uma cria de jumento” 

Notadamente esta profecia igualmente se cumpre em Yeshua HaMashiach: 

“No dia seguinte, a grande multidão que veio para a festa ouviu que Yeshua estava a caminho de Yerushalayim. Pegaram ramos de palmeiras e saíram ao encontro dele, gritando: ‘Liberte-nos!’ ‘Bendito é o que vem em nome de ADONAI, o Rei de Yisra’el!’. Depois de encontrar um jumentinho, Yeshua montou nele, como o Tanach diz: ‘Filha de Tziyon, não tenha medo! Veja: seu rei está vindo, sentado em um jumentinho’” (João 12.12-15).  

O Midrash prossegue dizendo que assim como Moisés alimentou o povo com o maná, o Messias deve também trazer o maná do alto. Na verdade, Yeshua é o “próprio maná do alto” que veio para saciar a fome espiritual do povo de Israel. Em alusão àquele que D’us fez cair do céu para alimentar o povo no deserto, Yeshua disse: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre” (João 6.51a).

Ao analisarmos as profecias messiânicas, percebemos que muitos detalhes da vida e obra de Jesus encontram um paralelo impressionante nos escritos proféticos. Para uma compreensão mais completa dessas profecias e suas implicações, convido você a explorar nosso curso online “As Credenciais do Messias”. Nesse curso, vamos aprofundar nossa análise em cada uma das profecias, comparando-as com os eventos históricos e os ensinamentos de Jesus. Saiba mais aqui. 

Que estejamos atentos a solene voz de Yeshua Hamashiach para darmos ouvidos às suas palavras colocadas em sua boca por ADONAI. Não negligencie a sua voz, o profeta Yeshua ainda pode ser ouvido. Ele fala por meio do Tanach e da Brit Hadasha (Nova Aliança).  

Ouça-o enquanto é tempo!  

 

Por Romualdo Jr 

Você sabe por que a Salvação vem dos Judeus?

Você sabe por que a Salvação vem dos Judeus?

 

 

(Jo.4:6-26) 

Durante seu icônico diálogo com Jesus, a mulher samaritana, ao perceber que não estava diante de uma pessoa comum, mas de um profeta (v.19) que poderia pôr fim a uma importante dúvida, quis saber quem estava certo, os samaritanos ou os judeus, no que concernia à Salvação. Nesse contexto, Jesus começa explicando que a Salvação vinha dos Judeus e não dos Samaritanos (v22). 

Antes é necessário pontuar sucintamente quem eram os samaritanos e por que tanto a dúvida da mulher, como a resposta de Jesus fazem todo o sentido: 

Os samaritanos são os descendentes da miscigenação promovida após o exílio do Reino do Norte. Em II Reis 17, vemos que o rei da Assíria, transportou a população das 10 tribos do reino do Norte para a Assíria e depois, trouxe gente da Babilônia e outros lugares para povoar Samaria. O povo que foi levado, nunca retornou e o povo que foi trazido trouxe consigo, sua religião pagã que se misturou à idolatria já praticada na região criando uma religião mista. Eles criam somente na Torá (o pentateuco), não seguiam a tradição, não guardavam todas as festas e acreditam que foi no monte Geresin e não no monte Moriá onde Abrão quase ofereceu Isaque e onde Deus entregou a Lei a Moisés.  Dito isso, fica mais fácil entender por que Jesus afirma que os samaritanos adoram o que não conhecem… 

Isto posto, podemos afirmar que a Salvação vem dos judeus (v.22) porquê:  

1. O Salvador foi prometido ao povo de Israel.  

Durante todo o antigo testamento nós encontramos as profecias a respeito da vinda do Messias e em Atos 13, Paulo faz uma explanação sobre esse assunto numa sinagoga em Antioquia da Psídia. 

No verso 16, ele diz que a promessa do Evangelho fora prometida a seus irmãos, filhos de Abraão”.  Diz também no verso, 23 que “da descendência de Davi, conforme a promessa, trouxe Deus a Israel o Salvador que é Jesus”, e prossegue nos versos 32 e 33: “Nós vos anunciamos o Evangelho da promessa feita a nossos pais e como Deus a cumpriu plenamente (…) ressuscitando a Jesus”.    

Paulo, apesar de estar falando a judeus em uma sinagoga, está fora dos domínios de Israel, atestando ser Jesus o Salvador que lhes havia sido prometido por meio das promessas feitas primeiro aos patriarcas e depois ao povo por meio dos profetas. 

 

2. O Salvador era judeu 

Como vimos em Atos 13, Jesus era descendente de Davi, portanto judeu.  

Nós podemos encontrar sua árvore genealógica em Mateus e em Lucas. 

O próprio Jesus afirmou no livro de apocalipse no capítulo 5, verso 5 que é o Leão da tribo de Judá.  

Em suas últimas palavras, as últimas palavras de Jesus na Bíblia, em apocalipse 22:16, Ele diz: “Eu sou Jesus…. sou a raiz de Davi”, fazendo alusão a Isaías. Em outras palavras, Ele está dizendo: Eu sou o rebento que brotou do troco de Jessé. (Is11:1) – Jesus literalmente está dizendo EU SOU O MESSIAS JUDEU”. 

 

3. A Bíblia é um livro escrito por judeus. 

E por falar em Escrituras, podemos claramente observar que é um livro escrito essencialmente por judeus. De todos os autores, apenas Lucas é sabidamente, não judeu.  

E as Escrituras Sagradas são precisamente os textos que trazem a revelação do plano de redenção estabelecido por Deus através do Messias. 

Isso significa que tanto a revelação da promessa de Salvação, como também seu cumprimento em Cristo Jesus, foram basicamente entregues a judeus. 

Romanos 9. 4-5 diz: “São Israelitas, de quem é a adoção, a glória, as alianças, a Lei, o culto e as promessas; de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente, Amém”.  

 

4. Os primeiros mensageiros do evangelho eram judeus 

O ministério de Jesus foi exercido essencialmente dento dos limites de Israel; os 70 comissionados eram judeus; o ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura foi dito aos apóstolos, que eram judeus; Atos 1:8 foi proferido a um grupo de judeus. 

Um adendo importante: Em Atos 11:1, vemos que um grupo de crentes judeus, chamados de “os da circuncisão” ficaram sabendo que “gentios também haviam recebido a Palavra de Deus”, não entendiam como um não judeu poderia ser salvo, Pedro então narra a visão que tivera e o episódio acontecido na casa de Cornélio, concluindo nos versos 17 e 18: “que se Deus lhes deu o mesmo dom que eles haviam recebido quando creram no Senhor Jesus Cristo, quem eram eles para resistir a Deus?”. O texto diz que as coisas se apaziguaram e eles entenderam que “até aos gentios Deus deu o arrependimento para a vida”. 

Pouco tempo depois, por causa da morte de Estevão, os que foram dispersos chegaram até Antioquia da Síria, onde foi fundada a primeira igreja gentílica.  

Veja que antes desse relato, vemos Jesus, Felipe e Pedro compartilhando o evangelho a gentios, mas eram gentios que de alguma maneira já tinham contato com a fé no Deus de Israel:  A mulher, Siro-fenícia e o oficial romano, foram atrás de Jesus e ao parecer tinham algum conhecimento das profecias a respeito do Messias. Os Samaritanos, apesar de não serem judeus, têm sua história diretamente ligada a Israel desde a divisão do reino e seu posterior cativeiro. O Oficial etíope estava lendo o livro de Isaías quando Felipe o encontrou. Cornélio estava observando o rito da oração das nove quando foi surpreendido por um anjo… Parece ser que estas pessoas de alguma forma, talvez já estarem acostumados com os costumes judaicos, e aparentemente tinham algum contato prévio com as profecias e com a Lei de Moisés. Um messias judeu não era algo alheio.  

Em Antioquia da Síria, a Situação é completamente diferente: Antioquia era a terceira maior cidade Romana na época. Só perdia para Roma e Alexandria. Estamos lidando com pessoas que provavelmente sabiam muito pouco, ou mesmo nada, sobre Israel e a profecia Bíblica. E elas começam a se converter!!!  

Novamente surge um embate: “Já sabemos que os gentios crentes podem crer no Messias judeu, mas, uma vez que creem, precisam viver como judeus”? É feito o primeiro concílio da igreja (Atos 15) e chega-se à conclusão de que um não judeu, ou seja: um gentio crente não precisa guardar a lei e viver como um judeu! 

Resumindo: Os gentios não só poderiam receber a Salvação, como também não precisariam guardar a lei Mosaica. Ou seja: um gentio não precisa viver como um judeu para receber a Salvação oferecida pelo Messias. 

Vencidos estes desafios, foi desde Antioquia, uma igreja gentílica, o lugar escolhido pelo Espírito Santo para que de lá saíssem os primeiros missionários ao mundo gentílico. O Grande detalhe é: Estes missionários eram dois judeus: Paulo e Barnabé. Judeus pregando aos gentios!!! Cumprindo o que foi dito em Atos 1:8 sobre “receber poder para testemunhar tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra”. 

 

5. Os primeiros a receber a mensagem eram majoritariamente judeus. 

Como acabamos de ver, o movimento de crescimento da Igreja se deu: primeiro com judeus que estavam em Jerusalém. A Bíblia relata que após a descida do Espírito Santo, Pedro e João começaram a pregar no templo e cada dia a igreja crescia. 

Em Atos 3, durante um discurso no Templo, Pedro afirma a partir do verso 25 para os ali presentes: “vocês são filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com seus pais, dizendo a Abraão: na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra e que tendo Deus ressuscitado a Jesus, seu servo, o enviou primeiro a vocês para vos abençoar, no sentido de que cada um se aparte de suas transgressões” – Note que a benção que foi dada a Israel foi o direto ao arrependimento dos seus pecados. 

Podemos constatar que a primeira igreja foi organizada em Jerusalém e as igrejas que se formaram nos primeiros anos eram majoritariamente compostas por judeus. Antioquia veio depois e foi ratificada pela liderança da igreja de Jerusalém depois do relato de Paulo e Silas. 

As cartas de Hebreus e Thiago foram escritas para crentes judeus. 

Voltando a Atos 13, vemos Paulo pregando em uma sinagoga. Podemos observar que desde sua primeira viagem missionária, ir primeiro à sinagoga e somente depois a outras partes da cidade, se apresenta como uma estratégia. 

Esse método nos deixa claro que apesar da convicção de Paulo de que o evangelho deveria chegar aos gentios, ele deveria ser apresentado primeiro aos judeus, como ele mesmo afirma em Romanos 1:16: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação daquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”.  

Há uma lógica implícita aqui: Se o messias foi prometido ao judeu, faz todo sentindo que a notícia chegue primeiro a ele. Imagine por um instante, Paulo pregando a um grego que o messias prometido pelo Deus de Israel havia vindo ao mundo e que sua morte e ressurreição trazia vida eterna para a todos os povos. O grego se interessa no assunto e pergunta como os judeus têm recebido essa notícia. Como Paulo poderia responder a essa pergunta se não pregasse primeiro aos judeus??? 

Mas há outro detalhe importante também: Pregar primeiro nas sinagogas significava pregar não somente aos judeus, mas também aos prosélitos, que Paulo aqui descreve como tementes a Deus. Estes eram gentios, conhecedores das Escrituras e, como os judeus, aguardavam a promessa do messias. Seria muito mais fácil pregar a um gentio nessas condições. 

Até aqui nós podemos observar, pelo menos 5 razões pelas quais, Jesus disse à mulher samaritana que “a Salvação vem dos judeus”: O Salvador foi prometido a Israel, como alguém da linhagem de Davi, portanto o Salvador necessariamente seria judeu. É num livro judaico que encontramos todas as profecias para que possamos identificar o Messias prometido pois os judeus foram o povo a quem Deus confiou o registro dessa promessa e seu cumprimento. Os primeiros ouvintes dessa mensagem eram judeus e, por conseguinte, os primeiros mensageiros do evangelho também eram judeus.  

Podemos concluir que a história da Salvação em todos os seus desdobramentos se dá desde e a partir de Israel Obviamente o fato de o Messias ser um judeu oferecendo salvação a todo aquele que cresse nele, já seria uma resposta satisfatória. E, de fato, quando Jesus afirmou que a Salvação vinha dos judeus, a samaritana imediatamente lembrou do Cristo, o Messias. Poderia até haver dúvidas quanto ao local apropriado para o culto, mas não quanto ao fato de o messias que haveria de vir ser um judeu. 

A judaicidade de Jesus que inicialmente foi uma barreira ao final se mostrou motivo de grande alegria superando todas as expectativas daquela mulher. Jesus lhe mostra que a Salvação vinda dos judeus estava ali diante dela. 

Aquela mulher que possivelmente estava ali naquele horário sozinha para não se expor por conta de sua história de vida, parece esquecer esse detalhe ao sair dali anunciando aos moradores da cidade que havia encontrado o Messias!!! O encontro com Jesus transformou aquela mulher.  

Depois de dois dias ela pode ouvir, da boca de muitos daqueles que provavelmente antes a recriminavam, que a princípio creram pelo seu testemunho, mas agora criam porque eles mesmos haviam estado com Jesus e sabiam que “Ele verdadeiramente era o Salvador do mundo” (v.42).  

Aqui no Brasil, tão distante no tempo e no espaço, nós adoramos ao Deus de Israel. Assim, como a samaritana e tantos outros, nós fomos abençoados porque o evangelho chegou até nós por meio desse povo, criado por Deus, para que dele viesse o Messias. E a melhor maneira de retribuir essa benção a este povo é apresentar-lhes o seu messias judeu.

Por Suzana Rodrigues

 

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JESUS E A LEI DE DEUS

JESUS E A LEI DE DEUS

Durante o breve período em que Jesus ministrou publicamente para os judeus da Galileia, Ele disse muitas coisas que não foram fáceis de ouvir. Seus ensinamentos éticos eram difíceis de aceitar. Sua visão do Reino dos Céus era revolucionária. Mas, através de tudo isso, Sua devoção à Torah (a Lei) permaneceu firme.

Para tranquilizar os Seus ouvintes a respeito disso, Ele proferiu um pensamento muito famoso e mal-entendido.

Devemos entender que Jesus era judeu e pregava para um público judeu.

Embora Ele fosse amado por muitos, alguns de Seus seguidores judeus estavam preocupados que Ele estivesse preconizando uma espécie de antinomismo (ser contra a Lei – o Antigo Testamento).

Mas, essa nunca foi a intenção dele.

No Sermão da Montanha, Jesus assegurou aos Seus discípulos que, apesar do conteúdo revolucionário de alguns de Seus ensinamentos, Ele não tinha nenhuma intenção de “abolir a lei ou os profetas”.

Jesus disse que “de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra” (Mateus 5:18).

O texto original em Grego do Evangelho de Mateus diz “nem um iota”. A letra grega iota é derivada da letra hebraica yod. Seu nome se originou na palavra hebraica yad (יד), que significa “mão”, porque tem a forma de um dedo mindinho. Yod é um tracinho quase invisível.

O público de Jesus falava também Hebraico e teria compreendido de imediato a Sua colocação: o não desaparecer da Lei o menor yod significa que nem mesmo o menor detalhe será eliminado da Torah.

A pergunta que naturalmente surge é: Se Jesus disse que a Lei permanecerá intacta, como Ele mesmo vai instituir uma NOVA ALIANÇA em que muitos preceitos da Lei, seus aspectos cerimoniais, por exemplo, serão abolidos?

A resposta está na própria declaração de Jesus, em Mateus 5:18 (“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido”).

Primeiramente Jesus afirma a total inerrância e absoluta autoridade do Antigo Testamento.

E até a Eternidade futura (quando haverá Novos Céus e Nova Terra), todo o Antigo Testamento permanecerá com seus ensinos, princípios e descrição do Plano de Deus, que são vitais para a correta compreensão da Nova Aliança.

Contudo, quando Jesus disse que “… até que tudo se cumpra”, Ele estabelece que estava cumprindo toda a Lei (Cerimonial e Moral); e, com Sua morte e ressurreição, Ele iria cumprir a Lei Judicial, quer dizer TUDO SERIA CUMPRIDO em Seu ministério (Gálatas 3:13).

Cumprindo toda a Lei, Jesus estabelece a Nova Aliança, que é, em sua natureza, o aperfeiçoamento da Antiga Aliança, tendo nela sua base moral e o cumprimento dos seus símbolos e cerimônias (Hebreus 9 e 10)!

Talvez uma ilustração de W. Wiersbe nos ajude a entender: O que você pode fazer com uma semente? Pode destruí-la por esmagar e neutralizá-la. Ou pode plantá-la, e dela nascerá uma planta nova (de sua natureza) que produzirá frutos e cumprirá o propósito para a qual Deus a criara.

 


Pr. José Nogueira

Pastor Sênior da Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida

Fortaleza – CE

 O TEMPO DE DEUS

 O TEMPO DE DEUS

Lembre-se sempre de que o SENHOR não opera somente com respostas imediatas.

Ele pode fazer as coisas acontecerem imediatamente! Sim, Ele tem poder e autoridade para atender imediatamente à nossa súplica – Ele tem o domínio de tudo e todo o poder em Suas mãos.

Porém, em algumas situações, Ele quer fazer mais do que um milagre circunstancial. Pois, Ele quer fortalecer a nossa fé, fazer amadurecer o nosso espírito, quer também nos fazer crescer em conhecê-lo com mais intimidade, num relacionamento tão sólido que pode enfrentar tempestades, vencer dores, encarar perseguições, e permanecer em paz!

Deus prometeu a Abraão um filho – e Abraão nessa época tinha 75 anos. Porém, o SENHOR somente cumpriu a Sua promessa 25 anos depois. Foram anos de crescimento, de maturidade e de conhecimento de Deus – tão necessários para aquele que depois seria chamado de Pai da Fé e Amigo de Deus!

Nesse período de árdua demora, Abraão estava na Sala de Espera de Deus, aprendendo com suas impaciências, com seus problemas, com os perigos pelos quais teve que passar, e com todas as suas lutas, erros e acertos!

Deus estava trabalhando na vida de Abraão, forjando seu caráter e dando solidez à sua fé. Foi por isso, que, depois de 25 anos de espera, ao nascer seu filho da promessa, ele não tinha dúvida de chamá-lo Isaque, ou seja, sorriso, riso, contentamento!

Você está perseverando no SENHOR? Suas respostas podem estar parecendo demoradas, e você pode se achar fraco e pequeno?

Contudo, concentre-se no que você tem aprendido de Deus, firme-se em sua fé, e acredite que o SENHOR Deus está trabalhando em sua esperança.

Nunca esqueça: O nosso SENHOR trabalha muito bem em silêncio!

YOM RISHON SHALOM!

A Paz de Deus no Primeiro Dia da Semana!


Pr. José Nogueira

Pastor Sênior da Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida

Fortaleza – CE

SEM MEDO DE CONFIAR NO SENHOR

SEM MEDO DE CONFIAR NO SENHOR

Antes de ter um relacionamento mais íntimo com o SENHOR Deus e por estar passando por terríveis provações, Jó em profunda dor exclamou:

“Desvia a Tua mão para longe de mim, e não me espante com o Teu terror!” (Jó 13:21).

 

A visão de Jó acerca de Deus estava turbada pelo sofrimento terrível que passava.

No livro que foi um best-seller da década de 80, um autor cristão descreveu de forma bem-humorada as ideias erradas que temos acerca de Deus (“O Teu Deus é Pequeno Demais”).

Há quem tenha a impressão de que Deus é como um avô bonachão – que permite tudo e está sempre pronto para atender aos caprichos dos netinhos.

E há os que sentem Deus como as câmeras do trânsito – sempre nos espionando para nos apanhar em alguma falha e aplicar a multa ou castigo!

 

Ideias erradas de Deus nos levam ao erro, pois diminuem ou distorcem a Glória do SENHOR!

Um entendimento liberal do SENHOR (do Deus-Avô) leva o homem a perder a bênção dos mandamentos e princípios de Deus – que nos foram dados para o nosso bem, para uma vida sábia, justa e tranquila!

A concepção do Deus severo e legalista (e pronto para nos acertar no primeiro deslize) acarretará em nós um medo de Deus, um pavor do SENHOR, nos afastando dEle, perdendo a Sua intimidade e turbando o gracioso amor de Deus!

 

Assim, se não tivermos um entendimento bíblico do SER de Deus, vamos sempre concluir de forma precipitada que tudo que nos ocorre de ruim (que não consideramos ser bom) é a mão de Deus pesando sobre nós!

Pode até ser – mas merece uma análise melhor diante de Deus e de Sua Palavra.

O mal dessa apressada conclusão é que nos leva a perder de vista o grande e maravilhoso Amor de Deus, Sua sábia e boa providência, Seu sábio e gracioso plano!

 

Nunca devemos esquecer do atributo moral mais atraente de Deus para nós: Sua Misericórdia, Seu Amor imerecido, Sua maravilhosa graça!

Nas horas mais difíceis de nossa vida, amados, o que mais precisamos é confiar que o SENHOR Deus é gracioso, perdoador, restaurador, tremendamente benigno, benevolente e bondoso.

Jonas exclamou: “… pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade…” (Jonas 4:2).

 

O profeta Joel pregou ao povo de Israel, dizendo: Joel 2:13

“E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade!” (Joel 2:13).

 

Esse amor de Deus é que nos atrai para buscarmos o Seu perdão, para tranquilizar o nosso coração perante Ele, para confiar a Ele nossos temores, nEle lançar nossas dúvidas, compartilhar com Ele a nossa pequena fé, e repousar em Seus poderosos e amorosos braços:

“SENHOR, meu coração não é orgulhoso,

E meus olhos não são arrogantes.

Não me envolvo com questões grandiosas

Ou maravilhosas demais para minha compreensão.

Pelo contrário, acalmei e aquietei a alma,

Como criança desmamada que não chora mais pelo leite da mãe!

Sim, minha alma dentro de mim

É como uma criança desmamada!

Ó Israel, ponha sua esperança no SENHOR,

Agora e para sempre!”

Salmo 131

 


Pr. José Nogueira

Pastor Sênior da Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida

Fortaleza – CE

A ESTRELA DE DAVI

A ESTRELA DE DAVI

Um dos símbolos mais conhecidos de Israel é a estrela de Davi, com seis pontas e formada por dois triângulos.

 

Mas, o que tem a ver com o rei Davi?

Apesar de ser muito antigo (foram encontradas figuras desse símbolo judaico em sítios arqueológicos com milhares de anos), não há ainda evidência de seu relacionamento com o grande e mais famoso rei de Israel.

Contudo, convém saber que, em Hebraico, ela não é chamada de “Estrela de Davi” e sim Magen David דָּוִד מָגֵן, ou seja, o Escudo de David.

A Palavra ESCUDO tem uma grande importância nas Escrituras Sagradas

A palavra Hebraica para escudo, MAGEN, significa literalmente uma cobertura de proteção. Em Gênesis 15, Deus fez um pacto com Abraão dizendo: “Não tenha medo Abraão, Eu sou teu escudo (magen)!”.

Nos Salmos, encontramos o uso desta palavra feito pelo próprio Davi, repetindo várias vezes que apenas Deus é “nossa ajuda e nosso escudo” (magen), quem nos oferece segurança de verdade:

“A nossa alma espera no SENHOR; Ele é o nosso auxílio e o nosso escudo!” – Salmo 33:20.

Portanto, a “Estrela de Davi” é na verdade O ESCUDO DE DAVI, trata-se de um marcante símbolo da proteção de Deus.

E, quando confiamos verdadeiramente no SENHOR, também nós podemos afirmar nossa confiança na segurança que Ele, e somente Ele, pode nos dar.

E assim podemos dizer:

“O SENHOR é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em Quem confio; o meu ESCUDO, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio!” – Salmos 18:2.

SHABBAT SHALOM!

Um Sábado com a Paz do SENHOR!

 


Pr. José Nogueira

Pastor Sênior da Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida

Fortaleza – CE

A ESPERANÇA É O CORAÇÃO DA VIDA

 A ESPERANÇA É O CORAÇÃO DA VIDA

“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança!” – Lamentações 3:21

 

Como o profeta Jeremias, nós vivemos na ambiguidade da existência.

Há dias que somos um rio de alegrias; há outros em que somos um mar de tristeza.

Há dias em que somos cidadãos da esperança. Há dias em que somos arautos da desesperança.

Há dias em que somos campeões da fé. Há dias em que somos soldados da derrota.

Há dias em que amanhecemos com um canto de louvor nos lábios. Há dias em que somos a boca da murmuração.

Há dias de luz. Há dias de trevas.

Essa ambiguidade faz da vida uma dialética entre o sim e o não. O que é e o que não é. O que quero e o que não quero. O que posso e o que não posso. Como temos vivido essa ambiguidade! Talvez a maioria de nós esteja vivendo de modo negativo, marcado pelas perdas: perda da fé, perda da doçura de ser, perda da paciência de esperar, da alegria de crer, de confiar, de ouvir, de ver, de sonhar. Somos, assim, um poço de desesperança.

Precisamos fazer como Jeremias reagiu no meio do caos, e dizermos:

Chega… chega de pessimismo, chega de amargura, chega de desesperança!

Também precisamos trazer à memória aquilo que nos pode dar esperança.

Mas, o que ou quem nos podem devolver a esperança? Para Jeremias só há um que nos pode dar ou devolver a esperança: YHWH, o SENHOR, o Deus Eterno.

Mas Ele não é um deus qualquer. É o Deus cheio de misericórdia. “As misericórdias do SENHOR são a razão de não sermos consumidos. Porque as suas misericórdias não têm fim, elas se renovam a cada manhã”.

Sim, as misericórdias do SENHOR não envelhecem, não congelam, não apodrecem, são sempre novas. Portanto, qu quero trazer à memoria o que me pode dar real esperança.

Mas o nosso Deus não é apenas misericórdia. Ele é fiel e grande é a Sua fidelidade; se formos infiéis, Ele permanece fiel porque não pode negar-se a si mesmo. Deus não muda. Deus não volta atrás. Por mais que eu esteja deprimido, por mais que eu claudique, por mais que eu O negue, por mais que eu esteja no limiar da descrença, por mais que eu tenha feito uma curva na verdade que devia ser a minha vida, porém há um compromisso de Deus em me segurar. Posso olhar em volta e ver que tudo está caótico: a família, o trabalho, os negócios, eu mesmo, mas no meio disso tudo não perco a esperança porque o meu Deus não negocia a minha vida com ninguém. Ele casou-se comigo. É fiel, fez uma aliança, um pacto incondicional e eterno!

Preciso trazer à memória aquilo que me pode devolver a esperança. E a palavra de Deus não me deixa esquecer: Deus é fiel. Por isso não perco a esperança. Por isso eu aguardo a salvação do Senhor sem alarde, sem barulho, sem lamúria, sem murmuração, sem amaldiçoar o dia em que nasci, sem me queixar da herança que recebi. Eu aguardo a salvação do Senhor em silêncio. Porque Ele é fiel.

Outra razão para eu não perder a esperança é que o meu Deus é um Deus cheio de compaixão. Compaixão é mais que misericórdia. Até mesmo a sua ira aponta para a compaixão. Daí o conselho do teólogo reformado P. T. Forsyth: “Sejam gratos a Deus porque Ele se importa tanto com vocês que chega a ficar irado!”.

Deus não deixa ninguém triste para sempre. Deus não nos quer cabisbaixos, arrasados, encurvados, caídos. Ele não está de olhos fechados, de ouvidos tapados, de mãos encolhidas. Ele está próximo. Ele é Emanuel. É Deus conosco. Ele estende a sua mão. É o Deus da compaixão, da proximidade, do livramento, da libertação. Por isso ainda há esperança. […] Vamos trazer à memória, vamos recordar, vamos relembrar com gratidão: só e tudo aquilo que nos dê esperança, só e tudo aquilo que nos devolva a esperança, só e tudo aquilo que nos alimente a esperança. O nosso Deus é fiel. O nosso Deus é misericordioso. O nosso Deus é cheio de compaixão.

Lembremos: A memória é o coração da esperança, e a esperança é o coração da vida.

Por isso ainda há esperança!

(texto adaptado livremente do livro “Memória e Esperança”, do Pr. Abival Pires da Silveira)

 


Pr. José Nogueira

Pastor Sênior da Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida

Fortaleza – CE

Talmidei HaMashiach – Discípulos do Messias

תלמידי המשיח

Talmidei HaMashiach

Discípulos do Messias

 

 

Todos os discípulos são servos do Messias, portanto, resgatados, comprados por bom preço. Yeshua/Jesus é nosso Senhor, ou seja, nosso dono e proprietário, pertencemos a quem nos conquistou.

Ser “Servos do Messias” é muito mais do que um título bonito, pois em última análise diz respeito a paixão – morte. Morremos para nós mesmos para vivermos para o nosso Goel/Redentor (Gl.2:20).

 

Discipulado

Discipulado é o processo de compartilhamento de tudo o que temos recebido do Messias com outros irmãos, que desejam copiosamente um estado de maturidade, de comunhão íntima com Deus e de serviço eficiente na sua comunidade; é ainda, uma caminhada de discípulos maduros junto aos discípulos neófitos, com o sublime propósitos de levá-los ao crescimento do conhecimento e da prática da fé (Cl.1:28-29).

David Stern coloca nos seguintes termos a relação do discípulo e de seu mestre: “o relacionamento entre o talmid (discípulo, aluno) e o rabino (discipulador, mestre) era muito próximo; o talmid não aprendia com o rabino apenas fatos, processos de raciocínio e como realizar práticas religiosas; deveria considerá-lo exemplo a ser imitado na conduta e no caráter (v. Mt.10:14,15; Lc.6:40; Jo.13:13-15; 1Co.11:1). O rabino, por sua vez, era considerado responsável pelos talmidim-discípulos (Mt.12:2; Lc.19:39; Jo.17:12; Mt.5) (STERN, 2010, p.1588).

 

Contexto Bíblico Judaico do Discípulo

O apóstolo João estava inserido em um contexto bíblico judaico do discipulado. Para tanto, faz-se necessário compreendermos os dois vocábulos hebraicos para o termo “discípulo” usado no Tanakh (AT):

 

  1. Limud (aquele que é ensinado) derivado do verbo Lamad – aprender; ensinar. Esse vocábulo traz a ideia de treinar, bem como de educar. Isaías usou o termo “discípulos” para se referir àqueles que eram ensinados ou instruídos. Isaías 8:16 “Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”.

 

  1. Talmid (estudante, discípulo). Só uma passagem do AT emprega esta palavra. 1 Crônicas 25:8 “E deitaram sortes acerca da guarda igualmente, assim o pequeno como o grande, o mestre juntamente com o discípulo”. Na época do apóstolo João, o mestre da Lei era chamado rabino talmid, e seus alunos eram conhecidos como talmidim, isto é, aprendizes. Entretanto, num outro sentido, todo o Israel era constituído de talmidim, aprendizes da Torá (lei, instrução) de Deus. O nome do Talmud Judaico provém desta raiz (HARRIS, ARCHER, WALTKE, 1998, p.790-791). Encontramos assim o contexto de discipulado de João, o apóstolo do Messias.

 

Rabbi e Talmid

 

Rabbi, em hebraico significa literalmente “meu grande”, comumente traduzido por meu mestre, ou simplesmente mestre. Do grego ‘epistatês “supervisor, superintendente, inspetor, líder, chefe”, ou como em Lucas 5:5 “Mestre”; didaskalos, “professor”. O Rabbi é um mestre dos valores e costumes dos judeus; e como tal, tinha autoridade para julgar ou arbitrar e decidir pontos da lei e ética na vida das pessoas (Lucas 12:13-14; Êxodo 2:14). A essência do relacionamento (discipulador-discípulo) era a confiança em cada área da vida, e seu objetivo era fazer o talmid como seu mestre em conhecimento, sabedoria e comportamento ético (STERN, 2008, p.48). O resultado era  uma relação pessoal e íntima entre mestre e discípulo para uma sólida e profunda transmissão do conhecimento, de forma teórica e prática. O rabbi deveria ter a disciplina do professor, o amor do pai e o exemplo do mestre. Enquanto do talmid era esperado dedicação total ao aprendizado,  além é claro de seguir o seu mestre.

 

A Escolha do Discípulo

Na época do Senhor Jesus e seus apóstolos havia várias escolas rabínicas de formação de discípulos, como temos vários seminários teológicos hoje e as Yeshivot (“Seminários Judaicos” de estudos da Torá e do Talmud), porém duas se destacavam entre todas, as escolas dos Rabinos Hillel e Shammai.

A escola do Rabino Hillel se destacava por sua interpretação mais dinâmica e contextualizada da Torá. Uma linha mais popular e liberal de interpretação da Lei. Já a escola do Rabino Shammai era mais rigorosa na observância da Lei de Deus para Israel, mais literalista por assim dizer.

 

A Escola de Yeshua/Jesus

Geralmente há nos meios acadêmicos judaicos messiânicos e cristãos gentios uma discussão sobre qual escola o Senhor Yeshua/Jesus teria frequentado, a de Hillel, como Paulo o apóstolo (segundo alguns), ou a de Shammai.

Acredito que o Senhor Yeshua/Jesus não frequentou nem uma nem outra, embora haja algumas similaridades de seu ensino em algum aspecto com ambas as escolas existentes.

Jesus não frequentou a escola de Hillel ou a de Shammai pelo forte argumento de que ele seguiu a linha, ou “escola” dos profetas de Israel, tendo assim, total isenção da especulação humana agindo diretamente na revelação divina, como era o caso dos profetas do Senhor.

Nisto se dá a diferença da escolha dos discípulos. Na época do Senhor Yeshua/Jesus os discípulos é quem escolhiam seus mestres e suas escolas rabínicas.  No caso dos discípulos de Yeshua/Jesus, eles foram escolhidos um a um pelo próprio Mestre, após uma vigília de oração, provavelmente para esse fim (Mateus 4).

Como exemplo disso no Tanakh (AT) vemos o caso do profeta Elias com Eliseu (1 Reis 19:16,19-21).

 

Ser Discípulo

Discípulo era a palavra favorita do Messias para àqueles cuja vida estava intimamente ligada à dele. É encontrada 261 vezes nos Evangelhos e em Atos, e significa: pessoa “ensinada” ou “treinada”. O discípulo é: “um aluno, aprendiz ou seguidor”.

 

            Há uma definição para discípulo do Messias baseada no evangelho de João:

 

  1. Discípulo é alguém que está envolvido com a palavra de Deus de maneira contínua, João 8:31 “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos”.

 

 

  1. Discípulo é o que ama os outros, João 13:34-35 “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. (13:35) Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

 

  1. Discípulo é alguém que permanece diariamente em união frutífera com seu Mestre, João 15:5-8 “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”.

 

À semelhança de um recém-nascido, o novo discípulo é chamado por João de “filhinhos” com suas necessidades básicas (1Jo.2:1,12,18,28; 3:7,18; 4:4; 5:21). Vejamos quatro delas: amor, alimentação, proteção e ensino.

O apóstolo João exemplificou essas necessidades em sua vida e seus escritos dirigidos pelo Espírito Santo aos seus filhinhos na fé.

Ser discípulo do Messias implica em:

 

Amar

Há na primeira epístola de João três porções sobre o amor:

  1. a) amor versus ódio (1Jo.2:7-11);
  2. b) amor fraternal (1Jo.3:10-18) e,
  3. c) amor divino (1Jo.4:7-21).

 

Cabe destacar o imperativo de mutualidade sobre amar em 1 João:

  1. 1 João 3:11 -) “que nos amemos uns aos outros”.
  2. 1 João 4:7 -) “amemo-nos uns aos outros”.
  3. 1 João 4:11 -) “devemos amar uns aos outros”.

 

Alimentar

Alimentar através da Palavra de Deus (1 João 2:3-7) e o guardar seus mandamentos (v.5). O contato diário com a Palavra de Deus vai levar o discípulo do Messias a andar em seus passos (v.6). Por isso, o abecedário do discípulo começa com “o-be-de-cer”.

 

Proteger

  1. Proteção contra os apóstatas (1 João 2:18-19).
  2. Proteção contra os falsos profetas (1 João 4:1-6).

 

Pregar e EnsinarKerigma e Didakê

Pode-se dizer que no tempo dos apóstolos, havia duas formas de proclamação do Evangelho conhecidos pelos seguintes vocábulos gregos: kerigma e didakê. O kerigma era a pregação evangelística da mensagem de salvação, visando os de fora da comunidade do Messias (Mc.12:41; 1Co.2:4;15:14). O didakê era o ensino e a instrução para os neófitos (Mc.4:2; 12:38; Jo.7:16-17), visando a maturidade doutrinária dos discípulos.

A pregação e o discipulado além de estar unicamente baseada nas Sagradas Escrituras, devem andar de mãos dadas para que sejamos verdadeiros discípulos do Messias.

Segue de forma prática o propósito do discípulo do Messias, por meio da fala do pastor John MacArthur Jr. em seu livro: Nossa Suficiência em Cristo (Cap.7 Hedonismo Religioso), sobre o testemunho de um judeu que ouviu a pregação da Palavra de Deus em uma igreja evangélica. O qual relato aqui, com minhas palavras: “o pastor conta que um homem o procurou em seu escritório dizendo que precisava de ajuda. Havia frequentado um culto em que o pastor MacArthur pregou sobre ser “Entregue a Satanás” e que se existia alguém entregue a Satanás esse alguém era ele. Compartilhou com o pastor que tinha abandonado a esposa e que estava com uma amante, mas que não gostava dela e sim da sua esposa, que era médico e que em sua clínica praticava abortos, que se sentia culpado e precisava de ajuda, mas, para piorar ele era judeu, e portanto, não acreditava em Jesus. O pastor John MacArthur pegou a Bíblia Sagrada e deu ao médico judeu e disse que ali havia um livro chamado evangelho de João e que depois que ele lesse e descobrisse quem era Jesus era para ele voltar. O médico saiu com a Bíblia e uma semana depois voltou a se encontrar com o pastor e disse que havia descoberto quem era Jesus – o Filho de Deus. Como ele havia descoberto isso, perguntou o pastor. O médico respondeu que ninguém pode falar ou fazer o que ele fez se não for Deus (essa é a conclusão do livro de João 20:30-31), e falou ainda que  continuou lendo, e que descobriu que era um pecador através do livro de Romanos. O homem reconheceu Yeshua/Jesus como o Messias prometido a Israel e seu Goel/Redentor pessoal, fechou a clínica de aborto, deixou a amante e voltou para sua esposa.

Que sejamos discípulos do Messias Yeshua/Jesus!


Por Alexandre B. Dutra
Pastor, Bacharel em Teologia, Mestre em Letras - Estudos Judaicos (USP),
Diretor dos Amigos de Sião e Professor [convidado] do Instituto Tsadik BaEmunah
03/03/2021

 

Chamados, dirigidos e seguros no Senhor.

Chamados, dirigidos e seguros no Senhor.

 

 

Seguir um plano para a vida é algo importante e necessário. Não ter uma direção nos deixa à deriva no grande oceano que é a existência. Sem isso, não teremos uma perspectiva clara sobre para onde estamos indo, ou mesmo referências que nos dão suporte nas decisões que tomaremos, o que fatalmente nos deixará confusos e com poucas perspectivas.

A Bíblia é o Manual do amanhã, um guia para o futuro. Ela é uma fonte inesgotável de indicadores divinos. No Salmo 119.105, o salmista diz que ela é “Lâmpada para os nossos pés e luz para o para o nosso caminho”. Os princípios ensinados neste Salmo apontam que Deus nos mostra sempre o que fazer e como fazer. Além disso, as Escrituras também são uma fonte de promessas do Senhor para nosso encorajamento diário. O Espírito Santo nos aconselha sobre nossas decisões, nos auxilia em nossas ações e nos encoraja com esperança, fé e o amor (1 Coríntios 13.13).

Nem sempre me sinto forte, ou mesmo preparado o suficiente. Algumas vezes os cenários que se desdobram diante de nós não são nada animadores. Ao contrário, parecem estarrecedores. Crises pessoais, familiares, nos relacionamentos, finanças, em nosso trabalho e até mesmo no serviço a Deus sempre nos acompanharão.

Um cenário imperfeito e cheio de limitações associado ao pecador miserável que sou não é nada animador. Por vezes, tenho a sensação de que não serei capaz de cumprir minhas responsabilidades; e isso é realmente angustiante. Mas, apesar de tantos fatores negativos existe uma luz, uma perspectiva, uma esperança.

Em Gênesis 12.1-3, Deus chamou a Abraão e lhe fez promessas. Em sua primeira epístola, Pedro diz que ele nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz (1 Pedro 2.9). O apóstolo Paulo diz que o Senhor estabeleceu um supremo propósito: o de nos tornarmos à imagem e semelhança de Cristo (Romanos 8.29 e Gálatas 4.19). Em Filipenses 1.6 ainda diz que: “Estou convencido de que aquele que começou a boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.”

 

Frances Jane Crosby, uma famosa compositora cristã cega desde a infância, compôs cerca 9 mil hinos cristãos entre os quais gostaria de destacar o hino “Segurança Bendita”. Nele ela exalta nossa segurança de pertencer ao Senhor, sua herança eterna e sua inteira submissão à sua vontade (Salmos e Hinos 409 – Segurança Bendita – 1ª e 4ª estrofe):

 

Que segurança! Sou de Jesus!

Por ele agora vivo na luz!

De Deus herdeiro a mim me tornou

Pelo seu sangue, que me salvou….

 

Sempre submisso quero viver;

Sua vontade sempre fazer;

Rejubilando, a todos contar

Que meu Jesus me veio salvar.

 

Não importa o quão obscuro pareça o caminho. O Deus que te chamou em Jesus Cristo, te sustentará até o fim. Ele nos guiará por um caminho de vida, nos consolará e aconselhará. Sendo fiel em tudo o que promete, nos garante que completará sua obra em nós e nos receberá muito em breve em uma nova existência para uma vida plena e perfeita por toda a eternidade. Amém!

 

Do amigo e conservo em Jesus,

 

Ari

 


Por Arifranklin Sousa 
Pastor, docente, diretor executivo do Instituto Tzadik BaEmunah e diretor administrativo financeiro da Editora Davar.
Ari, como é chamado, é parte do time responsável pela gestão e desenvolvimento de parcerias estratégicas que dá suporte à
Diretoria do Instituto Tzadik BaEmunah e da Editora Davar.

O Verdadeiro Kipur

O Verdadeiro Kipur

 

Todo israelita é instruído, desde criança, a respeito de um dia especial do ano chamado “Yom Kipur”, ou seja, “Dia da Expiação”, ou ainda, “Dia do Perdão”, sabendo muito bem o que ele significa.

É o dia do ano em que se espera que o Eterno Deus de Israel perdoe os pecados do seu povo e, para tanto, são feitos jejuns, rezas e muitos passam quase o dia inteiro na sinagoga, esperando que o Eterno leve isso em consideração para perdão dos pecados.

Mas, apesar de tudo isso ser feito e até mais, no íntimo de muitos permanece esta dúvida: “Será que estou realmente perdoado pelo Eterno?” Pois sabemos que todos os homens são pecadores aos olhos do Kadosh (O Santo de Israel), e, portanto, estão debaixo da sentença de morte decretada por Ele: “A alma que pecar, essa morrerá” (Profeta Ezequiel 18:4 e 20). E mais, sabemos que todo homem um dia terá de enfrentar face a face o Juiz – o Deus Criador dos Céus e da Terra!

Outra pergunta surge no íntimo de alguns: Qual o critério do Eterno para perdoar pecados? Haverá um modo seguro, infalível, de se obter o Kipur de pecados para sempre, para toda a eternidade?

Se quisermos a resposta verdadeira, infalível, resposta de Deus, teremos de voltar nossa atenção para o Tanach (Antigo Testamento), pois só o Tanach é a Palavra do Deus Vivo!

 

Em Tehilim (Salmos) lemos uma afirmação impressionante:

 

“Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Eterno não atribui iniquidade, e em cujo espírito não há dolo.” (Tehilim [Salmos] 32.1 e 2).

 

Como pode ser isso? Como pode o Kadosh não atribuir pecado a alguém, ou qual o critério para que Ele perdoe o pecado de alguém? Pois lemos em Tehilim [Salmos]14.3 que:

 

“não há quem faça o bem, não há nem um sequer.”

 

E ainda:

 

“Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque.” (Kohelet [Eclesiastes] 7.20).

 

Novamente se quisermos resposta do Eterno teremos que buscá-la no Tanach, no caso, na Torah o Eterno estabelece o princípio infalível, imutável, para termos expiação (Kipur) para os nossos pecados:

 

“Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar para fazer expiação (Kipur) pelas vossas almas, porque é o sangue que fará expiação em virtude da vida.” (Vayicrá [Levítico] 17.11).

 

Temos aí alguma luz para a nossa questão! Deus diz que é o Sangue que faz Kipur pela vida. Por isso, a ordem do Eterno para que se oferecessem sacrifícios de animais no Beith Hamikdash (o Templo Sagrado de Jerusalém), e que o sangue fosse derramado sobre o altar para que houvesse Kipur, cobertura de pecados. E aí o homem, mesmo sendo pecador, podia ser reconciliado com o Kadosh (Santo) e ter Shalom (Paz) com o Eterno.

 

“Pois as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós para que vos não ouça.” (Yesha’yahu [Isaías] 59.2).

 

Vemos isso de maneira mais detalhada no próprio livro de Vayicrá [Levítico], principalmente do capítulo 4 ao 6. Vejamos alguns exemplos:

 

“Quando um príncipe pecar, e por ignorância fizer alguma de todas as coisas que o Eterno seu Deus ordenou se não fizessem, e se tornar culpado; ou se o pecado, em que ele caiu, lhe for notificado, trará por sua oferta um bode sem defeito. E porá a mão sobre a cabeça do bode, e o imolará no lugar onde se imola o holocausto, perante o Eterno: é oferta pelo pecado. Então o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta pelo pecado e o porá sobre os chifres do altar do holocausto: e todo o restante do sangue derramará à base do altar do holocausto. Toda gordura da oferta, queimá-la-á sobre o altar, como a gordura do sacrifício pacífico; assim o sacerdote fará expiação por ele no tocante ao seu pecado, e este lhe será perdoado.” (Vayicrá [Levítico] 4.22 a 26).

 

E ainda:

 

“Se qualquer pessoa do povo da terra pecar por ignorância, por fazer alguma das coisas que o Eterno ordenou se não fizessem, e se tornar culpado; ou se o pecado, em que ela caiu, lhe for notificado, trará por sua oferta uma cabra sem defeito, pelo pecado que cometeu. E porá a mão sobre a cabeça da oferta pelo pecado, e a imolará no lugar do holocausto. Então o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta, e porá sobre os chifres do altar do holocausto: e todo o restante do sangue derramará à base do altar. Tirará toda gordura, como se tira a gordura do sacrifício pacífico; o sacerdote a queimará sobre o altar como aroma agradável ao Eterno; e o sacerdote fará expiação pela pessoa e lhe será perdoado.” (Vayicrá [Levítico] 4.27 a 31).

 

Portanto, para o Eterno perdoar pecados, era necessário que a Sua Justiça fosse satisfeita com Juízo sobre o infrator da lei, ou seja, o pecador. Mas Ele na Sua Misericórdia proporcionava um substituto para receber sobre si o castigo que o pecador merecia, ou seja, a morte.

O animal inocente (cordeiro, novilho, cabra ou carneiro) morria no lugar do homem pecador e o seu sangue derramado sobre o altar, perante o Eterno, cobria o pecado daquele que havia transgredido os mandamentos. E assim o Eterno lhe perdoava os pecados.

É importante lembrar que esses sacrifícios só poderiam ser feitos em um lugar: a princípio no Tabernáculo e posteriormente no Templo em Jerusalém, o lugar escolhido pelo Eterno para ali pôr o Seu Nome.

 

Vemos isso registrado em Devarim [Deuteronômio] capítulo 12.5 e 6:

 

“Buscareis o lugar que o Eterno vosso Deus escolher de todas as vossas tribos, para ali pôr o Seu Nome, e Sua habitação; e para lá ireis. A esse lugar fareis chegar os vossos holocaustos, os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, a oferta das vossas mãos, e as ofertas votivas, e as ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas.”

 

E mais, em Vayicrá [Levítico] 17.3 a 9, o Eterno declara que qualquer sacrifício ou holocausto que os filhos de Israel fizessem e não trouxessem à porta da tenda da congregação diante do Eterno no Seu tabernáculo, seria sacrifício a demônios e não a DEUS.

 

Tal pessoa seria culpada e eliminada do seu povo (Vayicrá [Levítico] 17.3 a 9):

 

“Qualquer homem da casa de Israel que imolar boi, ou cordeiro, ou cabra, no arraial ou fora dele, e os não trouxer à porta da tenda da congregação, como oferta ao Eterno diante do Seu tabernáculo, a tal homem será imputada a culpa do sangue: derramou sangue; pelo que esse homem será eliminado do seu povo (…) Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios com os quais se prostituem: isso lhes será por Estatuto Perpétuo nas suas gerações.” (Versos 3, 4 e 7).

 

Mas sabemos que hoje não há mais templo, não há mais sacrifícios, não há mais altar para os filhos de Israel levarem o sangue das suas ofertas pelo pecado e todas as outras ofertas…

Desde o ano 70 da era comum[1] o Beit Hamikdash foi destruído por Tito, General Romano, e de lá para cá não foi reconstruído. O Deus de Israel teria deixado seu povo sem Kipur? Sem possibilidade de expiação para os pecados? Ou teria mudado Seu critério com relação ao Kipur?

Antes de tratarmos dessa questão, há um outro ponto que é necessário ser esclarecido – um princípio de justiça, da santidade do Eterno, do Kadosh, revelado na Torá:

 

“…olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe…” (Shemot [Êxodo] 21.24 e 25).

 

Ou seja, o princípio do “igual por igual” ou, ainda, “vida por vida”, ou “alma por alma” (Shemot [Êxodo] 21.23 e Vayicrá [Levítico] 24.18).

 

Quando um homem pecasse deveria oferecer um animal como seu substituto, para morrer no seu lugar, pelo seu pecado. Vemos que não está perfeitamente satisfeito o princípio da justiça do Eterno que exige “igual por igual”, nem a Sua ordem que estabelece “vida por vida”! Um animal não é igual a um homem! Não se pode equiparar o valor da vida de um animal à vida de um homem aos olhos do Eterno!

Por isso, era necessário que aqueles sacrifícios fossem repetidos continuamente, ano após ano, porque eles nunca, jamais, poderiam tornar perfeitos os ofertantes, nem o sangue de novilhos e bodes podia remover definitivamente os pecados! (Apenas cobriam provisoriamente os pecados, até que viesse o Sacrifício Perfeito).

Para morrer pelo pecado do homem era necessário outro homem! Só assim estaria perfeitamente satisfeito o princípio de justiça do Eterno que exige vida por vida, igual por igual!

Mas onde achar um homem que não fosse pecador para morrer pelos pecadores? Onde achar um justo para dar sua vida em lugar dos injustos?

 

Os animais sacrificados ao Eterno deveriam ser sem defeito:

 

“Não sacrificarás ao Eterno teu Deus boi ou gado miúdo em que haja defeito ou alguma coisa má, pois é abominação ao Eterno teu Deus” (Devarim [Deuteronômio] 17.1). E ainda: “…porém todo que tiver defeito a esse não oferecereis, porque não será aceito a vosso favor” (Vayicrá [Levítico] 22.20). E mais: “…o cordeiro será sem defeito…” (Shemot [Êxodo] 12.5).

 

Assim sendo, só um homem sem pecado, tipificado pelo cordeiro sem defeito, poderia dar a sua vida como oferta pelo pecado. Mas onde achar esse homem, uma vez que o Eterno nos declara que:

 

“Não há quem faça o bem, não há nem um sequer”? (Tehilim [Salmos] 14.3).

 

Não havia na raça humana um que fosse justo, fizesse o bem e não pecasse! Assim sendo, o Eterno anunciou no Tanach que Ele enviaria o Seu Messias, O Ungido, para expiar de forma definitiva o pecado!

 

Ele, o Messias, é chamado Deus em Tehilim [Salmos] 45.6 e 7:

 

“O teu trono ó Deus é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso Deus o teu Deus te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.”

 

Ele, o Messias, é chamado Filho do Eterno em Tehilim [Salmos] 2:

 

“Os reis da terra conspiram contra o Eterno e contra o Seu Messias (Ungido)… Eu porém constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do Eterno: Ele me disse: Tu és meu Filho eu hoje te gerei.” E ainda: “…Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho…” (versos 2, 6, 7 e 12).

 

Também em Mishlei Shlomo [Provérbios de Salomão] 30.4 podemos ler:

 

“Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas na sua roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o Seu Nome e qual é o Nome do Seu Filho, se é que o sabes?”.

 

O Messias, sendo Deus, se faria homem, e, como homem, viria habitar no meio do Seu povo!

 

É o que podemos ler em Yesha’yahu [Isaías] 9.6:

 

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, o governo estará sobre os Seus ombros, e o Seu nome será: Maravilhoso Conselheiro Deus Forte Pai da Eternidade Príncipe da Paz.”

 

Como homem nasceria de modo maravilhoso, sobrenatural:

 

“Portanto o Eterno mesmo vos dará sinal: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel” (Yesha’yahu [Isaías] 7.14).

 

Em hebraico “Imanuel”, que significa “Deus conosco”!

 

No livro do Profeta Miquéias podemos ver a cidade onde ELE, como homem, nasceria:

 

“E tu Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, cujas origens são desde os dias antigos, desde os dias da eternidade.” (Mikhah [Miquéias] 5.2).

 

Como homem, Ele nasceria em Belém, mas, como Deus, suas origens são desde a eternidade…

E finalmente, no livro de Daniel lemos o seguinte acerca dele:

 

“Depois das sessenta e duas semanas será morto o Messias (Ungido) e já não estará…” (Dani’el [Daniel] 9.26).

 

Se o Messias é Deus, como pode ser morto?! Ou, para que seria Ele morto?

O Messias reinará, de Jerusalém, sobre toda a terra, pois é o legítimo Rei de Israel, o descendente de Davi conforme as profecias. Mas as Escrituras registram que primeiro Ele teria que vir para resolver o problema principal do homem: O Pecado! É o pecado que separa o homem de D’us. É o pecado que faz com que o homem morra e, morto, permaneça eternamente separado do Eterno que é Vida e que é Santidade.

Portanto, era necessário que alguém fizesse Kipur por nós, ou que fosse nosso Kipur, de modo perfeito e definitivo. O Messias, sendo Deus, se fez homem, para como homem, santo, perfeito, sem pecado, dar a Sua vida, a Sua alma, como oferta pelo pecado, derramando o Seu próprio sangue para fazer Kipur!

 

Podemos ler isso no capítulo 53 do Profeta Yesha’yahu [Isaías]:

 

“Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Eterno? Porque foi subindo como um renovo perante Ele, e como raiz duma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.

Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado e dele não fizemos caso. Certamente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si; e nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.

Mas Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Eterno fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.

Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a Sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a Sua boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de Sua linhagem quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi ferido.

Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na Sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em Sua boca. Todavia ao Eterno agradou moê-lo, fazendo-o enfermar, quando der ele sua alma como oferta pelo pecado verá a sua posteridade e prolongará os seus dias, e a vontade do Eterno prosperará nas Suas mãos.

Ele verá o fruto do penoso trabalho da sua alma e ficará satisfeito, o meu servo, o justo, com o seu conhecimento justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso eu lhe darei muitos como Sua parte e com os poderosos repartirá o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte, foi contado com os transgressores, contudo levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu”.

 

Portanto, o Messias teria de vir para ser moído por causa dos nossos pecados! E porque Ele assumiu levar sobre Si a maldição do pecado, Ele teve de morrer, pois: “A alma que pecar, essa morrerá.” (Yechezke’el [Ezequiel] 8.4 e 20). E mais, teve de ser pendurado num madeiro, pois na lei está escrito:

 

“Porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus.” (Devarim [Deuteronômio] 21.22 e 23).

 

Mas era a nossa maldição que Ele estava levando sobre Si! Ele, o cordeiro sem defeito, deu Sua vida em favor dos pecadores, derramando Seu sangue, para que estes pudessem ser justificados, ou seja, declarados justos pelo Eterno.

 

Como está escrito:

 

“Bem-aventurado o homem a quem o Eterno jamais imputará pecado” (Tehilim [Salmos] 32.2).

 

Pois o Messias morreu, uma única vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus!

Se Ele fosse apenas um homem, seu sacrifício seria válido apenas para outro homem (alma por alma). Mas sendo o Messias Deus, Ele deu Sua vida em favor de todos os homens, porém apenas no lugar daqueles que, pela fé, o aceitarem como a sua oferta pelo pecado. Como está escrito: “…contudo levou sobre Si o pecado de muitos…” e ainda: “…eu lhe darei muitos como a Sua parte…”

Há necessidade de uma aceitação pessoal do Messias e do Seu sacrifício para ter Kipur de pecados.

 

Como está escrito: “Beijai o Filho (do Eterno)[2] para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele (no Messias)[3] se refugiam” (Tehilim [Salmos] 2.12).

 

Porém o Messias não poderia permanecer morto. Ele ressuscitou, cumprindo as Escrituras (Yesha’yahu [Isaías] 53.10 e 11). Pois Ele mesmo não tinha pecado, não podendo, portanto, ser retido pela morte.

 

A seu respeito está escrito: “Pois não deixarás a minha alma na morte [Sh’ol], nem permitirás que o teu santo veja corrupção.” (Tehilim [Salmos] 16.10).

 

E porque os nossos pecados nos separam do Eterno que é vida, só o Messias pode dar Vida Eterna, a todos os que aceitam o Seu sacrifício como único modo de ter Kipur, e o invocam como sua salvação (Yeshua – em hebraico).

Finalizando, retomemos a questão de não haver mais templo nem sacrifícios atualmente. O livro de Dani’el [Daniel] no capítulo 9 nos dá uma informação precisa de quando viria o Messias. Viria no período compreendido entre a reconstrução de Jerusalém e do templo na época de ‘Ezrah [Esdras] e Nechemyah [Neemias], e sua posterior destruição no ano 70 da era comum (Dani’el [Daniel] 9.25). No verso 26 lemos uma declaração surpreendente:

 

“…depois de sessenta e duas semanas será morto (cortado) o Messias e já não estará e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário…”

 

Ou seja, o Messias viria, morreria, ou antes, daria Sua alma como oferta pelo pecado (Yesha’yahu [Isaías] -53.10), ressuscitaria e já não estaria mais aqui na terra entre os homens, mas no céu, à direita do Todo-Poderoso, como está escrito: “Disse o Eterno ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.” (Tehilim [Salmos] – 110.1). Depois disso o Eterno permitiria que o Beit Hamikdash fosse destruído, pois já não haveria mais necessidade de sacrifícios, uma vez que o verdadeiro e definitivo sacrifício pelos pecados já teria sido feito, o único que garante Kipur para sempre!

Os sacrifícios de animais que se ofereciam no templo segundo a lei eram apenas sombra do real. O Messias com um único sacrifício, uma vez por todas, e com o seu próprio sangue garante Kipur e Vida Eterna a todo que nele crer!

O Messias é Yeshua [Salvação], Ele é o Goel [Redentor], Ele é o Verdadeiro Kipur preparado pelo Eterno!

 

“Eis que Deus é o meu Yeshua [Salvação]; confiarei e não temerei, porque o Eterno Deus é a minha força e o meu cântico; Ele se tornou o meu Yeshua [Salvação].” (Yesha’yahu [Isaías] 12:2).

 

Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande Salvação?

[1] Medida de tempo judaica alterativo a d.C. (depois de Cristo).

[2] Acréscimo do autor

[3] Acréscimo do autor